COMO INTERVIR FACE AO MOBBING/ASSÉDIO MORAL?

Ana Lúcia João - Enfermeira no Hospital Distrital de Santarém

alsjoao@hotmail.com

António Portelada - Educador de Infância na Casa da Criança de Penela

aportelada@sapo.pt

 

Introdução: A nível conceptual, o mobbing/assédio moral caracteriza-se pela repetição, durante um longo período de tempo, de comportamentos hostis e condutas desprovidas de ética, desenvolvidas por um superior ou colega de trabalho contra outros trabalhadores.

O Homem passa grande parte do seu dia no trabalho, desta forma, o mesmo, assume uma importância fundamental no bem-estar físico, social e mental da pessoa. No entanto, por vezes, o ambiente laboral pode tornar-se insuportável e prejudicial à saúde dos trabalhadores. A prevenção da violência deverá ser um acto prioritário em qualquer empresa ou organização, fundamental para melhorar a vida profissional dos trabalhadores e evitar a exclusão social e o desemprego.

Objectivos: - Avaliar quais as principais consequências de mobbing para as vítimas;

analisar estratégias de intervenção face ao mobbing.

Metodologia: Foi desenvolvido um estudo correlacional, transversal, do tipo quantitativo. A amostra era constituída por 216 enfermeiros a exercerem funções num hospital de uma zona sul do país. Aquando a realização do mesmo estudo foram debatidas algumas formas de intervenção face a este tipo de violência, bem como foi efectuada uma pesquisa bibliográfica de toda a legislação existente.

De acordo com Luna (2003) existem dois níveis de abordagem com o intuito de se prevenir o assédio moral no trabalho. O primeiro nível consiste em evitar que se produzam actos de violência, detectando os perigos, avaliando os riscos e adoptando medidas preventivas quando necessário. Há que ter em conta como está organizado o trabalho e a formação e informação do pessoal. O segundo nível consiste em actuar de forma a prestar apoio quando a pessoa foi vítima de violência.

Resultados/Conclusão: As vítimas de mobbing apresentam diversos sintomas, entre os quais: sentimentos de insegurança, ansiedade, insónias, sentimentos de frustração, fracasso e impotência, irritabilidade, entre outros. No entanto, após a realização deste estudo verificou-se que, apesar do assédio se encontrar contemplado no código de trabalho não existe um regime jurídico específico para o tratamento do assédio moral. Existem apenas mecanismos legais que permitem fazer frente a este problema tais como a Constituição da República, o Código Civil, bem como os demais instrumentos jurídicos comunitários e internacionais.

Todos nós somos diferentes, porém tal como refere González de Rivera (2005) todos somos iguais no mais essencial, ou seja a nossa condição de seres humanos. Deste modo, todos devemos ser tratados como tal, sendo obrigação e dever de cada um exigir e defender esse trato.

Bibliografia:

- González de Rivera (2005). El Maltrato Psicológico. Madrid: Editorial Espasa Calpe.

- Hirigoyen, Marie-France (1999). Assédio Coação e Violência no Quotidiano. Lisboa: Editora Pergaminho.

- Hirigoyen, Marie-France. (2002). O Assédio no Trabalho: Como distinguir a verdade. Lisboa: Editora Pergaminho.

- Leymann, Heinz (1990). Mobbing and psycological terror at workplaces. Violence and victims, vol. 5 pp 119 – 126.

- Leymann, Heinz (1996). La persécution au Travail. Paris: Seuil.

- Piñuel Y Zabala, Iñaki (2003). Mobbing: como sobreviver ao assédio psicológico no trabalho. São Paulo: Edições Loyola.

- Luna, Manuel (2003). Acoso Psicológico en el Trabajo (Mobbing). Unión Sindical de Madrid – Región de CC.OO. Madrid: Ediciones GPS.


 

PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA NAS RELAÇÕES DE INTIMIDADE UMA VISÃO DO ESTADO DA ARTE DA ÚLTIMA DÉCADA

Gina Maria de Pinho Jesus – Enfermeira no Hospital Distrital de Águeda

ginapinho@hotmail.com

Mariana Marques Vicente – Enfermeira no Hospital Infante D. Pedro, Aveiro

mianamv@gmail.com

Maria Neto da Cruz LeitãoEscola Superior de Enfermagem de Coimbra

mneto@esenfc.pt

 

Introdução e justificação: A violência nas relações de intimidade é um problema de saúde pública mundial. Na investigação recente emerge a importância da prevenção do fenómeno dirigida a idades precoces de construção de relações de intimidade. A violência no namoro é considerada como “um fenómeno histórico-social, construído em sociedade” (Minayo, 1999, p.7) o que permite desconstruí-la que tem sido o objectivo de alguns projectos de investigação. Trata-se de um campo de investigação complexo e a literatura aponta diversas dificuldades.

