VIOLÊNCIA ENTRE ESCOLARES ADOLESCENTES
Rosilâine Keffer Delfino – Enfermeira
e Pesquisadora do Observatório de Violência-Obsvi/Unir
Maria Inês Ferreira de Miranda – Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Rondônia-UNIR e Coordenadora do Observatório de Violência-Obsvi/Unir
Marcuce Antônio Miranda dos Santos – Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Rondônia-Unir e Ministério da Saúde-MS
Pedro Di Tárique Barreto - Departamento de Matemática da Universidade Federal de Rondônia-Unir
Kathie Njaine – Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz e Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli
Introdução: A violência é conceituada
como uma violação da ordem e das regras da vida
Palavras-chave: Adolescente,
violência, escola, bullying.
Bibliografia:
- ABRAMOVAY, M.; RUA, M.G. Violência nas escolas. Brasília. Unesco, 2002.
PREVENÇÃO DA
VIOLÊNCIA NAS RELAÇÕES DE INTIMIDADE CONCEPÇÕES DAS/OS EDUCADORES PELOS PARES
Mariana Marques Vicente – Enfermeira no Hospital Infante D. Pedro, Aveiro
Gina Maria de Pinho Jesus – Enfermeira no Hospital Distrital de Águeda
Maria Neto da Cruz Leitão – Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Introdução e justificação: A violência nas relações de intimidade é um fenómeno global, estando identificada como uma prioridade no mundo. É considerada um grave atentado, aos direitos humanos das mulheres, à sua dignidade e à sua integridade física,
psicológica e sexual. Existe um crescente consenso internacional em incluir os jovens na prevenção da violência de género, especificamente a exercida por parceiros íntimos, pelas especificidades inerentes à sua fase de desenvolvimento, sendo reconhecidos como elementos chave para promoção da saúde (UNICEF, 2002; UNFPA, 2005). Apresenta-se uma investigação sobre o projecto (O)Usar & Ser Laço Branco, que procura sensibilizar e educar jovens através dos seus pares, para prevenirem e combaterem a violência sobre as mulheres, especialmente no contexto das relações de intimidade, a começar no namoro.
Objectivos: Conhecer as percepções que as/os participantes têm sobre violência nas relações de intimidade; conhecer as percepções das/os participantes acerca do impacto da participação no projecto, na prevenção/ resolução da violência nas relações de intimidade, em contextos formais e informais; conhecer as limitações/ dificuldades identificadas pelos participantes enquanto educadores pelos pares.
Metodologia: Utilizou-se uma metodologia qualitativa, com abordagem interpretativa. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas a seis Educadores de Pares do projecto – 3 rapazes e 3 raparigas - no ano 2009 e procedeu-se à análise de conteúdo segundo Vala (1986)
Resultados: Verificou-se uma grande convergência dos resultados entre as/os diferentes participantes, verificando-se que possuíam conhecimentos consistentes sobre o fenómeno – causas, consequências, manifestações e prevalência - e uma rejeição de todas as formas de violência. Pela receptividade e experiências vividas em contextos formais e informais as/os participantes acreditam que as suas intervenções são eficazes para a prevenção da violência e salientam um efeito significativo nas suas próprias relações de intimidade e no desenvolvimento de competências pessoais. Todas/os participantes referiram uma forte identificação com o projecto, considerando o “pouco tempo” como a sua grande limitação.
Conclusões: A educação pelos pares rompe com as estratégias de prevenção tradicionais e parece ser bem sucedida ao proporcionar mudanças nos conhecimentos, atitudes e comportamentos dos educadores e dos seus pares através de acções transversais em diferentes contextos de intersubjectividades. É possível que uma das explicações desse sucesso seja mais favorável a uma educação emancipadora do próprio jovem educador, não só devido à maior tendência e à não imposição de modelos, mas também pela simetria entre educador e educando e pela proximidade e partilha de valores, experiencias e problemas.
Bibliografia:
- Dias, SF (2006). Educação pelos pares: uma estratégia na promoção da saúde. Lisboa: Instituto de Higiene e Medicina tropical, Universidade Nova de Lisboa.
- ESEnfC (2008). Projecto
(O)Usar & Ser Laço Branco. Coimbra:
ESEnfC.
- Turner G & Shepherd J (1999). A method
in search of a theory: peer education and health promotion. Health Education
Research, 14(2), 235-247.
- United Nations (2005). Standards for Peer Education Programmes. Y-PEER – United Nations Population Fund and Youth Peer Education Network. USA. ISBN No. 0-89714-767-7.
