AGRESSÃO CONTRA A MULHER NO BRASIL - CID
10 CÓDIGO W50
Sandra Maria Becker Tavares; Jacqueline Fernandes de Cintra Santos -
Instituto de Estudos
Introdução: A violência
contra a mulher é um fenômeno complexo, com “raízes profundas nas relações
de poder baseadas no gênero....” e nas instituições sociais (Heise et al.
1994) e muitos casos sequer chegam a ser confirmados ou denunciados. A violência
física contra a mulher assume formas de “agressões físicas como golpes, tapas,
chutes e surras, tentativas de estrangulamento e queimaduras,...” (Day et
al, 2003) e o CID 10 no grupo de causas externas, o subgrupo W50 (golpe,
pancada, pontapé, mordedura infligida por outra pessoa), torna-se um caminho
possível para identificar esta agressão.
Método: Este estudo descritivo,
quantitativo, analisou dados obtidos no DATASUS sob enfoque epidemiológico
e de morbidade, sobre o número de mulheres com internações hospitalares por
local de residência pelo código W50 do CID10, em aglomerados urbanos brasileiros,
de janeiro de
Resultados: A violência fora das cidades é relevante, pois o maior número de internações ocorreram nas zonas rurais das regiões sul , centro-oeste e norte. Apenas as regiões sudeste e nordeste tiveram o maior número de casos em aglomerações urbanas.
Conclusão: Os fatores culturais baseados na organização social de gênero tão freqüente nos países latino americanos, acabam por naturalizar o fenômeno da violência que se destaca em áreas fora do aglomeramento urbano, onde a mulher em geral se ocupa de atividades domésticas e agrícolas, que podem determinar os índices encontrados. Outro ponto a ser destacado é a importância da visibilidade do setor saúde como um espaço privilegiado para identificar, tratar e imputar ações de prevenção deste fenômeno e caracterização de internações pelo CID10, código W50, que pode traduzir indicativos para elaboração e aperfeiçoamento de políticas públicas que minimizem os índices de violência e ampliem a cobertura de prevenção e acolhimento das vítimas.
Bibliografia:
- DAY, V.P. et al. Violência doméstica e suas diferentes manifestações. Revista
Psiquiatria. RS, 25 (suplemento 1): 9-21, abril 2003.
- HEISE,
L.; PITANGUY, J. & GERMAIN, A., 1994. Violencia contra
- OPS (Organización Panamericana
de
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA PERSPECTIVA DA ENFERMAGEM
Marta Cocco - EENF/UFRGS/GESC. UFSM/CESNORS
Sandra Maria Cezar Leal – EENF/UFRGS/GESC. Unisinos. Brasil
Maria Filomena Mendes Gaspar – ESEL. Portugal
Marta Julia Marques Lopes – EENF/UFRGS/GESC. Brasil
Muitas das mulheres em situação de violência atendidas
nos serviços de saúde não são identificadas como tal, e o tratamento se restringe
ao ferimento ou à lesão física. Considera-se que identificar as Representações
Sociais da violência na compreensão das enfermeiras são elementos teóricos
para análise, que poderão subsidiar a construção do processo assistencial,
comprometido com a integralidade do atendimento à saúde. O objetivo é conhecer
as dimensões significantes das representações sociais da violência contra a
mulher (VCM) em um grupo de enfermeiras(os) alunas(as) de uma Escola Superior
de Enfermagem de Lisboa. Estudo exploratório qualitativo com respaldo teórico
das Representações Sociais. Participaram 150 enfermeiras(os) estudantes do
Curso de Complemento de Formação em Enfermagem e da Licenciatura de Especialização
em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia. Dados coletados por questões
estímulos, submetidos ao programa informático DataVic 4.3 (LEBART, 2008). Os
universos semânticos associados à VCM, foram identificados pela Análise Fatorial
de Correspondências Simples. Considerou-se os Fatores 1, 2 e
Bibliografia:
- BARROSO, Zélia. Violência nas relações amorosas: uma análise sociológica dos casos detectados nos Institutos de Medina Legal de Coimbra e do Porto. Lisboa: Edições Colibri/SociNova, 2007.
- LEBART, Ludovic. DtmVic 4.3. Paris: Telecom-Paristech. 2008. Disponível em: <http://ses.telecom-paristech.fr/lebart/> Acesso em: 14 dez. 2008.
MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA VIOLÊNCIA
CONTRA A MULHER EM ÁREAS RURAIS: REPERCUSSÕES PARA A SAÚDE
Marta Cocco - EENF/UFRGS/GESC. UFSM/CESNORS
Sandra Maria Cezar Leal - EENF/UFRGS/GESC.
UNISINOS
Marta Julia Marques Lopes - EENF/UFRGS/GESC
Graciliana Elise Swarowsky - EENF/UFRGS/GESC
Elisiane Gomes Bonfim - EENF/UFRGS/GESC. FUESPI
O estudo aborda as representações
sociais da violência contra a mulher no meio rural. Insere-se em um projeto
financiado pelo CNPq 57/2008, desenvolvido pelo Grupo de Estudos
Bibliografia:
- LEAL, Sandra Maria Cezar; LOPES, Marta Julia Marques. Vulnerabilidade à morbidade por causas externas entre mulheres com 60 anos e mais, usuárias da atenção básica de saúde. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 5, p. 309-316, 2006.
- MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978. 291 p.
- SCHRAIBER, Lilia; D’OLIVEIRA; Ana Flávia; HANADA, Heloísa; FIGUEIREDO, Wagner; COUTO, Márcia; KISS, Lígia ; DURAND, Júlia; PINHO, Adriana. Violência vivida : a dor que não tem nome. Interface - Comunic. Educ, v. 6, n. 10, p. 41-54, fev, 2003.
Marta Cocco - EENF/UFRGS/GESC. UFSM/CESNORS. Brasil.