Objectivos: Identificar convergências e divergências na investigação realizada sobre prevenção da violência no namoro.

Metodologia: Pesquisa e revisão sistemática de artigos publicados em revistas científicas na área da saúde, acedidas a partir das seguintes base de dados: Scielo; Medline; b-on, publicadas nos últimos dez anos. Efectuou-se uma análise crítica por

contraposição dos autores.

Resultados: O fenómeno violência no namoro, à semelhança do mesmo em casais adultos, é complexo e multifactorial, podendo ser preditivo de violência nas relações de intimidade futuras, o que reúne o consenso dos autores no que diz respeito a considerar este foco como significativo no âmbito geral de prevenção da violência nas relações de intimidade. Há divergência conceptual entre autores que dificulta a análise comparativa dos estudos encontrados. As populações-alvo dos estudos realizados têm-se centrado mais sobre faixas etárias dos jovens em transição para a fase adulta e apenas recentemente surgem investigações que se direccionam a idades mais precoces, do início da adolescência. Enfatiza-se a rapariga como vítima, e muito embora nestas idades surja uma diluição da prevalência pelo género no que diz respeito à perpetuação, faltam estudos que abordem as causas e contextos das agressões de modo a poder excluir (ou não) a violência reactiva.

Conclusões: A prevenção da violência no namoro apresentou na última década um crescimento florescente com multiplicação de perspectivas multidisciplinares. A investigação ampliou um vasto campo inexporado de questões a aprofundar em relação

aos perpectradores da violência, à vítimação, aos contextos e às causas que dão origem à violência. Detectam-se falta de continuidade dos estudos através de “follow-up” para

confirmação de resultados preventivos dos projectos de intervenção no longo prazo.

Bibliografia:

- Caridade, S; Machado, C (2006) Violência na intimidade juvenil: da vitimação à perpetração. Análise Psicológica. Lisboa. Instituto superior de psicologia aplicada.

- Caridade, S; Machado, C (2008) Violência sexual no namoro: relevância da prevenção. Psicologia. Lisboa. Edições Colibri.

- Matos et al (2006) Prevenção da violência nas relações de namoro: intervenção com jovens em contexto escolar. Portugal. Universidade do Minho.

- Silva S (2002) Considerações sobre o relacionamento amoroso entre adolescentes. Brasil. Cad. Cedes Campinas.

- Nogueira, L; Bellini, L (2006) Sexualidade e violência, o que é isso para jovens que vivem na rua? Florianópolis. Texto Contexto Enfermagem.


 

VIOLÊNCIA NAS RELAÇÕES DE INTIMIDADE - PROBLEMATIZANDO A CRIMINALIZAÇAO DOS HOMENS E A VITIMIZAÇÃO DAS MULHERES

Adriano Beiras - Universidad Autónoma de Barcelona

adrianobe@gmail.com

Maristela Moraes - Instituto PAPAI (Brasil) e Universidade Autônoma de Barcelona

Roberta de Alencar-Rodrigues - Universidad Autónoma de Barcelona

 

Introdução e justificação: Esta comunicação propõe problematizar a relação homens-algozes ou criminosos e mulheres-vítimas, tão freqüente nas discussões sobre violência nas relações afetivas entre casais heterossexuais.

Objectivos: Pretendemos reunir os pontos comuns de nossas pesquisas no que diz respeito à intervenção realizada com homens e mulheres e as políticas públicas relacionadas à saúde e à violência nas relações de intimidade. O objetivo da nossa reflexão é problematizar a criminalização dos homens e a vitimização das mulheres em situação de violência nas relações de intimidade. Com isso, buscamos fomentar um debate que enfoque mais além da concepção excessivamente criminalizante desses homens, fugindo de dicotomias entre bom-mau ou vítima-algoz, que pouco contribuem para uma compreensão da complexidade dessas inter-relações.

Metodologia. Trata-se de uma reflexão teórica baseada na experiência de trabalho científico das/os autoras/es no campo da violência, tanto no Brasil como na Espanha.