- Vala, J (1986). A análise de conteúdo. In: SILVA, Augusto S; PINTO, José M. – Metodologia das Ciências Sociais. 8ª Edição. Porto: Edições Afrontamento. Biblioteca das Ciências do Homem.
- UNFPA. (2005). A situação
da população mundial
- UNICEF. (2002). Adolescence: A Time That Matters.
BULLYING NOS ALUNOS
DO 2º CICLO DO ENSINO BÁSICO
Amadeu Matos Gonçalves; Carla Maria Viegas Melo Cruz; Lídia do Rosário Cabral - Escola Superior de Saúde de Viseu
Introdução e justificação: O fenómeno do Bullying entendido como a agressão entre pares de forma continuada e intencional não é novo nas escolas portuguesas. Com a divulgação mediática de casos de violência em contexto escolar, tem-se verificado uma preocupação crescente relativamente ao Bullying. Embora sempre tenha existido, assumiu nos últimos anos maior visibilidade e relevância social, pelo que tem sido motivo de preocupação e interesse para os próprios alunos, pais, profissionais da educação e da saúde.
Objectivos: Conhecer a opinião dos alunos do 2º Ciclo do Ensino Básico sobre o Bullying; Identificar a existência de Bullying nos alunos do 2º Ciclo do Ensino Básico; Determinar a influência das variáveis sócio-demográficas e académicas sobre o Bullying nos alunos do 2º ciclo do ensino básico.
Metodologia: Estudo quantitativo, descritivo-correlacional e transversal. Amostra de 250 alunos do 2º Ciclo do Ensino Básico. Para a colheita dos dados foi utilizado o Questionário: Bullying/agressividade entre alunos na escola, de Dan Olweus (1989) adaptado para a população portuguesa por PEREIRA (2000). Tratamento dos dados com recurso ao SPSS (versão 15.0).
Resultados: Cerca de 15,6% dos alunos estiveram envolvidos em práticas de Bullying, seja como agressor ou vitima; existe uma maior incidência de Bullying nos alunos de sexo masculino (20,9%) comparativamente aos do sexo feminino (9,9%); verifica-se uma propensão para práticas de Bullying em alunos cujos pais se encontram separados; os alunos que já sofreram reprovações e se encontram na faixa etária 13-14 anos são os que apresentam maior incidência de Bullying; o agressor é maioritariamente do sexo masculino, actuando quer de forma individual (48,9%), quer em grupo (28,9%); o tipo de agressão mais referida é a directa verbal (50,0%), sendo os motivos mais comuns o aspecto físico - obesidade e magreza (22,2%) e o ser participativo nas aulas (20,0%); o recreio é o local mais referido para a prática de Bullying (70,0%); a maioria dos alunos denuncia a agressão aos pais (53,3%), e 41,1% denuncia-a aos professores.
Conclusões: Os resultados do estudo evidenciam a existência de Bullying em contexto escolar. A idade, o género e existência de reprovações podem ser indicadores para a prática de Bullying. Se a escola é um meio propício à ocorrência do Bullying, então também será na escola e comunidade escolar que devemos centrar as intervenções anti-bullying.
Bibliografia:
- ALMEIDA, A., CORREIA, I., ESTEVES, C., GOMES, S., GARCIA, D & MARINHO, S.Espaços virtuais para maus tratos reais: as práticas de cyberbullying numa amostra de adolescentes portugueses.
- Astor, R. A., Debardieux, E. e Neto, C. (editores). IV Conferência Mundial. Violência na Escola e Políticas Públicas. Cruz Quebrada: FMH, 2008.
- ALMEIDA, A. M. T. – As relações entre pares em idade escolar. Colecções infantis. Centro de estudos da criança. Braga: Universidade do Minho, 2000.
- ALMEIDA, A. M. T. ; PEREIRA, B. ; VALENTE, L. – Bullying: Análise preliminar das situações de agressão no ensino Básico. Braga: Universidade do Minho, 1994.
- AMALIA, R. M., NETO, C., ANGULO, C. A. Corpo em movimento: outras formas de distinguir luta a sério de luta a brincar nos jogos do recreio.
- Pereira, B. O., Carvalho, G. S..Actividade física, saúde e lazer: modelo de análise eintervenção (coord.). Lisboa e Porto: Lidel, 2008.
- ANTUNES, D. C. & ZUIN, A. A. S. “ Do bullying ao preconceito: os desafios da bárbarie à educação”. Revista Psicologia e Sociedade, 20 (1), 33-42, 2008.
- CANDAU, Vera Maria , LUCINDA, Maria da Consolação, NASCIMENTO, Maria das Graças. Escola e violência. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
- CEREZO, R. F. Condutas agressivas na idade escolar. Lisboa: McGraw-Hill, 2001.