Sandra Maria Cezar Leal – Enfermeira.
Doutoranda em Enfermagem pela EENF/UFRGS. Mestre em Enfermagem - EENF/UFRGS.
Docente da Unisinos. Brasil.
Joannie dos Santos Fachinelli Soares – Enfermeira. EENF/UFRGS. Brasil.
Marta Julia Marques Lopes – Enfermeira. Doutora em Sociologia, docente Titular da EENF/UFRGS. Brasil.
Graciliana Elise Swarowsky – Enfermeira, Mestranda em Enfermagem, EENF/UFRGS. Brasil.
As mulheres são um grupo populacional vulnerável à morbidade por Causas Externas (CEs) intencionais, em particular as violências. Estudos apontam a prevalência das agressões à mulher predominantemente no espaço doméstico, perpetrada por homens de sua relação (LEAL, LOPES, 2006). A violência doméstica tende a ser naturalizada pelo senso comum, refletindo as desigualdades nas relações de poder entre homens e mulheres. No meio rural, as mulheres encontram em piores situações de vulnerabilidade social, associadas à falta de informação e ao precário acesso aos serviços estatais, o que potencializa as assimetrias de gênero nas relações afetivas homem/mulher. Essas desigualdades afetam as diferentes dimensões da vida social – em particular a saúde no enfrentamento das violências, e reverberam de modo perverso nos dados sobre mortalidade e morbidade entre este segmento populacional (SOARES, 2009). Nesse sentido, o objetivo do estudo foi analisar as situações de violência a partir dos relatos de mães adolescentes residentes em meio rural. O estudo desenvolveu-se a partir de uma abordagem qualitativa, sustentando-se no método biográfico. Os sujeitos são 16 mães adolescentes residentes em meio rural, na região sul do Rio Grande do Sul/Brasil. A coleta de dados foi por meio de entrevistas biográficas temáticas. A análise dos dados ocorreu a partir da técnica de análise de conteúdo temático (MINAYO, 2007). As adolescentes entrevistadas relataram sofrer diferentes formas de violência, principalmente agressões psicológicas e físicas praticadas por seus companheiros. Os relatos apontam para a vulnerabilidade das adolescentes, em especial, das que tiveram casamentos impostos pelo fato de terem ficado grávidas. Além disso, a falta de oportunidade e alternativas para optarem por melhores situação de vida para si e para os filhos. Identificou-se que um sentimento de inconformidade com essas situações, entretanto os medos de represálias e do aumento da violência, associados com a falta de apoio da família de origem, as deixam impotentes para reagir. Considera-se que a invisibildade cultural da violência contra a mulher e a consequente “solidão” no enfrentamento dessa situação é vivida por muitas mulheres, o que atesta a permanência das assimetrias de poder entre os sexos e a ausência de políticas públicas que auxiliem nesses enfrentamentos. Salienta-se que no meio rural a vulnerabilidade ainda é reforçada pela dificuldade de acesso aos serviços estatais, em particular para as jovens.
Bibliografia:
- LEAL, Sandra Maria Cezar; LOPES, Marta Julia Marques. Vulnerabilidade à morbidade por causas externas entre mulheres com 60 anos e mais, usuárias da atenção básica de saúde. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 5, p. 309-316, 2006.
- MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 10 ed. São Paulo - Rio Janeiro: HUCITEC-ABRASC, 2007.
- SOARES, Joannie dos Santos Fachinelli. Biografias de gravidez e maternidade na adolescência em assentamentos rurais de encruzilhada do sul / RS. Trabalho de Conclusão de Curso. Escola de Enfermagem Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2009.
NECESSIDADES
Rebeca Nunes Guedes; Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca; Emiko Yoshikawa Egry - Universidade de São Paulo-Escola de Enfermagem
Introdução e justificação: As mulheres que vivenciam violência têm problemas e necessidades de saúde específicas, de modo que as práticas de saúde dirigidas a este grupo devem tomar como objeto de trabalho as necessidades geradas por seus processos de vida. Cerca de 35% das queixas que levam as mulheres a buscar serviços de saúde estão relacionadas com algum tipo de violência e que uma em cada três mulheres assistidas na Estratégia Saúde da Família (ESF) já experimentaram algum tipo de violência ao longo de sua vida.
Objectivos: Conhecer a organização da ESF em relação às necessidades em saúde de mulheres que vivenciam violência e sua potência em contribuir com a emancipação da opressão de gênero e o enfrentamento da violência contra as mulheres.
Metodologia: Desenvolvido
Resultados: O estudo revelou que os processos de trabalho voltados para as mulheres que vivenciam violência apresentam limites e possibilidades para o reconhecimento e as respostas às suas necessidades de saúde: limitações quanto à reprodução do processo medicalizador de necessidades e possibilidades relacionadas com a criação de vínculos entre profissionais de saúde e usuários.
Conclusões: Consideramos importante a capacitação dos profissionais da ESF na perspectiva de gênero para a prevenção e enfrentamento da violência; A criação de instrumentos que permitam a captação sistemática da violência nos serviços de saúde, para o desenvolvimento de práticas em saúde planejadas e executadas a partir das necessidades das mulheres que vivenciam violência, fenômeno que requer uma maior visibilidade, atenção específica e sua generificação.
Bibliografia:
- World Health Organization. Multi- country study on Women’s Health and
domestic violence.WHO;
VIOLÊNCIA ENTRE ADOLESCENTES
Rosilâine Keffer Delfino – Enfermeira formada pela Universidade Federal de Rondônia-Unir, Pesquisadora do Observatório de Violência-Obsvi/Unir laynekeffer@yahoo.com.br
Maria Inês Ferreira de Miranda - Professora Doutora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Rondônia-UNIR e Coordenadora do Observatório de Violência-Obsvi/Unir
Bianca Col Debella – Discente do 6º Período do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Rondônia-UNIR
Renata Oliveira Restier – Discente do 6º Período do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Rondônia-UNIR
Marcuce Antônio Miranda dos Santos -Especialista em Saúde da Família pela Universidade Federal de Rondônia-Unir e Ministério da Saúde-MS
A violência é conceituada como uma violação da ordem e das regras da vida
Descritores: Adolescente,
violência, escola.