Resultados: Com este cenário, novos paradigmas devem ser formulados para desconstruir a dicotomia homem-maltratador e mulher- vítima, tornando-se necessário repensar a aplicabilidade do patriarcado como visão universal para explicar a violência nas relações de intimidade. A importância destas reflexões reside em aprimorar a atenção primária e assistencial dada tanto aos homens autores de violência quanto às mulheres que a sofreram, problematizando as intervenções realizadas atualmente e as políticas direcionadas a estas questões.

Conclusões É evidente a presença de ideologias, estereótipos, dicotomias, criminalização e vitimização presentes no setor que, em muito casos, acabam por reforçar o aumento e não a diminuição ou contenção de atos violentos nas relações afetivas. A problematização destas questões contribui para o aprimoramento de políticas públicas e avanços teóricos e críticos sobre a temática, permitindo um melhor alcance e eficácia na atenção as questões relacionadas à violência nas relações de intimidade.

Bibliografia:

- Beiras, Adriano. (2009).Grupos de homens autores de violência - possibilidades de intervenções diante das recomendações propostas na lei Maria da Penha. In: Sonia Liane Reichert Rovinski; Roberto Moraes Cruz. (Org.). Psicologia Jurídica: Perspectivas teóricas e processos de intervenção. 1 ed. São Paulo: Vetor Editora Psico-Pedagógica.

- Cantera, L. M. (2007). Casais e violência: um enfoque além do gênero. Porto

Alegre: Dom Quixote.

- Cantera, Leonor (2004) “Violencia en la pareja: espejo del atropello, desconstrucción del amor” en Cantera, L. (Coord.) La violencia a casa, Sabadell, Fundació Caixa de Sabadell, pp. 113-140.

- Heise L., Pitanguy J., & Germain, A. (1994). Violencia contra la mujer: la carga oculta sobre la salud. Washington DC: Organización Panamericana de la Salud/ Organización Mundial de la Salud.

- Figueroa-Perea. Juan Guillermo. (2003) La representación social de los varones en estudios sobre masculinidad y reproducción: 'un muestrario de reflexiones'". In: I Seminário Internacional/II Seminário Norte-Nordeste sobre "Homens, Sexualidade e Reproducão: Tempos, Práticas e Vozes", 17-20 junho, Recife. Mimeo. [ Links ]

- Medrado, Benedito  and  LYRA, Jorge. Por uma matriz feminista de gênero para os estudos sobre homens e masculinidades. Rev. Estud. Fem. [online]. 2008, vol.16, n.3, pp. 809-840. ISSN 0104-026X.  doi: 10.1590/S0104-026X2008000300005.


 

VIOLENCIA DE GÉNERO EN LAS RELACIONES DE INTIMIDAD - LA IMPORTANCIA DE CONSIDERAR EL PROCESO EN LA INTERVENCIÓN PSICOSOCIAL

Patricia Alvarado - Universidad Autonoma de Barcelona

pastsocial2001@hotmail.com

Adriano Beiras - Universidad Autónoma de Barcelona

adrianobe@gmail.com

Leonor Cantera Espinoza - Universidad Autónoma de Barcelona

 

Introducción y justificación del tema: La intervención en el ámbito de la violencia de género es un punto prioritario de políticas públicas de diversos países. En España se nota una mayor visibilidad e incremento de intervenciones en este sector. Sin embargo, se nota una intensa criminalización de los conflictos que, a pesar del objetivo de disminuir la ocurrencia de la violencia, en muchos casos contribuyen para una  dicotomizacion o binarismo en su abordaje, aspectos que contribuyen para la continuidad y crecimiento de la violencia.

Objetivos: Considerando este contexto, esta comunicación busca reflexionar sobre la importancia de considerar el proceso, más allá de episodios o consideraciones de causa y efecto, tanto en las intervenciones asistenciales como jurídicas con aquellos y aquellas que ejercieron violencia. Por lo tanto, se propone  la emergencia de nuevos paradigmas en torno a la violencia de género, abordando los factores socioculturales que subyacen esta problemática, focalizando en los sujetos calificados como autores y autoras de violencia.

