VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES: ESTUDOGENERIFICADO DAS NOTIFICAÇÕES DE OCORRÊNCIA NO MUNICÍPIO DE ITAPEVI, SP

Rebeca Nunes Guedes; Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca; Emiko Yoshikawa Egry; Fernanda Parro Nigro Tezzei; Ariane Ruiz Gutierres - Universidade de São Paulo – EEUSP

rebecanunesguedes@usp.br

 

Introdução e justificação: A violência contra a mulher é um dos mais graves problemas da atualidade e se deve à construção social da feminilidade e da masculinidade que resulta na dominação das mulheres pelos homens. Recentemente têm sido elaboradas políticas públicas de gênero para seu enfrentamento.Mas quais têm sido os percalços enfrentados por elas?

Objectivo: O presente estudo objetivou levantar e analisar os casos notificados de violência contra as mulheres, reportadas às Delegacias de Defesa da Mulher (DDM) e reconstruir os caminhos que elas percorrem para denunciar seus agressores.

Metodologia: O cenário escolhido foi o Município de Itapevi, Região Metropolitana de São Paulo, que não conta com DDM. Trata-se de um estudo quantitativo, exploratório e descritivo, embasada na perspectiva de gênero. Os dados foram coletados nos boletins de ocorrência das DDMs de municípios vizinhos, referentes a 2006 e 2007.

Resultados: Os resultados mostraram que: as maiores causas das denúncias foram lesão corporal dolosa (49%) e a ameaça (42%); a faixa etária das vítimas se encontrava entre 20 e 49 anos (93%); quase a totalidade dos agressores (97%) é do sexo masculino e mais da metade das vítimas mora com eles (69%); o uso de bebida alcoólica foi associado em cerca de um quarto.

Conclusões: Conclui-se que as mulheres vítimas de violência do Município de Itapevi notificam o fato nas DDMs de municípios vizinhos, percorrendo um caminho difícil, longo, dispendioso e muitas vezes sem amparo institucional. É urgente a instalação de aparelho jurídico-assistencial perto dos domicílios para possibilitar um atendimento e acompanhamento de qualidade a essas mulheres e de seus agressores, além de capacitação generificada dos profissionais que as atendem.

Bibliografia:

- Fonseca, RMGS. Práticas profissionais e violência contra as mulheres: um recorte de gênero e classe social. Relatório de Pesquisa. São Paulo: Escola de Enfermagem da USP; 2007.


 

A VIOLÊNCIA EXPOSTA EM VÍDEOS

Jacqueline Fernandes de Cintra Santos; Sandra Maria Becker Tavares; Kátia Regina de Barros Sanches - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva – UFRJ/ Brasil

jacqueline.cintra@terra.com.br

 

Introdução: Violência em si mesma traz inúmeros significados tais como agressividade, coação, dano físico, moral, psicológico ou patrimonial, restrição de autonomia, integridade física ou psicológica seja em nível individual ou coletivo. Como a violência é perversa e cada vez que nos deparamos com notícias sobre violência, nos diversos canais da mídia, algo em nós se modifica sucessivamente há a elaboração de um pensamento que inicia um processo avaliativo que originará uma decisão (ação ou omissão) e refletirá para o grupo no qual fazemos parte, influenciando o modo de ser e estar no mundo. Devido a disponibilidade de informações na internet, o YouTube é um site mundial de compartilhamento de vídeos desde 2005, como nele existem inúmeros vídeos sobre violência, ele se torna um importante instrumento de divulgação de pensamentos e atitudes.

Objetivos: Este estudo objetiva caracterizar os vídeos mais acessados sobre a temática postados no site, identificando as categorias de violência mais acessadas e caracterizar dentre estes a duração, o número de exibições, avaliações e favoritos.

Método: A Internet possibilitou a criação de espaços de encontro de expressão transcultural. O modo de se mostrar através da linguagem escrita, falada, corporal, sinais paralinguisticos ou do cuidado com a mídia empregada da web revelam grupos virtuais com características comuns em seu viver no ciberespaço. Assim, a metodologia escolhida para este estudo foi a Netnografia, empregada para estudar comunidades virtuais puras ou derivadas, ou como ferramenta exploratória para diversos assuntos em meio virtual. Os vídeos foram estudados no período de abril de 2008 a abril de 2009, e como critérios de inclusão neste estudo foram: grupo de vídeos mais acessados no período de abril de 2008 a abril de 2009, disponíveis na língua portuguesa e que tratassem da temática em voga.

Resultados: As categorias encontradas de violência foram as sexual, na escola, policial, doméstica, infantil, no trânsito e no esporte. Os vídeos mais exibidos foram os que abordavam as categorias de violência policial e sexual. A duração variou de 24 segundos a 9 minutos e 30 segundos, e os que receberam um maior número de avaliações foram àqueles relacionados à violência policial e na escola. Na sua maioria foram eleitos como favoritos pela rede social que acessa o You Tube os vídeos, os que apresentavam violência policial em primeiro lugar, seguido de violência doméstica seguida de violência na escola.

Conclusões: A violência é veiculada na mídia como um espetáculo, usando-se muitos recursos de teledramaturgia em cima dos documentários postados; as reportagens de Tv e vídeos publicitários são os mais acessados, mas com pouca diferença entre os flagrantes e vídeos caseiros, não havendo distinção de escolha considerável entre a imagem real e a criada.