Bibliografia:
- ABRAMOVAY, M.; RUA, M.G. Violência nas escolas. Brasília. Unesco, 2002.
VIOLÊNCIA
CONTRA A MULHER: A VISÃO SOBRE O SUPORTE E APOIO RECEBIDO
Ana Márcia
Spanó Nakano - Enfermeira. Professora Associada Departamento de Enfermagem
Materno-Infantil e Saúde Pública. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo.
Liliane
Nascimento de Santi - Odontologista. Professora Doutora.
Universidade Federal do Pará
Angelina
Lettiere - Enfermeira.
Mestranda. Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Introdução: A
atenção fragmentada e pontual às mulheres em situação de violência pouco responde
as necessidades prementes das vítimas, o que requer esforços conjuntos de todos
os setores sociais para a continuidade da atenção nos aspectos físico, emocional,
social e jurídico.
Objectivos: Identificar
como as mulheres em situação de violência constroem sua rede de apoio e suporte
e como utilizam esses recursos.
Metodologia: Estudo qualitativo realizado no
Núcleo de Odontologia Legal do Instituto
Médico Legal de Ribeirão Preto. Foram entrevistadas 57 mulheres vítimas
de violência doméstica, tipo lesão corporal dolosa, atendidas no período de
maio/2005 a outubro/2006, através da
técnica de depoimento pessoal1. O estudo foi analisado com base na analise de conteúdo modalidade
temática2. Os critérios éticos da Resolução
196/96 do CNS foram obedecidos com a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP.
Resultados e discussão: A
violência sofrida ocorreu, principalmente, dentro da residência em 41 mulheres
e o agressor em 89,6% dos casos eram conhecidos, sendo que desses 36 constituíam-se
de maridos e namorados. Depreenderam-se das falas três categorias temáticas: Exposição da violência: a ajuda
ocorre, a princípio, em seu próprio meio social, junto à família e
aos amigos, por se sentirem invadidas em sua privacidade. Os serviços de saúde: depende de como percebem a gravidade de seu
estado físico de saúde, não atendendo as mulheres na integralidade de suas
necessidades de saúde. A delegacia: diferentemente
do que poderiam esperar, que a queixa fosse o marco de ruptura com sua condição
de vítima, esta as colocam frente a uma realidade de desamparo e descrença
na justiça social.
Conclusões: Os
resultados mostram a desarticulação e inoperância das instituições sociais
de suporte. É necessário pensar em estratégias que proporcionem cuidados integrais
e humanizado que inclua atendimento multidisciplinar em conjunção com setores
da sociedade.
Bibliografia:
1. Rigotto RM. As técnicas e relatos
orais e o estudo das representações sociais
2. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70;1977
VIOLÊNCIA
E SAÚDE: A COMPREENSÃO DOS SIGNIFICADOS PARA UM GRUPO DE MULHERES VÍTIMAS
DE VIOLÊNCIA
Ana Márcia
Spanó Nakano - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São
Paulo.
Liliane
Nascimento de Santi - Universidade Federal do Pará
Angelina
Lettiere -. Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto, Universidade de São Paulo
Marislei
Sanches Panobianco - Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto, Universidade de São Paulo
Introdução: A violência contra a mulher constitui-se no
maior problema a ser enfrentado devido às seqüelas à saúde. Frente
a esta realidade, no campo da saúde, os profissionais e cientistas, em conjunção
com as redes, devem preocupar-se com a prevenção e intervenção para o combate à violência.
Objectivos: O objetivo foi identificar
como a mulher vitimizada percebe as lesões provocadas pela agressão e a relação
com sua saúde bucal e condição de saúde.
Metodologia: Estudo descritivo
de abordagem qualitativa realizado no Núcleo de Odontologia Legal do Instituto Médico Legal de Ribeirão
Preto. O universo empírico foi composto por 67 mulheres vítimas de violência
doméstica que sofreram traumas faciais, atendidas no período de maio/2005 a
outubro/2006. Os dados foram coletados
por entrevistas semi-estruturadas através da técnica de depoimento pessoal1.
O estudo foi analisado com base na análise de conteúdo modalidade
temática2. Os critérios éticos da Resolução
196/96 do CNS foram obedecidos com a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto.
Resultados e discussão: Na
análise depreende-se 3 categorias temáticas: Contexto da violência: configurada no
espaço privado delimitando as relações de poder. Compreensão da violência sofrida: as marcas da violência despertam
desejos de mudanças, colocando limites para si e para o outro nas relações,
o que constitui um marco de transformação pessoal e social. Conseqüências da violência para a saúde: as mulheres não percebem
as lesões/comprometimento a sua saúde, particularmente na saúde bucal. Há uma
visão reduzida do que é saúde, ou seja, ter saúde é manter as capacidades básicas
de trabalho e cuidado com os filhos.
Conclusões: Frente a este resultado é importante considerar a condição
de fragilidade social as quais estas mulheres se encontram, para acolher
e indicar caminhos para que consiga resgatar a condição de ser mulher inteira
novamente.
Referências:
1. Rigotto RM. As técnicas e relatos
orais e o estudo das representações sociais
2. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70;1977.
Ambigüidades e
Contradições no atendimento de Mulheres que sofrem violência¹.