Metodologia: En términos metodológicos, se trata de una investigación cualitativa basada en el análisis de entrevistas y narrativas concernientes a los testimonios de mujeres  y hombres, protagonistas de un delito hacia la pareja, analizados en su contenido y discurso, en diálogo con la literatura científica especializada en la temática.  El muestreo de los hombres fue realizado con 4 participantes de un grupo terapéutico para autores de violencia, entrevistados al inicio y al final de proceso grupal. Y el muestreo de las mujeres fue hecho con 4 participantes que cumplen sentencia bajo medidas condicionales no privativas de libertad por un delito de lesiones hacia su pareja.

Resultados: Tanto las   mujeres como los hombres calificados en la autoría de un delito hacia la pareja plantean su disconformidad respecto a la integralidad de informaciones en la intervención de  su problemática de violencia. Relatan que en sus sentencias jurídicas e intervenciones asistenciales no son consideradas satisfactoriamente el contexto y todo el proceso generador de la relación o situación violenta. Cada vez más se evidencia la complejidad de intervenir en casos de violencia, y la necesidad de considerar los múltiples factores que la constituyen. Por lo tanto, es indicada la importancia de deconstruir dicotomías, causas y efectos y visiones que contemplan solamente el acto  o episodio de agresión.

Conclusiones: Este estudio muestra la importancia de actuar bajo una perspectiva ecológica y sistémica con todos los involucrados en la situación de violencia. Se evidencia la importancia de considerar los contextos y los procesos, ir más allá de esquemas fijos, esencialismos, moralismos  y prejuicios. Se apunta la necesidad revisar determinadas actuaciones jurídicas y asistenciales que no incorporan estos factores para una mayor eficacia de la contención y erradicación de la violencia.

Bibliografia:

- Alvarado, P. (2008). Mujeres y Delito de Lesiones: Una mirada desde la Perspectiva Teórica de Género. Artículo para optar al Grado de Máster en Investigación en Psicología Social de la Universidad Autónoma de Barcelona. Manuscrito en Preparación.

- Beiras, Adriano. (2009).Grupos de homens autores de violência - possibilidades de intervenções diante das recomendações propostas na lei Maria da Penha. In: Sonia Liane Reichert Rovinski; Roberto Moraes Cruz. (Org.). Psicologia Jurídica: Perspectivas teóricas e processos de intervenção. 1 ed. São Paulo: Vetor Editora Psico-Pedagógica. 

- Beiras, A. (2008). Familia, Conjugalidade e Utopias - Reflexões sobre um Mundo Hipermoderno. Nova Perspectiva Sistêmica, (32), 65-72.

- Cantera, L. M. (2007). Casais e violência: um enfoque além do gênero. Porto Alegre: Dom Quixote. 

- Larrauri, E. (1991). La Herencia de la Criminología Crítica. España: Siglo XXI de España Editores.

- Rifiotis, T. (2008). Judiciarização das relações sociais e estratégias de reconhecimento: repensando a ´violência conjugal` e a `violencia intrafamiliar`. Rev. Katal. Florianópolis 11, (2), 225-236.

- Smart, C. (1994). La mujer del discurso jurídico. En Larrauri, E (Comp.) (1994). Mujeres, Derecho Penal y Criminología. España: Siglo XXI.


 

VIOLÊNCIAS NO NAMORO ENTRE ADOLESCENTES BRASILEIROS: SUBSÍDIOS PARA ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO

Queiti Batista Moreira Oliveira - Pesquisadora do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES)/Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)

queitioliveira@ig.com.br

Simone Gonçalves de Assis - Pesquisadora Titular/Coordenadora Executiva CLAVES/ FIOCRUZ.

Kathie Njaine - Pesquisadora do CLAVES/FIOCRUZ.

Fernanda Mendes Lages Ribeiro- Pesquisadora do CLAVES/FIOCRUZ.

Thiago de Oliveira Pires - Estatístico do CLAVES/FIOCRUZ.

 

Introdução: Analisou-se as questões que envolvem o apoio aos adolescentes em situações de violência no namoro. Parte-se de um estudo nacional, que investigou tais situações em dez capitais do Brasil.

Justificação: Tal violência configura-se como forte preditor da violência entre casais na vida adulta; no Brasil inexistem experiências consolidadas de prevenção à violência no namoro na adolescência; o tema não é destacado em estudos sobre a adolescência de modo geral.

Objectivos: Investigar os tipos de apoio que os jovens recebem ou que gostariam de receber objetivando propiciar reflexão sobre formas de prevenção.

