A
VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR ENTRE ADOLESCENTES DA REDE DE ENSINO PÚBLICA E PRIVADA
DE PORTO VELHO, RONDÔNIA, BRASIL
Marcuce
Antônio Miranda dos Santos - Universidade Federal de
Rondônia-Unir e Ministério da Saúde-MS
Maria Inês Ferreira de Miranda
- Universidade Federal de Rondônia-UNIR e Coordenadora do Observatório de
Violência-Obsvi/Unir.
Rosilâine Keffer Delfino
– Enfermeira formada pela Universidade Federal de Rondônia-Unir, Pesquisadora
do Observatório de Violência-Obsvi/Unir
Pedro
Di Tárique Barreto - Mestre em Matemática e
Docente do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Rondônia-Unir
Fernanda Mendes – Enfermeira e Pesquisadora do Centro
Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli da Fundação
Oswaldo Cruz
A violência praticada no ambiente familiar, que
pode ser caracterizada por negligência, agressão física e psicológica, embora
guarde uma relação direta com a violência estrutural, não é um problema
circunscrito a uma classe social, mas, principalmente, uma conseqüência das
relações interpessoais dos atores envolvidos: criança/adolescente e familiares
(pais, tios, irmãos etc.) (ALTHOFF, 2001). Esta pesquisa é um subprojeto do
estudo intitulado: A violência entre
namorados adolescentes: um estudo em dez capitais brasileiras, realizado
pela Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ com parceria da Universidade Federal de
Rondônia - UNIR. Procurou-se caracterizar a existência de violência
intrafamiliar sob a ótica de adolescentes realizando um estudo quantitativo
através de um inquérito
epidemiológico, junto aos alunos do 2º ano do ensino médio de escolas públicas
e particulares de Porto Velho no ano de 2007. Para a coleta de dados foi
utilizado instrumento norte americano, traduzido e validado para a realidade
local. A análise dos dados foi realizada através do Programa Epi-info 3.5.1.
Foram pesquisados 282 adolescentes, com idade média de 16,3 anos (±DP 0,78).
Quanto aos aspectos atribuídos ao relacionamento com o pai, 65,2% consideraram
bom e 23% regular. Em relação à mãe, a proporção é de 82,6% e 11,7%,
respectivamente. Com o irmão 63,1% referiram um bom relacionamento e 29,1%
regular. Quanto a hora em que retornam para casa 43,6% dos escolares combinam
com os pais o horário e 57,1% referiram que os mesmos sabem onde e com quem
estão. Quanto à violência intrafamiliar, 23,7% confirmaram brigar poucas vezes
com irmãos, 46,1% relataram brigas com a mãe no último ano, 23,4% referiram
xingamento e insulto durante as discussões. Sobre ameaça de bater ou jogar
objetos 19,2% relatou este episódio e 9,2% das mães, segundo as respostas
dadas, empurrou ou agarrou o filho, seguido de 13,8% de relatos de tapas e
bofetadas. Já nas discussões e brigas com o pai 34,8% disseram ter discutido
calmamente o problema, 14,9% afirmaram que o pai xingou ou insultou, 8,8%
ameaçaram bater ou jogar objetos, 8,2% relataram tapas e bofetadas. Diante dos
resultados foi possível verificar que este tipo de violência tem características próprias: o vínculo entre
vítimas e agressores e a dificuldade do diálogo entre os mesmos, reforçam as
manifestações de violências dentro de um espaço que deveria ser de diálogo e
paz.
Descritores: Família, Adolescentes, Violência Intrafamiliar.
Bibliografia:
- ALTHOFF, Coleta
Rinaldi. Convivendo em Família: contribuição para a construçãode uma teoria
substitutiva sobre ambiente familiar. Florianópolis, 2001.
MAUS TRATOS NOS IDOSOS: UMA REALIDADE
EMERGENTE
Tânia de Fátima Simões Rodrigues - ARS do Centro, IP –ACES Pinhal Interior Norte
I; Centro de saúde de Tábua; Enfermeira
Marisol dos Santos Castelo Branco
Nunes Simões - ARS
do Centro, IP - ACES Baixo Mondego I; Centro de Saúde Norton de Matos;
Enfermeira
Ana Teresa Lourenço Santos Ruivo
Martins - Centro Hospitalar de
Coimbra, IP; Maternidade Bissaya Barreto; Enfermeira
Introdução e justificação: Os progressos registados ao nível científico, tecnológico, biomédico e
social, a par de um conjunto de factores demográficos, têm vindo a permitir que
os seres humanos vivam por períodos cada vez mais longos (Fernández-Ballesteros,
2004). Apesar de podermos interpretar esta longevidade como uma conquista da
sociedade moderna, o envelhecimento encontra-se associado ao fenómeno do mau
trato.
A violência cometida contra o idoso tem vindo a
aumentar em Portugal, onde por várias razões se tem vindo a assistir à perda de
protagonismo do idoso no seio da família. O reconhecimento de que os idosos
eram vítimas de mau trato na família foi tardio, sendo que só em finais dos
anos 70, início dos anos 80, tal foi reconhecido como um grave problema social.
Porém, o reconhecimento da violência contra as mulheres idosas foi ainda mais
tardio, sendo que a literatura anterior a 1990 era praticamente omissa
nestaquestão (Vinton, 2001). Importa assim, inserir a violência contra o idoso
como um tipo de violência familiar, cada vez mais visível e real.