Wilza Vieira Villela; Lucila A. Carneiro Vianna; Eleonora Menicucci de Oliveira - UNIFESP
Lia Fernanda Pereira
Lima; Danila C. Paquier Sala; Mariana Lima Vieira - alunas bolsistas do projeto
Resumo: Este artigo discute
o atendimento de mulheres em situações de violência por serviços de saúde e
de segurança pública. Tem como pressuposto que as atuais políticas de enfrentamento
da violência contra as mulheres prevêem ações destas duas instituições. Baseia-se
na análise de três elementos que compõem a prática: o espaço físico, o fluxo
dos serviços e a percepção dos profissionais em relação às usuárias. Seus dados
foram obtidos em estudo qualitativo realizado em unidades básicas de saúde,
serviços de emergência de hospitais públicos, delegacias especializadas de
atendimento a mulheres e distritos policiais de uma região da cidade de São
Paulo A coleta de dados incluiu observação não participante e entrevistas com
profissionais. Os resultados apontam
que o atendimento às mulheres que sofrem violência é marcado por ambigüidades
e contradições; os espaços e fluxos de trabalho são pouco adequados à tarefa
tão sensível e a percepção dos profissionais é permeada por estereótipos de
gênero. Isto sugere a que o enfrentamento da violência contra as mulheres exige
a reconfiguração das práticas de trabalho, com educação permanente para os
profissionais e mudanças nos processos de trabalho.
Palavras-chave: violência institucional, violência contra as mulheres, serviços de saúde, serviços de segurança pública, promoção de saúde.
Bibliografia:
- D'OLIVEIRA, A. F. P. L. ; Kiss, L. B.; Schraiber,
L. B . Possibilidades de uma rede intersetorial de atendimento a mulheres em
situação de violência. Interface. Comunicação, Saúde e Educação, v. 11, p. 485-501, 2007.
- d’Oliveira A. F. P. L., DINIZ, S. G. , Schraiber, L. B.- Violence against women
in health-care institutions: an emerging problem. The Lancet, Vol 359,
- MINAYO, Maria Cecília de Souza. Anthropological contributions for thinking and acting in the health area and its ethical dilemas. Ciênc. saúde coletiva 2008, vol. 13, no. 2, pp. 329-339
- Oliveira, M.E.
et all – Os Serviços de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Sexual:
um estudo qualitativo. Rev. Saúde Pública, vol. 35 (3), pp. 375-382, 2005.
-
- VILLELA, W. V.; LAGO, T.. Conquistas e desafios no atendimento das mulheres que sofreram violência sexual Cadernos de Saúde Pública, v. 23, n. 2, p. 471-475, 2007.
A VIOLÊNCIA NO
ATENDIMENTO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Vianna, L; Fernandes, ML; Oliveira, EM - Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP / Brasil
B D’A, Formigoni - Estudante do 4º ano de graduação em Enfermagem
Objetivos: Identificar
que mecanismos produzem violência e como se dá na relação profissional-usuário
e profissional-profissional nos Serviços de Saúde.
Método: estudo qualitativo, exploratório e analítico da percepção
de usuários e profissionais que atuam em três unidades básicas de saúde,
serviços de emergência e de ambulatórios de dois hospitais públicos de grande
porte. Sujeitos: indivíduos atendidos em serviços
de saúde; profissionais envolvidos no atendimento em unidades básicas de
saúde e em hospitais de grande porte e ambulatórios da rede pública e pertencente à SPDM e Delegacia
de Defesa dos Direitos das Mulheres do Distrito da Vila Mariana e Delegacias
de Polícia do mesmo Distrito. Foram considerados: espaço físico, fluxo do
atendimento e a perspectiva do profissional. Um questionário norteador da
entrevista e os dados sobre violência foram transcritos dos Boletins de Ocorrência
dos serviços.
Conclusões: o estresse causado pelas condições de trabalho
se projetam na forma de agressão inter-pessoal e ao mal trato dos usuários
por ocasião do atendimento. Percebeu-se a dicotomia entre as equipes profissionais e entre
profissional e usuário. A violência aparente ou explícita aflora no mal
atendimento. O componente emocional define o atendimento. O entendimento da violência pelos usuários
relacionou-se com hostilidade sentida no relacionamento interpessoal com
os profissionais, o descaso no atendimento pelos profissionais, pela falta
de informação do estado de saúde e a falta de interesse quanto ao conhecimento
do diagnóstico, significando a antítese do apoio que a instituição de saúde
deveria oferecer ao usuário.
Palavras-chave: violência, atendimento nos serviços de
saúde.
Bibliografia:
- D´OLIVEIRA, A. F. L., DINIZ, S.G.,
SCHRAIBER, L. B. & (2002) Violence against women in health-care institutions:
an emerging problem. The Lancet, v.
359, may 11.
- EISELE, WATKINS, MATTHEWS, (1998) Workplace violence at government sites American J. of Industrial Medicine v. 33 Issue
5, p.485–492.
- GRANDEY , A.A., DICKTER D.N., HOCK, SIN PENG (The customer
is not always right: customer aggression and emotion regulation of
service employees
- MCPHAUL, KATHLEEN M., LIPSCOMB, JANE A. (2004) Workplace Violence in Health care: Recognized but not Regulated www.nursingworld.org/MainMenuCategories/ANAMarketplace/ANAPeriodicals/OJIN/TableofContents/v
.9 n.3 sept.04 Violencein healthcare.aspx .
- VIANNA, L.A.C;
BONFIM, G.F.T. CHICONE, G. (2006) A auto- estima das mulheres que sofreram
violências.. Revista Latino-Americana de Enfermagem (Ribeirão Preto). , v.14,
p.695 - 701,
-VILLELA, W. ; VIANNA, L. A. C.; LIMA, L.F.P. SALA, D.P.