Metodologia: Estudo quanti-qualitativo. Realizou-se a adaptação transcultural da escala Conflict in Adolescent Dating Relationship Inventory – CADRI. (Wolfe et al, 2001). Analisou-se 3205 questionários preenchidos por adolescentes de 15 a 19 anos de 104 escolas públicas e particulares. Realizou-se entrevistas em grupo e individuais totalizando 519 adolescentes, com idade média de 16 anos. Foram realizadas análises estatísticas de freqüência simples dos dados quantitativos e Análise de Conteúdo. (Bardin, 1997) dos dados qualitativos.

Resultados: Independentemente de estrato social e de região do país, os adolescentes raramente procuram ajuda em situações de violência no namoro. Apenas 3,5% deles afirmaram já ter solicitado apoio profissional por causa de algum tipo de violência causada por pessoas com quem namorou; os familiares foram apontados como principais pessoas para busca de apoio; a escola foi escolhida como espaço ideal para se desenvolverem ações de prevenção, inclusive com os pais. A mídia é avaliada como um meio importante para veiculação de mensagens para os jovens, embora façam muitas críticas aos conteúdos que ela transmite. Os amigos são referidos, na maioria das vezes, como pessoas com quem contam para desabafar e trocar informações, mesmo que, em função da pouca maturidade, não consigam muitas vezes orientar e aconselhar nos casos de violência no namoro. Os serviços de saúde e outros espaços foram pouco citados.

Conclusões: Os resultados, somados aos de outros estudos internacionais sobre o tema, nos apontam aspectos que são fundamentais para pensarmos propostas de intervenção nos desafinado a avançar. Portanto, entende-se que o presente pode contribuir para a formulação de políticas públicas e outras ações voltadas para adolescentes, visando à construção e afirmação de valores e atitudes que primem pela resolução não-violenta de conflitos impactando positivamente nas relações afetivo-sexuais futuras.

Referências:

- BARDIN. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

- WOLFE, SCOTT, REITZEL-JAFFE, WEKERLE, GRASLEY, STRAATMAN. Development and validation of the conflict in adolescent dating relationship inventory. Psycological Assessment 2001; 13: 277-293. 2001.


 

REDE DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE EM SITUAÇÃO DE RISCO PARA A VIOLÊNCIA -  CURITIBA, PARANÁ, BRASIL

Hedi Martha Soeder Muraro - Médica-pediatra e coordenadora.                                                              Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Paraná, Brasil.

Centro de Epidemiologia

hedimuraro@click21.com.br

 

       Introdução e justificação do tema: A realidade da violência sofrida pela infância e adolescência impôs ao poder público e a sociedade civil organizada o desafio de uma abordagem inovadora. No ano 2000, o município de Curitiba implantou a Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a Violência, definida como um conjunto de ações integradas e intersetoriais para prevenir a violência, principalmente a doméstica e sexual, e proteger a criança e o adolescente em situação de risco para a violência.

         Objectivos: Os objetivos da Rede de Proteção são: tornar visível a violência que se pratica contra crianças e adolescentes, estimulando a notificação dos casos; capacitar os profissionais para a percepção da violência e para o desenvolvimento do trabalho integrado e intersetorial; oferecer às vítimas, aos agressores e às famílias, o atendimento necessário para  superar as condições geradoras de violência bem como as seqüelas resultantes; diminuir a reincidência da violência a partir do acompanhamento dos casos; desenvolver ações voltadas para a prevenção da violência, especialmente envolvendo a comunidade.

Metodologia: O estudo consiste nos dados quantitativos e qualitativos coletados no Sistema Municipal de Notificação Obrigatória das formas de violência suspeita ou comprovada contra crianças e adolescentes até 18 anos de idade. Essa Notificação é feita por todos os serviços municipais de saúde, educação e ação social a partir da identificação dos sinais de alerta para a violência. Esse Sistema de Notificação direciona as ações de assistência, tais como monitoramento e encaminhamento para apoio psicológico, educacional, jurídico e social e promove as ações de vigilância epidemiológica.

Resultados: A análise do Banco de Dados demonstrou um aumento gradativo das Notificações, sendo que em 2002 foram 915 casos e em 2008 passaram a 5003 casos. Em 2008 constatou-se que 16% dos casos eram de violência física, 13,8% de violência sexual, 6,4% de violência psicológica, 62,9% de negligência e 0,9% de abandono. Do total de Notificações observou-se também que 84,9% foram casos de violência doméstica.