- COSTA, M., VALE, D. A violência nas escolas. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1998.
O ENTENDIMENTO DOS GESTORES SOBRE A VIOLÊNCIA
QUE ACOMETE O AMBIENTE ESCOLAR
Jose Eduardo Costa de Oliveira - Profissional
de Educação Física, Doutor
Maria das Graças Carvalho Ferriani - Profissional de Enfermagem, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – USP.
Tendo como objetivo conhecer e analisar como os gestores das escolas públicas percebem as mais diversas manifestações e intensidades dos comportamentos violentos no ambiente escolar (Abramovay, Lima e Varella, 2002). Foram entrevistados, durante o ano letivo de 2009, nove gestores, sendo que, todos representantes de unidades de ensino localizadas na região norte do município de Ribeirão Preto, SP, Brasil. Escolas estas jurisdicionadas a Rede Pública e Municipal de Educação do referido município, sendo que, para tanto, recorremos à abordagem qualitativa de Minayo, Deslandes e Gomes (2007), e, visando potencializar nossas chances de alcançar os resultados esperados, alguns procedimentos foram utilizados, como por exemplo: a documentação direta (entrevista formal), sendo que, as questões da mesma foram elaboradas de forma semi-estruturada, previamente agendadas com os atores sociais, onde posteriormente foram gravadas e transcritas e compostas por um conjunto de perguntas destinadas a conhecer e analisar, como a escola, através de seus gestores, entende e percebe a violência que acomete o ambiente escolar. Após a analise dos resultados, balizados por Bardin (1977), constatamos que as dificuldades dos gestores em reconhecer, e, portanto, entender as diversas formas que a violência se manifesta no ambiente escolar contemporâneo, origina obstáculos que parecem se interpor nos processos de enfrentamento desta questão no cotidiano das escolas brasileiras, principalmente no setor público da educação, frutos de possíveis dificuldades, como: obstáculos institucionais, ou seja, a violência dentro da escola, e, obstáculos sociais: atitudes, opiniões coletivas e ações governamentais, perpassando pela capacitação dos próprios agentes envolvidos, direta e indiretamente nos processos de minimização da violência, dentro e fora do ambiente escolar. Pois, hoje nos parece que a temática da violência no espaço escolar incide nas escolas públicas e privadas, e vai do ensino fundamental até a pós-graduação, assim como, este fenômeno independe de classe social, dificultando o processo ensino-aprendizagem, e, corrobora para que esses comportamentos inadequados se enraízem na cultura e no ambiente escolar.
Palavras-chave: violência, gestores, entendimento; percepção.
A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, NA MINIMIZAÇÃO
DA INDISCIPLINA E DA VIOLÊNCIA ESCOLAR
Jose Eduardo Costa de Oliveira - Profissional
de Educação Física, Doutor
Maria das Graças Carvalho Ferriani - Profissional de Enfermagem, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – USP.
Com o objetivo de refletir sobre os fatores relacionados à indisciplina e a violência escolar e caracterizar o aluno com esses comportamentos inadequados, em 2008, foram entrevistados 50 alunos de uma escola pública da periferia da cidade de Ribeirão Preto, SP, Brasil (Abramovay, 2003). Visando potencializar as chances de alcançar os objetivos propostos, a investigação, um estudo exploratório, recorreu à entrevista semi-estruturada visando traçar o perfil psicossocial destes discentes, bem como conhecer suas origens, conceitos e encontrar as gêneses destes fenômenos comportamentais (André e Lüdke, 1995). As questões das entrevistas eram abertas e tratavam de aspectos econômicos, sociais e familiares, tais como: moradia; etnia; estrutura familiar; antecedentes criminais dos alunos e familiares; nível de escolaridade dos familiares; índice de desemprego dos familiares; tipos de ocupação dos familiares; índice de reprovação escolar; o local preferido dos alunos quando não estão na escola; na escola, do que mais gostam e do que menos gostam; a relação dos alunos com seus familiares; expectativas acerca de seus futuros profissionais; a gravidez prematura nas adolescentes e o uso de drogas. Para a análise dos dados foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, modalidade de análise temática (Bardin, 1977). Os resultados evidenciaram que a maioria dos sujeitos residia em bairros de classe baixa, com pais de pouca escolaridade, desempregados e alguns com antecedentes criminais. Grande parte deles não trabalhava e já havia passado por instituições correcionais. Com relação à escola, o índice de reprovações por ausências às aulas era elevado. Esses alunos afirmaram serem a merenda e as aulas de Educação Física os maiores atrativos da escola. Desta forma, acredita-se que a referida disciplina possa ser uma importante ferramenta na minimização destes comportamentos inadequados, e, partindo desta constatação, foram aplicados três projetos de intervenção pedagógica, com o objetivo de integrar os alunos e construir hábitos saudáveis de saúde, higiene e valores, como: respeito mútuo, responsabilidade e cooperação, que ilustraram alternativas para se lidar com a questão da indisciplina e da violência escolar, ressaltando que resultados positivos foram alcançados através da integração dos discentes à escola, delegando-lhes responsabilidades e favorecendo o comprometimento destes com o grupo. Uma melhor compreensão da realidade dos alunos possibilitou uma melhor interação professor-aluno e a elaboração de uma proposta pedagógica mais adequada às necessidades dos discentes. Mais importante que combater, é propiciar situações para que educadores e demais agentes escolares possam prevenir estes comportamentos e viabilizar o processo ensino-aprendizagem.