VIEIRA, M.L.; OLIVEIRA, E. M. (2010) Ambigüidades e Contradições no Atendimento
de Mulheres que sofrem Violência. Saúde
e Sociedade - ISSN 0104-1290 (prelo)
QUANDO O MALTRATO
LABORAL ATINGE A BARREIRA DA INTIMIDADE
Ana Lúcia da Silva João - Hospital Distrital de Santarém; Serviço de Cirurgia Geral; Enfermeira
António Fernando Saldanha Portela - Escola Secundária com 3º Ciclo de Tondela; Educação Especial; Professor de Educação Especial
Introdução e justificação Muitos locais de trabalho desestruturados, competitivos e com uma má organização, desencadeiam a perversão em pessoas ávidas de poder e sem escrúpulos. Neste contexto, o maltrato infligido caracteriza-se pela degradação das condições de trabalho, na qual prevalecem condutas negativas com colegas em igual posição laboral, chefes ou subordinados. Mediante este tipo de violência existe sempre uma relação de poder entre os intervenientes, mesmo entre os que ocupam categorias laborais idênticas. O agressor consegue ser perverso, na medida em que escolhe as vítimas, Hirigoyen (2002) defende que a maioria destas são pessoas sem apoio e solitárias (pessoas solteiras, viúvas ou divorciadas). Em alguns casos, a agressão no local de trabalho atinge um âmbito privado, são exemplos característicos a difamação e o assédio sexual. Gonzaléz de Rivera (2005) define o assédio sexual como uma forma de abuso que inclui a agressão repetida e continuada de uma pessoa com motivações de ordem sexual, exercida a partir de uma posição de poder, física, mental ou hierárquica. Na opinião de Alkimin (2005) existem três elementos básicos caracterizadores do assédio sexual, eles são:
• Constrangimento consciente e contrário ao ornamento jurídico pois impõem à vítima atitude contrária à sua vontade;
• Finalidade de obtenção de vantagem ou favorecimento sexual;
• Abuso de poder hierárquico.
Assim, sensibilizar e alertar as pessoas para esta realidade assume uma importância fundamental na prevenção e detecção deste tipo de comportamentos, necessária para melhorar a vida profissional dos trabalhadores.
Objectivos: Avaliar a frequência de comportamentos de agressão que comprometem a vida privada da vítima; conhecer as causas de agressão mais referenciadas pelas vítimas de assédio moral no que concerne ao domínio da intimidade.
Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo e de carácter correlacional. O instrumento de colheita de dados utilizado, foi o questionário. Ele era constituído por um primeiro grupo de perguntas que visavam obter informações sócio-demográficas e profissionais e pela escala LIPT-60 (Leymann Inventory of Psychological Terrorization) de González de Rivera & Rodriguez Abuín. Os seis factores principais, constituídos por itens da escala LIPT-60 agrupados de acordo com a sua relação, foram denominados: Desprestígio laboral; Bloqueio ao progresso; Bloqueio à comunicação ou não comunicação; Intimidade encoberta; Intimidação manifesta; e Desprestígio pessoal.
Resultados: Mediante a aplicação do presente questionário a 216 sujeitos que exerciam a profissão de enfermagem num Hospital da Região Sul de Portugal, verificou-se que mais de metade da amostra (51,63%) já tinha observado colegas de trabalho a serem maltratados. No entanto, apenas 18,52% dos sujeitos em estudo assumiram sentir-se vítimas. Desta percentagem 35,65% referem que o agressor crítica a sua vida privada. Algumas causas apontadas para que a agressão ocorra no trabalho são o facto de “Ser Mulher/ser Homem” (12,82%) e de sofrerem assédio sexual (2,5%).
Conclusões: Considero ser necessário que todas as organizações actuem de forma a evitar estes comportamentos, permitindo que as relações interpessoais sejam uma fonte de satisfação e bem-estar baseadas na consideração e respeito mútuos. Afinal, mesmo que possamos afirmar ser incólumes e superiores àquilo que os outros fazem ou pensam acerca de nós, o certo, e como refere González de Rivera (2005), todos somos iguais no mais essencial, ou seja na condição de seres humanos.
Bibliografia:
- Alkimin, Maria (2005). Assédio Moral na Relação de Emprego. Curitiba: Juruá Editora.
- González de Rivera (2005). El Maltrato Psicológico. Madrid: Editorial Espasa Calpe.
- Hirigoyen, Marie-France (1999). Assédio Coação e Violência no Quotidiano. Lisboa: Editora Pergaminho.
- Hirigoyen, Marie-France.
(2002). O Assédio no Trabalho: Como distinguir a verdade. Lisboa: Editora Pergaminho.
- Leymann, Heinz (1990). Mobbing and psycological
terror at workplaces. Violence and victims, vol. 5 pp 119 – 126.
- Leymann, Heinz (1996). La persécution au Travail. Paris: Seuil.
- Piñuel Y Zabala, Iñaki (2003). Mobbing: como sobreviver ao assédio psicológico no trabalho. São Paulo: Edições Loyola.
A VIOLÊNCIA
CONTRA AS GRÁVIDAS: UM DESAFIO PARA OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE NA ATENÇÃO
BÁSICA EM SÃO PAULO
Dora Mariela Salcedo Barrientos; Vanessa Macedo Dias; Nathália Borçari; Emiko Yoshikawa Egry – Universidade de São Paulo
Introdução e justificação: O período pré-natal é uma fase de muitas expectativas e de cuidados em saúde da mulher, no entanto, ela também convive com a violência doméstica, reprodução da realidade brasileira, onde 60% das mulheres que já engravidaram foram vítimas de algum tipo de violência doméstica por parceiro intimo no decorrer da vida conjugal e 20% destas sofreram de violência física grave (socos, queimaduras, ameaça ou uso de arma) durante a gravidez(1)(2)
Objectivos: O objetivo deste estudo foi compreender nos processos de trabalho da Estratégia de Saúde da Família (ESF) as formas e os instrumentos para o reconhecimento e enfrentamento de necessidades de saúde das mulheres grávidas vítima de violência doméstica na zona leste de São Paulo.