Conclusões: Diante da natureza do fenômeno da violência, seu tratamento parece ter como única opção as ações em rede, que se definem, na prática,  como um entrelaçamento das ações de várias instituições, vinculadas por objetivos comuns. Os setores da educação, da saúde e da assistência social podem ser concebidos como lugares legítimos de prevenção da violência e proteção da criança e do adolescente em situação de risco para a violência, ultrapassando até  suas especificidades de atuação.

Bibliografia:

- CURITIBA. Prefeitura Municipal. “Protocolo da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a Violência.” 3. ed., rev. e atual., 2008. Disponível pelo site www.curitiba.pr.gov.br Secretaria municipal da saúde.


MAUS-TRATOS À CRIANÇA EM MEIO FAMILIAR. INTERVENÇÕES DE CARÁCTER PREVENTIVO

Jorge Manuel Amado Apóstolo - Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

japostolo@esenfc.pt

 

Introdução e justificação do tema: Considera-se um criança vitima de maus-tratos em meio familiar, quando, é sujeita a qualquer acto, omissão ou tratamento negligente, não acidental, que a prive dos seus direitos e bem-estar, ou que ameaça ou interfira com o seu desenvolvimento física, mental ou social. É um problema de saúde pública, emergente nas sociedades ocidentais. O enfermeiro deve conhecer os contextos em que estas situações ocorrem mais frequentemente, podendo assumir um papel fundamental na sua prevenção.

Objectivos: Identificar os tipos de intervenção mais consistentes na prevenção de maus-tratos em ambiente familiar que possam ser desenvolvidos em meio comunitário.

Metodologia: Revisão sistemática utilizando os seguintes termos: Child abuse, Good treatment, Child, Primary Care, Prevention.

Resultados: Na revisão sistemática emerge claramente a questão da visita domiciliária realizada por enfermeiros com sendo eficaz. Disso dão nota concludente os trabalhos de Nygren, Nelson e Klein, (2004); Olds et al., (1994) que identificaram efeitos duradouros com programas de visita domiciliária a mulheres afro-americanas em regiões suburbanas, resultados similares a outros com mulheres brancas em áreas rurais.

Ainda Kitzman et al., em 1997, já haviam concluído que programas de visita domiciliária durante o período pré-natal e primeiros dois anos de vida, realizados por enfermeiros, poderiam reduzir os maus-tratos sobre crianças bem como acidentes domésticos, estes frequentemente associados a negligência parental.

Conclusões: São consistentes os resultados sobre o valor da visita domiciliária, actividade realizada autonomamente pelo enfermeiro. Conhecendo bem a realidade dos maus-tratos e os contextos envolventes esta problemática deve ter uma abordagem adequada de modo a reduzir os seus efeitos. Com programas adequados de visita domiciliar torna-se ainda possível potenciar outros efeitos como: redução de gravidezes indesejadas; acidentes domésticos; excesso de procura de serviços de saúde, particularmente em famílias disfuncionais ou de risco

Bibliografia:

- Brown J, Cohen P, Johnson JG, Salzinger S. A longitudinal analysis of risk factors for child maltreatment: findingd of a 17-year prospective study of officially recorded and self-reported child abuse and neglect. Child Abuse Negl. 1998; 22:1065-78.

- Morales JM, Zunzunegui Pastor V, Martínez Salceda V. Modelos conceptuales del maltrato infantil: una aproximación biopsicosocial. Gac. Sanit. 1997;11:231-41.

Nygren P, Nelson H, Klein J. Screening children for family violence. A review of the evidence for the US Preventive Services Task Force. Ann Fam Med. 2004;2:161-9.

- Nygren P, Nelson H, Klein J. Screening children for family violence. A review of the evidence for the US Preventive Services Task Force. Ann Fam Med. 2004;2:161-9.

-Kitzman H, Olds DL, Henderson CR Jr, Hanks C, Cole R, Tatelbaum R, et al. Effect of prenatal and infant home visitation by nurses on pregnancy outcomes, childhood injuries, and repeated childbearing: a randomized controlled trial. JAMA. 1997; 278:644-52.

- Olds DL, Henderson CR Jr, Kitzman H. Does prenatal and infancy nurse home visitation have enduring effects on qualities of parental caregiving and child health at 25 to 50 months of life? Pediatrics. 1994;93:89-98.

- Wilson LM, Reid AJ, Midmer DK, Biringer A, Carroll JC, Stewart DE. Antenatal psychosocialrisk factors associated with adverse postpartum family outcomes. CMAJ. 1996; 154:785-99.