Objectivos: Com este trabalho, pretende-se fazer uma análise da realidade actual e sua
evolução.
Metodologia: Como metodologia foi utilizada a revisão bibliográfica e a consulta de
alguns dados publicados sobre o tema.
Resultados: A Associação de Apoio à Vítima assinalou, em 2009, 642 pessoas idosas
vítimas de crime, cerca de 13 por semana (média de 2 por dia).O
perfil da vítima idosa é a mulher, com o 1º ciclo de ensino, casada e
reformada, com idade entre os 65 e 75 anos. Verificou-se igualmente um
significativo aumento no número de vítimas do sexo masculino, agredidas,
principalmente pelos filhos. A violência doméstica está presente em mais de 70%
do total de crimes contra idosos, praticados principalmente na casa que
partilham com os agressores. Segundo um estudo de
Conclusões: O Plano Nacional de Saúde 2004-2010 e o Programa Operacional Saúde XXI
(Meta 5) referem a importância que deve ser dada ao envelhecimento para que
possa ser activo e saudável de forma a se poder morrer com dignidade, onde a
vida em família seria o mais agradável. No entanto, o nosso país peca por falta
de legislação nesta matéria, onde a criação do Estatuto do Idoso seria
prioritário, no qual se consagrariam todos os direitos e todas as penalizações
a quem os infringisse. Assim, a única lei de protecção que existe aos idosos
está consagrada no Código Penal, no artigo 152º, não esquecendo que esta lei
não se aplica exclusivamente a idosos.
Bibliografia:
- http://www.democraciaberta.com/
[consultado em 07/03/2010];
http://www.apav.pt/portal/pdf/estatisticas_apav_2009sumula.pdf [consultado em
08/03/2010];
- FERNÁNDES - BALLESTEROS, Rocio
- "Gerontologia Social - Una Introccción". Edicciones Pirámide. Madrid. 2004. p.31-54;
- MINISTÉRIO DA SAÚDE –
Programa Operacional Saúde XXI. [Consultado em 06/03/2010].http://www.portaldasaude.pt/portal/servicos/pesquisa/resultados?q=saude%20xxi;
- PORTUGAL. Ministério da Saúde. Direcção Geral de
Saúde – Plano Nacional da Saúde 2004-2010 – Mais Saúde
para Todos. Lisboa. 2004 – 2V. – Vol. I – Prioridades, 88p. – Vol. II –
Orientações Estratégicas, 216 p. ISBN 972-675-110-1;
- VINTON, Linda -
"Violence against older woman" in Sourcebook on violence against
women. California. 2001.p.179-191.
VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR: UM
ESTUDO COM MÃES AGRESSORAS USUÁRIAS DE ÁLCOOL E DROGAS
Ana
Márcia Spanó Nakano - Enfermeira. Professora
Associada Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública. Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Daniela
Borges Bittar - Enfermeira Especialista em Obstetrícia e
Neonatologia. Mestranda em Enfermagem
Marta
Angélica Iossi Silva - Enfermeira. Professora
Doutora do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública. Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Introdução: istoricamente, a
violência atinge todos os setores da sociedade, sendo um fenômeno
multideterminado. Compreender os determinantes da violência é um dos
importantes passos, na saúde pública, para a atenção e prevenção desse
fenômeno.
Objectivos: ompreender
como mães usuárias de álcool e drogas significam a violência perpetrada junto
aos seus filhos, tendo por base seu contexto histórico e social, a fim de
entender suas ambigüidades e os motivos da agressão; o que perpassa pela
análise da construção social para o exercício dos papéis maternos e de fatores
associados, tais como sua condição social e relacional, além do consumo de
álcool e drogas.
Metodologia: ptamos
pela abordagem qualitativa. O recorte empírico foi dado por saturação, sendo
composto por 10 mulheres, mães, maiores de 18 anos, as quais vivem em um
contexto de álcool, drogas e violência. Na coleta de dados utilizou-se a
História de Vida e entrevista; e, para o tratamento dos dados, a análise de
conteúdo, modalidade temática.
Resultados: preendemos
das falas das 10 mulheres dois momentos distintos de suas vidas: seu passado na
família de origem e o presente na família atual que, embora separados pelo
tempo, guardam relações. No contexto da família de origem temos as seguintes
categorias temáticas: Convivendo com as perdas: “... eu fiquei pro mundo”; Convivendo com alcoolismo, pobreza e
violência em família e; Convivendo com afetos e desafetos: “eu achava tão bom, tão gostoso quando ela me chamava de filha, era
muito raro, muito raro”. No contexto da família atual temos: “Eu tentei construir uma família... bem ou
mal ela ta ai”; “Minha vida da infância ao casamento parece que foi igual (...)
continuei sendo agredida” e; “Eu bato
nele sim (...), mas em vista do que eu fui tratada, eu trato ele muito bem”. Entendemos
que compreender estas questões nos possibilita encontrar caminhos que vão além
de medidas protetivas, como comumente se utiliza a violência infantil mantendo
crianças em abrigos. A família é reconhecidamente fundamental no trabalho de
proteção integral a crianças e adolescentes. Acreditamos ser importante um
trabalho junto aos agressores, que também requerem ser cuidados, ajudando-os a encontrar
caminhos para recuperarem sua dignidade e respeitabilidade.
Bibliografia:
- LVA,
L. M. P., NASCIMENTO C. A. D.; SILVA I. R.; GUIMARÃES, K. N. Violência doméstica contra crianças e
adolescentes. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.