Metodologia: Estudo prospectivo, exploratório, descritivo e autorizado pelo Comitê de Ética. Foram realizadas 10 entrevistas com perguntas semi-estruturadas junto aos profissionais de saúde (médicos e enfermeiras), representativos da equipe da ESF da
Atenção Básica (AB). As entrevistas foram gravadas, transcritas e a analisadas segundo as recomendações de Bourdieu(3).
Resultados: Os entrevistados tinham como características: idade entre 28 e 62 anos, a maioria do sexo feminino, religião católica, evangélica e espírita; tempo de trabalho na AB entre 2 e 35 anos e no local da pesquisa entre 6 meses e 7 anos. Informaram não ter tido conteúdos acerca do enfrentamento da violência doméstica durante a sua formação e a educação permanente. Os resultados mostram temas relativos à: gravidez na adolescência como violência e auto violência: Postura de Julgamento do profissional; Valorização do auto-cuidado durante a gravidez na adolescência, identificando os processos protetores / destrutivos de estar grávida; Facilidades e dificuldades para o atendimento das gestantes.
Conclusões: A proposta teórica utilizada permite identificar ausência de instrumentos, planos de intervenção apropriada e oportuna, resgatando a alienação nesta temática considerando um nó critico, favorecendo a perpetuação deste fenômeno e, por conseguinte recomenda-se uma reavaliação dos conteúdos desta temática no currículo dos futuros profissionais da saúde.
Bibliografia:
- D'OLIVEIRA, Ana Flávia Pires Lucas; SCHRAIBER, Lilia Blima; HANADA, Heloisa and DURAND, Julia. Atenção integral à saúde de mulheres em situação de violência de gênero: uma alternativa para a atenção primária em saúde. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2009, vol.14, n.4
- Minayo MCS. Violência e saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2006. 132p
- Bourdieu P. A miséria do mundo. Petrópolis: Vozes; 2007
VIOLÊNCIA E
SAÚDE: COMPORTAMENTO VIOLENTO EM ADOLESCENTES
Carla Maria Viegas e Melo Cruz; Amadeu Matos Gonçalves; João Carvalho Duarte; Lídia do Rosário Cabral - Escola Superior de Saúde de Viseu
Introdução e justificação: É incontestável que um adolescente com condutas violentas, perturba toda uma dinâmica familiar. Mas será que ele não é a vítima das disfunções familiares preexistentes? Será que o comportamento violento não é um sinal de alerta? O adolescente, muitas vezes vulnerável, expõem-se a situações de vida até então desconhecidas, podendo adoptar condutas associais, como comportamentos violentos, com consequências para a saúde mental.
Objectivos: Propomo-nos analisar a influência das variáveis sócio-demográficas no comportamento dos adolescentes e Identificar a interferência das variáveis de contexto familiar no comportamento violento em adolescentes.
Metodologia: Tendo em consideração a nossa Questão de investigação “Será que o comportamento violento dos adolescentes é influenciado pelas variáveis sócio-demográficas e de contexto familiar?” Realizamos um estudo quantitativo, analítico, descritivo, correlacional, transversal e não experimental, numa amostra de 920 indivíduos de ambos os sexos com uma média de idades de 16 anos. Programa Informático: Statistical Package for Social Sciences 17.0; Para proceder à colheita de dados utilizamos um questionário e o Inventário de Hostilidade Buss-Durkee.
Resultados: Amostra constituída por adolescentes com: Idades entre os 17 e 20 anos (34,7%); Sexo feminino (54,5%); Frequentam o 10º ano (35,5%); A zona de residência familiar é a cidade (68,7%); Coabitam com os pais (82,9%); Estado civil dos pais, casados (86,3%); Habilitações literárias do pai, ensino superior (33,9%); Habilitações literárias da mãe, ensino superior (41,2%); Rendimento mensal dos pais, médio (53,6%). Podemos afirmar que as variáveis: sexo, local de residência, habilitações literárias do pai, habilitações literárias da mãe e o rendimento mensal, influenciam o comportamento violento em adolescentes.
Conclusões: Consideramos a escola, como meio promotor de saúde mental, sendo de importância primordial, a figura do professor de referência que poderá ser o director de turma ou o professor mais significativo para o aluno e encarregados de educação. Aquele, desempenha um papel fundamental no acompanhamento do indivíduo, desde idades mais precoces até á adolescência, identificando factores desencadeantes, intrínsecos e extrínsecos, do comportamento violento, intervindo junto dos jovens e família, evitando a evolução deste tipo de comportamento, promovendo a saúde mental e prevenindo a doença mental e consequentemente, a marginalidade e delinquência.
Bibliografia:
- CALAIS, Patricia [et al.] – Diferênca de sexo e escolaridade na manifestação de stress em adultos jovens. Psicologia: Reflexão e Crítica. Porto Alegre. 2003, vol16.
- FERREIRA, Maria da Graça Costa Aparício – Adolescentes diferentes? Uma perspectiva baseada no auto conceito. Revista investigação em enfermagem. Coimbra. Nº7 (Fevereiro): Edições Sinais Vitais, 2003
- FONSECA, Helena – Compreender os Adolescentes: um desafio para pais e educadores, 3ª ed. Lisboa: Presença 2005. 115 p. ISBN 972-23-2949-9
- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – Relatório Mundial da Saúde: Saúde mental: nova concepção, nova esperança, Lisboa: Ministério da Saúde, Direcção-Geral da Saúde, 2002, XXVI, 207 p. ISBN 972-675-082-2
- SPRINTHALL, Norman A. ; COLLINS, W. Andrew – Psicologia do adolescente: uma abordagem desenvolvimentista, 3ª ed Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. 748 p. ISBN 972-31-0634-5.
- VALENTE, Maria Irene da Paz – Auto-conceito nos estudantes de enfermagem: sua relação com a vinculação e algumas variáveis sócio-académicas: Pensar enfermagem. Lisboa. Vol6, nº1 (Setembro), 2002, p.56-65.
