DIZ NÃO À VIOLÊNCIA – UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA

Cristina Isabel Reis Duarte - Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica ACES Baixo Mondego II- UCSP de Soure.

Ana Catarina Paulo Domingues - Enfermeira Especialista em Saúde Comunitária ACES Baixo Mondego II- UCSP de Soure.

cristinarduarte@gmail.com

 

Introdução: A violência escolar é um fenómeno de origem multi-causal que engloba manifestações variadas desde a delinquência, o vandalismo, a indisciplina ou o “bullying”. Actualmente e tal como vários indicadores vêm sugerindo, a agressão em contexto escolar caracteriza-se por um fenómeno existente em grupos. Os programas de intervenção devem ser dirigidos envolvendo a comunidade, a organização escolar, as turmas, as práticas pedagógicas e, sobretudo, devem convergir mais aos grupos do que aos indivíduos (Martins, M. J., 2005, p. 424). Na maioria das situações este fenómeno não é correctamente valorizado criando-se uma dimensão do assunto um tanto discreta, escondida, tolerada ou ignorada, ou até minimizada pelos colegas, professores e funcionários, persistindo mesmo a ideia errada, de que este tipo de agressão faz parte do desenvolvimento normal dos alunos (GTVE, 2007, p. 50). A publicação do nosso trabalho sob a forma de poster pretende dar a conhecer aos profissionais de Saúde e população em geral a importância dos Cuidados de Saúde Primários (intervenções de enfermagem) na prevenção da violência escolar.

Objectivo: Promover o desenvolvimento de intervenções dirigidas a comportamentos violentos nas escolas; sensibilizar pais alunos e professores para a problemática da violência, promover o despiste precoce e correcto encaminhamento das situações de violência.

Metodologia: Desenvolvimento e síntese a partir da pesquisa bibliográfica realizada.

Resultados: Para além de um primeiro contacto conceptual, a pesquisa bibliográfica permitiu: compreender e categorizar o Bullying (Bullying directo e Bullying indirecto), caracterizar os Bullies (indivíduos agressores), compreender as diferentes tipologias associadas ao bullying, nomeadamente na perspectiva das acções e das técnicas utilizadas (insulto, ataque físico, boato negativo, dano material, isolamento social, etc.), caracterizar os locais habituais desta prática (recreio, etc.), o tipo de efeitos que o Bullying tem sobre os indivíduos agredidos (ansiedade, problemas gástricos, depressão, etc), compreender e conhecer o fenómeno em Portugal (tomada de conhecimento de estatísticas variadas), e finalmente conhecer quais as estratégias de intervenção defendidas pela comunidade científica e organizações internacionais, como a OMS.

Conclusão: A escola deve ser um local tranquilo, de bem-estar e de aprendizagem, pelo que deverá ser também um dos principais impulsionadores do combate ao bullying Para implementar um projecto de intervenção nesta área é necessário que a escola reconheça o problema, que o integre como prioridade no seu projecto educativo e que os problemas sejam partilhados e reconhecidos por todas as partes envolvidas.

Neste sentido é de extrema importância que se crie um grupo de trabalho que sistematize a intervenção e defina quais as prioridades.

Bibliografia:

- Carvalhosa, S. F., Lima, L. e Gaspar de Matos, M. (2001), Bullying – A provocação/vitimação entre pares no contexto escolar português, in: Análise Psicológica, nº 4 (xix): 523-537.

- Direcção-Geral da Saúde (2006), Programa Nacional de Saúde dos Jovens 2006-2010, Lisboa.

- GTVE – Grupo de Trabalho “Violência nas Escolas” (2007), Relatório Final, Comissão de Educação, Ciência e Cultura, Assembleia da República, Lisboa.

- Martins, M. J. (2004), Agressão e vitimação entre adolescentes em contexto escolar – um estudo empírico, in: Análise Psicológica, nº 4 (xxiii): 401-425.

- Ministério da Saúde (2004), Plano Nacional de Saúde 2004-2010, vol. 1- Prioridades, Direcção-Geral da Saúde, Lisboa.

- Ministério da Saúde (2006), Plano de Acção 2006-2008, Administração Regional de Saúde do Centro.

- Ministério da Saúde (2007), Saúde Escolar – Programa Nacional de Saúde Escolar, Direcção-Geral da Saúde

- OMS – Bureau Regional para a Europa (2002), Saúde 21: Uma introdução ao enquadramento político da saúde para todos na Região europeia da OMS (trad. de Sofia Abecasis), Lusociência, Lisboa.

- Olweus, D. (1991), Bully-victim problems among schoolchildren: basic facts and effects of a School-based intervention program.

- Olweus, D. (1993), Bullying at School, Blackwell, Oxford e Cambridge.

- Olweus, D. (1994), Annotation: Bullying at School: Basic facts and effects of a school based intervention program, in: Journal of Psychology and Psychiatry, 43 (7): 1171.1190.