Bibliografia:

- KOZINETS, Robert. The Field Behind the Screen: Using Netnography for making Research in Online Communities. In: Journal of Marketing Research, 39, 2002.

- MATOS, A.P.M. Televisão e violência: (para) novas formas de olhar. In: Comunicar: Revista científica iberoamericana de comunicación y educación, Nº 25, 2, 2005.

- M.C.S. MINAYO, E.R, SOUZA. É possível prevenir a violência? Reflexões a partir do campo da saúde pública. Ciênc. saúde coletiva, vol.4, no.1. Rio de Janeiro, 1999.

- RUIZ, P.T et al. Violências en internet: nuevas victimas, nuevos retos. Liberabit 15(1), 2009.

- ARENDT, A. Sobre a Violência. Relume-Dumará: Rio de Janeiro. 1994.


 

MULHERES IMIGRANTES E VIOLÊNCIA DE GÊNERO NO CASAL: RETRATO DE EXPERIÊNCIAS COM RECURSOS SOCIAIS

Roberta de Alencar Rodrigues; Leonor Cantera -  Universidad Autónoma de Barcelona; Departamento de Psicología Social

raroberta@hotmail.com

 

Introdução e justificação: Esta investigação retrata a violência de gênero no casal contra as mulheres imigrantes latino-americanas em Barcelona, Espanha. A relevância de este estudo se assenta no aumento da população imigrante em Barcelona, pois passou de 74.019 em janeiro de 2001 a 294.918 em janeiro de 2009. Sabe-se que as mulheres imigrantes se posicionam em situação de maior vulnerabilidade devido às condições do processo migratório como a falta de redes de apoio, a dificuldade de encontrar trabalho e o desafio de conciliar a vida laboral com as tarefas familiares. No entanto, elas têm capacidade de resistência que lhes permitem buscar formas de romper com a

relação abusiva.

Objectivos: Pretende-se mostrar os recursos sociais aos que as mulheres recorreram em busca de auxílio, bem como a sua percepção no que concerne à assistência recebida.

Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa exploratória que pretende traçar a trajetória realizada pelas mulheres imigrantes que sofreram violência de gênero no casal ao buscar ajuda para romper com a situação de maltrato.

Resultados: Algumas das mulheres imigrantes latino-americanas buscaram a assistência de trabalhadores sociais por questões relacionadas com o dinheiro, os(as) quais as derivaram para intervenções dirigidas diretamente ao problema de violência. Reconhece-se que as mulheres imigrantes que sofreram maltrato podem deixar a relação abusiva e retornar muitas vezes, e, com isso, aprendem muitas habilidades de enfrentamento. A prática de uso de remédios para amenizar o impacto da violência nas relações de intimidade foi verificada entre as mulheres entrevistadas nesta pesquisa.

Conclusões: É imprescindível que, nos serviços sociais, haja material informativo à disposição das mulheres imigrantes que expliquem sobre seus direitos legais, subsídios, moradia, trâmites de imigração. Considerando que as tentativas repetidas de manejar o abuso configuram a experiência de violência, recomenda-se que os trabalhadores que atendem diretamente as mulheres imigrantes nos serviços sociais adotem uma atitude destinada a compreendê-las independente de quantas vezes elas tenham recorrido ao serviço social. Sabe-se que a violência nas relações de intimidade pode acarretar inúmeros efeitos na saúde física e emocional da mulher, que pode utilizar tranqüilizantes como forma de lidar com problemas de ansiedade e depressão. Busca-se sublinhar o fato de que a mulher não está doente, mas sim maltratada. Assim, mostra-se que o efeito a curto prazo oferecido pela medicação ajuda temporariamente suportar o problema, porém não é uma medida efetiva de intervenção. Finalmente discute-se que a experiência vivida pelas mulheres imigrantes nos serviços sociais depende dos(as) profissionais que lhes atenderam, pois, por um lado, há trabalhadores sociais com formação específica em género e sensibilidade, mas, por outro lado, existem profissionais que podem revitimizá-las.

Bibliografia:

- Anderson & Saunders (2003). Leaving an abusive partner: An Empirical Review of Predictors, the Process of Leaving, and Psychological Well-Being. Trauma Violence Abuse, vol. 4, nº2, pp. 163-191.

- Ayuntamiento de Barcelona (2009). Informes Estadísticos: La población extranjera a Barcelona 2009. Extraído el 3 de octubre de 2009 desde http://www.bcn.es/estadistica/catala/dades/inf/pobest/index.htm

- Instituto de la Mujer (2009). Denuncias por malos tratos producidos por la pareja o expareja (1), según nacionalidad. Extraído el 2 de octubre de 2009 desde http://www.inmujer.migualdad.es/mujer/mujeres/cifras/violencia/denuncias_tablas.htm

- Instituto Nacional de Estadística (2009). Avances del Padrón municipal a 1 de enero de 2009: Datos provisionales. Extraído el 2 de octubre de 2009 desde http://www.ine.es/jaxi/menu.do?type=pcaxis&path=/t20/e245/&file=inebase

- Mullender (2000). La violencia doméstica: una nueva visión de un viejo problema: Barcelona: Paidós.

- Las Tejedoras (2009). Depende de quién te toque: ¿Para qué sirve el trabajo social? Extraído el 25 de enero de 2010 desde www.diagonalperiodico.net