GÉNESE DA VIOLÊNCIA
E CONTEXTOS EXPRESSIVOS ÍNTIMOS
José Manuel de Matos Pinto – Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Introdução e justificação O presente trabalho aborda modalidades funcionais e disfuncionais da intimidade, tendo por base os processos primário e secundário de pensamento. O Processo Primário está presente ao nascer e tem como elemento central a descarga dos acúmulos de tensão por via da acção, enquanto o processo secundário introduz elementos como a atenção, a notação a indagação e a decisão antes da acção propriamente dita. A sexualidade mantêm-se predominantemente como processo primário mas a relação de objecto evolui com o processo secundário que promove e autonomiza o objecto relativamente ao sujeito tornando-se este um elemento a respeitar numa co-construção integra e íntima.
Objectivos: Fazer uma leitura dos processos de relação de objecto na intimidade; Distinguir os padrões de relação baseados na idealização/perseguição do objecto e os padrões realistas de relação de objecto.
Metodologia: Usamos uma metodologia qualitativa. Partindo de excertos de casos clínicos comparam-se os padrões de relação baseados na idealização/perseguição do objecto e os padrões realistas de relação de objecto.
Resultados: Os resultados dos processos acima descritos revelam que uma elaboração dos padrões de relação baseados na idealização/perseguição do objecto e a sua tranformação em padrões mais realistas de relação ajuda a estabelecer um enlace íntimo onde o objecto é aceite e respeitado para além do desejo do sujeito, tornando-se por essa via um objecto de amor.
Conclusões: Construir uma relação de amor, tendo por base o respeito pelo outro, apela ao desenvolvimento do processo secundário que orienta a pulsão (agressiva e amorosa) e possibilita a construção duma área de criação expansiva em que o todo é mais que a soma das partes, contrariamente ao enlace onde predomine o processo primário (sobretudo impulsivo), onde o todo pode ser menos que a soma das partes.
Bibliografia:
- FREUD, S. (1980a). Três ensaios sobre a sexualidade. Edição Standard Brasileira das obras completas de Sigmund Freud, Vol VII. Rio de Janeiro, Imago Editora.
- FREUD, S. (1980b). Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental. Edição Standard Brasileira das obras completas de Sigmund Freud. Vol XII. Rio de Janeiro, Imago Editora.
- FREUD, S. (1980c). Sobre o narcisismo: uma introdução. Edição Standard Brasileira das obras completas de Sigmund Freud., Vol XIV. Rio de Janeiro, Imago Editora.
- GROTSTEIN, J. (1999). O buraco Negro. Lisboa, Climepsi Editores.
- WINNICOTT, D. (1989). Tudo Começa em Casa. São Paulo, Editora Martins Fontes.
- WINNICOTT, D. (1993). Da pediatria à psicanálise, Textos seleccionados. Rio de Janeiro, Editora Francisco Alves.
Hedi Martha Soeder Muraro - médica-pediatra
e coordenadora do programa, Secretaria Municipal da
Objectivos: O
Resultados: A
Bibliografia:
- BEDONE, A.J.; FAÚNDES, A. Atendimento
- CURITIBA.
- BRASIL.
_______.
- OLIVEIRA, E. M. et al . Atendimento às
VIOLÊNCIA NA GRAVIDEZ: CONSEQUÊNCIAS PARA O BEBÉ
Almeida C.; Sá E.; Cunha F.
Introdução e justificação do tema: A
evidência mostra que a o período de gravidez é crucial para a dinâmica da relação
mãe-bebé e para o desenvolvimento do bebé. A violência durante este período
têm sido associada a alterações no desenvolvimento da relação mãe-bebé e no
desenvolvimento dos bebés.
Objectivos: O objectivo do nosso estudo é avaliar o impacto da violência durante o período de gravidez no desenvolvimento da relação mãe-bebé e no desenvolvimento cognitivo da criança, em idade precoce.
Metodologia: Foi conduzido um estudo prospectivo em 204 grávidas no terceiro trimestre de gravidez e de seus bebés aos quatro meses, nos serviços de Obstetrícia e Pediatria do Hospital Pedro Hispano, entre Março de 2008 e Dezembro de 2009.
A recolha de dados foi realizada com a Conflict Tactic Scale (Straw,1979), Maternal Fetal Atachment Scale (Cranley,1981), Maternal Adjustment and Maternal Attitudes (Kumar,1984), Brief Symptom Inventory (Derogatis & Melisaratos, 1983) e o Inventário de Depressão Clínica (Vaz-Serra, 1994) no terceiro trimestre de gravidez e através da Escala de Desenvolvimento Mental Griffiths (Griffiths, 1976) nos bebés, aos quatro meses de idade.
Na análise descritiva da amostra analisada, foram aplicadas estatísticas de sumário apropriadas. As variáveis foram descritas através de frequências absolutas e relativas, mínimo e máximo para as variáveis categóricas e as medidas de tendência central e de dispersão para as variáveis numéricas (média e desvio padrão para as variáveis com distribuição normal, mediana, mínimo e máximo para as variáveis com distribuição assimétrica). Foram efectuados os testes de hipóteses t- student e ONE WAY ANOVA para estudar as diferenças entre os grupos. A análise foi efectuada utilizando o programa de análise estatística PASW Statistics18.0, sendo considerado um nível de significância de 0,05 em todos os testes de hipóteses.
Resultados: Os resultados mostraram a presença de níveis de frequência elevados no que concerne à violência durante a gravidez (57,81%). Foram encontradas diferenças estatísticas significativas respeitantes à patologia materna entre os grupos de mães vitimas (p <0,05), assim como em relação ao desenvolvimento mental dos bebés segundo algumas sub-escalas na Escala de Desenvolvimento Mental de Griffiths entre alguns grupos de bebés (p =0,05).