Palavras-chaves: violência escolar; construção de valores; educação física; indisciplina escolar.
BULLYING NO
CONTEXTO DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
António Fernando Saldanha Portelada - Escola Secundária com 3º Ciclo de Tondela; Educação Especial; Professor de Educação Especial
Introdução e justificação: A nível conceptual, o Bullying ou agressão entre pares a nível escolar é caracterizado por um padrão repetitivo ou crónico de um comportamento lesivo com o objectivo de gerar ou manter um desequilíbrio de poder, sendo deste modo, constituído por uma dinâmica de poder desigual na qual, um pretende controlar o outro (Haber e Glatzer, 2009). As crianças com necessidades educativas especiais apresentam-se mais vulneráveis a este tipo de agressão. Este facto poderá ser justificado, na medida em que estas poderão apresentar um aspecto visual e uma maneira de agir e falar diferente em relação às outras crianças, bem como, pela existência de vários factores que condicionam a forma como elas reagem a uma situação, ou como a percepcionam. A Síndrome de Asperger ou outras perturbações do espectro autista, dificuldades de aprendizagem, deficiências físicas e atrasos de desenvolvimento são exemplos de “alvos fáceis” para os agressores.
Objectivos: Avaliar a presença de Bullying nas crianças com necessidades educativas especiais; descobrir quais as condutas de Bullying mais sofridas pelas vítimas; analisar e debater estratégias de intervenção face ao Bullying.
Metodologia: O estudo desenvolvido será quantitativo, de carácter correlacional e de natureza transversal. Como método de colheita de dados será utilizado um questionário preenchido pelos alunos do 3ºciclo e secundário de uma escola do centro do país com necessidades educativas especiais. O mesmo instrumento de colheita de dados será constituído por um questionário sócio-demográfico e subsequente por questões que visam avaliar o Bullying a nível escolar na mesma população.
Resultados: O presente estudo que ainda está a ser desenvolvido, permitiu-me perceber que apesar de toda a complexidade que envolve o Bullying é possível diminuir e prevenir este tipo de violência. Um dos passos a ter em consideração passa pela actuação do professor em parceria com a família. A nível da escola e da sala de aula, é necessária uma atitude mais activa na prevenção destes tipos de agressões, através de uma avaliação deste fenómeno, bem como de outros aspectos, tais como a sua intensidade, frequência e condutas sofridas.
Conclusões: Através do presente estudo obter-se-á um melhor conhecimento da temática em questão, o que poderá levar a uma melhor compreensão da situação difícil vivenciada pelas vítimas e ao préstimo de apoio mais adequado. O professor enquanto ser preocupado com o desenvolvimento harmonioso dos seus alunos, deve actuar a nível da prevenção primária, ou seja de modo a evitar esta problemática. Por último, a nível secundário deverá ajudar a criança vítima de forma a evitar consequências mais graves.
Bibliografia:
- Debarbieux, É. (2007). Violência na Escola. Um Desafio Mundial?. Instituto Piaget
Haber, J.; Glatzer, J. (2009). Bullying. Manual anti-agressão. Proteja o seu filho de provocações, abusos e insultos. Alfragide: Casa Das Letras.
- Hirigoyen, M. (1999). Assédio Coação e Violência no Quotidiano. Lisboa: Editora Pergaminho.
- João, A. (2008). Bullying:
Comportamento Agressivo Entre Pares a Nível Escolar. International Journal of Developmental
and Educational Psychology, nº1, p.133-140.
Olweus, D. (2000) Bullying at School.
- Pereira, B. (2002). Para uma escola sem violência: Fundação Calouste Gulbenkian.