PREVALÊNCIA DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ENTRE AS MULHERES ATENDIDAS EM UMA MATERNIDADE DE BAIXO RISCO

Ana Márcia Spanó Nakano - Enfermeira. Professora Associada Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo

nakano@eerp.usp.br

Daniela Taysa Rodrigues-Pimentel - Enfermeira. Mestre pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo

 

Introdução: A violência contra a mulher tem se revelado uma importante questão de saúde pública1 e está presente até mesmo no período da vida da mulher em que seu bem estar deveria ser especialmente almejado: a gestação.

Objectivo: Determinar a prevalência da violência doméstica pelo parceiro íntimo entre as mulheres que receberam assistência ao parto em uma maternidade de baixo risco do Sudeste do Brasil.

Metodologia: Realizou-se um estudo descritivo do tipo transversal2, incluindo 547 mulheres que receberam assistência ao parto de julho a setembro de 2006. Os dados foram coletados durante a internação pós-parto e o instrumento utilizado foi um questionário elaborado para serviços de saúde. Na análise estática, realizou-se teste qui-quadrado ou teste exato de Fisher, considerando o intervalo de confiança (IC) de 95%.

Resultados e discussão: Observou-se que 58,5% das entrevistadas afirmaram ter sofrido algum tipo de agressão ao longo da vida pelo parceiro e 19,6% durante a última gestação. Em relação aos tipos de violência, encontrou-se prevalência de 52,1% de relato de violência psicológica em algum momento da vida e 18,1% na última gestação, sendo caracterizada principalmente por insulto, intimidação, ameaça e humilhação. A violência física ocorreu alguma vez na vida para 37,8% e esta prevalência diminui para 7,7% com relação a sua ocorrência na última gestação, sendo empurrões e tapas as agressões mais praticadas. A respeito da violência sexual pelo parceiro, 8,6% das mulheres referiram ter sofrido ao longo da vida e 1,6%, na última gestação, sendo a prática sexual forçada e por medo as mais mencionadas. Os resultados encontrados apontaram várias características das mulheres e dos parceiros que podem estar associadas a risco aumentado de violência.

Considerações finais: Espera-se que os resultados possam contribuir para maior visibilidade do problema, mostrando aos profissionais de saúde a necessidade de maior empenho e atenção na identificação de mulheres em situação de violência.

Bibliografia:

1. World Health Organization. WHO Multicountry study on women’s health and domestic violence against women. Geneva: World Health Organization; 2005.

2. Pereira MG. Epidemiologia teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003.


 

Violência Psicológica na Adolescência

Ana Rita Morgado Machado; Íris Raquel Almeida Antunes; Telma Isabel Morgado Machado – alunas da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

João Graveto – Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

ritinha_mm@hotmail.com

 

Introdução e justificação do tema: A violência pode ser manifestada de diversas formas, nomeadamente, violência física e violência psicológica. Esta última, apesar de contribuir com efeitos reais é invisível aos olhos da sociedade, sendo inúmeros os sinais de violência psicológica, justificando-se técnicos de saúde devidamente preparados, sensíveis e aptos para os identificar (Cottril, 2008; Duarte e Lima, 2006 e Leonardo, 2007).

Objectivos: Sensibilizar os profissionais de saúde para a existência de sinais de violência psicológica, suas consequências e respectivas intervenções de enfermagem.

Metodologia: A temática do presente resumo foi sustentada numa revisão de literatura, recorrendo a fontes primárias, levantando dados, reflectindo e interpretando estudos de investigação recentes de diversos autores lusófonos, dando-se realce à análise da prevalência da violência física e psicológica nas relações de namoro de jovens estudantes portugueses.

Resultados/Desenvolvimento da temática: É na adolescência que o jovem tende a desenvolver as suas capacidades relacionais, surgindo as suas primeiras relações, o namoro, onde podem despontar as primeiras abordagens de violência psicológica (Cottril, 2008; Duarte e Lima, 2006 e Leonardo, 2007). Estas tendem a ser desvalorizadas pelos jovens sendo, até, encaradas com alguma normalidade. O comportamento, no primeiro namoro, é crucial para um desenvolvimento pessoal e inter-relacional, funcionando como suporte para futuras relações adultas. Realça-se o estudo de Duarte e Lima (2006, p.107), onde alvitram que “quanto maior a ocorrência de violência psicológica maior é a probabilidade de ocorrência de violência física”. Reforçam que, relativamente à violência psicológica, é frequentemente praticada de modo não racional. A taxa de violência psicológica, neste estudo que incide sobre o ensino secundário em Portugal, é de 32,02%, apresentando valores superiores à violência física de 5,94% causando danos iguais ou superiores a esta última. Sobre a violência psicológica, não é fácil comprovar a mesma, devido ao facto de não apresentar sinais corpóreos “visíveis” e da sociedade a tender a desvalorizar contudo existem outros sinais de alerta visíveis e passíveis de ser identificados por profissionais devidamente preparados.

Conclusões: A adolescência é uma fase da vida dos jovens caracterizada pela construção dum Ser bio-psico-socio-emocional sendo, esta mudança, a base da/na construção da sua identidade. “É nesta fase que constroem a sua identidade, assumindo a continuidade temporal e coerência do seu “eu” através da assunção de opções pessoais, escolares e profissionais, da definição sexual e de compromissos sociais ou políticos. “ (Leonardo, 2007, p.50). Duarte e Lima (2006), concluem que, nos adolescentes portugueses, não existem diferenças de taxas significativas quanto ao género, embora refiram que os rapazes se envolvem mais em situações de violência psicológica do que as raparigas. Na faixa etária dos 16 aos 17 anos a violência psicológica apresenta uma taxa de 28,42%. A violência psicológica é uma problemática actual, desta forma, é importante sensibilizar e preparar adequadamente profissionais de saúde, concretamente, enfermeiros, sendo crucial que se encontrem devidamente aptos para identificar, encaminhar e acompanhar jovens adolescentes como alvo efectivo de intervenções de Enfermagem adequadas.

Bibliografia:

- COTTRILL, Hope M. - Violência doméstica: não se esqueça de perguntar - Patient Care -  ISSN 0873-2167. - Vol. 13, nº 143 (2008), p. 26-35

- DUARTE, Ana Patrícia; LIMA, Maria Luísa - Prevalência da Violência Física e Psicológica nas Relações de Namoro de Jovens Estudante Portugueses. Psycologica. ISSN 0871-4657. Nº 43 (2006), p.105-124

- LEONARDO, José – Bullyng Escolar – Abordagem Descritiva de um Fenómeno Emergente. Infância e Juventude. ISSN 0870 – 6565. Nº 4 (2007), p. 9-82.