Conclusões: Este estudo sugere que, a presença de violência durante a gravidez está associada a alterações na relação mãe-bebé.
A serem confirmadas estas conclusões por pesquisas futuras, a identificação de padrões de violência e de psicopatologia em mulheres durante a gestação pode fornecer uma importante oportunidade para iniciar um programa de apoio para optimizar a relação mãe-bebé e, consequentemente, o desenvolvimento mental dos seus bebés. As nossas conclusões enfatizam a importância da atenção prestada pelos diversos profissionais que trabalham com mulheres grávidas, ao impacto da violência familiar no período da gravidez, o que justificará a implementação de adequadas medidas de rastreio/diagnóstico, de prevenção, terapêuticas e de protecção/acompanhamento, fundamentais para a mãe e bebé.
Bibliografia:
- Bogat G. A. et al. (2004). The Impact Of Domestic Violence
On Mothers’ Prenatal Representations Of Their Infants.
- Goodwin, M. et el. (2001).Pregnancy
Intendedness and Physical Abuse Around the Time of Pregnancy: Findings from
the Pregnancy Risk Assessment Monitoring System, 1996–1997. Maternal and Child Health Journal,
Vol. 5, No. 3.
- Huth-Bocks A. et al. (2004). The
Impact Of Domestic Violence On Mothers’ Prenatal Representations Of Their
Infants. Infant Mental
Health Journal, Vol. 25(2), 79–98.
- Martin S.,Griffin J. et al. (2001). Stressful Life Events and Physical Abuse Among
Pregnant Women in
- Sipsma, E. et al. (2000). Sexual
Aggression Against Women by Men Acquaintances: Attitudes and Experiences
among
MULHERES SOBREVIVENTES DE VIOLÊNCIA EXERCIDA POR PARCEIROS ÍNTIMOS:
ENFERMAGEM E PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA UMA VIDA SEM VIOLÊNCIA
Maria Neto da Cruz Leitão – Escola Superior de Enfermagem
de Coimbra
Margarida Maria Vieira – Instituto de Ciências da Saúde
da Universidade Católica Portuguesa
Introdução / Justificação - A violência exercida sobre
a mulher por parceiros íntimos (VPI) afecta uma em cada três mulheres e é considerado
um dos problemas de saúde pública mais difundidos no mundo actual (OMS, 2002).
O Plano Nacional de Saúde 2004 – 2010 refere que a violência doméstica é um
dos problemas específicos das mulheres portuguesas e que as respostas de
saúde para a violência têm sido manifestamente inadequadas. Sendo um problema
complexo que necessita de um atendimento em rede, ao sector da saúde é solicitado
que faça uma abordagem integral da situação de vida/saúde da mulher e identifique,
o mais precocemente possível, as situações de VPI. Os enfermeiros, sendo
os profissionais de saúde mais perto das pessoas podem influenciar o fortalecimento
da capacidade da mulher para exercer um maior controlo sobre as suas condições
de vida e a não abordagem da situação pode fazer perder a oportunidade para
ajudar ou prevenir futuras situações de violência, incluindo a morte (ICN,
2001). Conhecer e compreender os factores que impedem e facilitam os processos
de transição vividos pelas mulheres permite equipar os enfermeiros para as
poderem ajudar a transitar para uma vida sem violência.
Objectivos - Compreender e identificar
os padrões de transição vividas pelas mulheres sobreviventes à violência
exercida por parceiros íntimos, com vista a desenvolver uma teoria prescritiva
de médio alcance.
Metodologia - Utilizamos a grounded theory por permitir a teorização
a partir de dados sistematicamente recolhidos, analisados e comparados. Foram
recolhidas narrativas de mulheres que viveram situações de VPI, assumindo
as entrevistas individuais a principal fonte de informação. Foram cumpridas
as recomendações do ICN e da OMS em matéria de ética e segurança na investigação
ligada à violência doméstica.
Resultados - Os resultados preliminares
da análise permitiram-nos identificar um padrão de transição constituído
por 4 fases: Entrada: Enamora-se e
fica aprisionada; Manutenção: Auto-silencia-se,
consente e permanece na relação; Necessidade de mudança e decisão de
saída da relação: Enfrenta o problema
e luta pelo resgate; Saída: Reconstrução
da sua identidade e (Re)Encontro de uma nova vida.
Conclusões - Podermos concluir que a
violência influencia negativamente a vida/saúde, e bem-estar das mulheres.
O ambiente sociocultural, os recursos relacionais e a identidade pessoal
moldam a experiência de transição e assumem-se como estruturantes para a
reconstrução da identidade. Várias condições de transição são sensíveis aos
cuidados de enfermagem.
Palavras-Chave: Violência exercida por parceiros íntimos;
Saúde; Transição; Enfermagem;.
Bibliografia:
- International Council of Nurses (ICN) (2001). Dossier
de promoção da luta contra a violência. Geneve: ICN.
- Kralik, D. (2002). The quest for ordinariness: transition
experienced midlife women living whit chronic illness. Journal of Advanced
Nursing 39 (2), 146-154.
- Kralik, D.; Visentin, K.; van Loon, A. (2006). Transition: a literature review. (Integrative
literature and meta-analyses). Journal
of Advanced Nursing 55 (3), 320-329.
- Lopes, M. J. (2003). A metodologia da Grounded Theory. Um
contributo para a conceitualização
- OMS (2002). Rapport
mondial sur la violence et
- OMS (2005). Estúdio multipaís
de
- Portugal, Ministério da Saúde (2004). Plano Nacional de Saúde: orientações estratégicas
para 2004-2010. Lisboa: Ministério da Saúde
- Strauss, A. L.; & Corbin, J. (1990,
1º ed.; 1998, 2ª ed.). Basics of Qualitative Research: Techniques and Procedures for Developing
Grounded Theory. 2ª Ed. Sage Publications.