VIOLÊNCIA NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO: REVISÃO INTEGRATIVA

Zeyne Alves Pires Scherer; Paloma Tamaris Rossi  - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – USP

Edson Arthur Scherer - Hospital das Clínicas de Ribeirâo Preto - FMRP/USP; Neurociências e Ciências do Comportamento; Médico Psiquiatra

scherer@usp.br

 

Introdução e justificação: A violência nas escolas (ensino fundamental e médio) é um problema social grave, complexo e, provavelmente, o tipo mais freqüente, visível e pesquisado da violência juvenil. No ambiente universitário, a tendência esperada seria a de encontrar realidade semelhante. Assim, justifica-se conhecer o que foi produzido em relação à violência nas instituições universitárias.

Objectivos: Objetivamos identificar produções científicas sobre violência no contexto universitário, publicadas em português ou espanhol nos últimos 10 anos.

Metodologia: Consultamos as bases de dados LILACS, IBECS, SciELO e Latindex. Utilizamos os descritores: violência, ensino superior, coerção, estudantes, agressão e saúde mental. Realizamos a

revisão integrativa dos artigos com base nas seguintes informações: ano de publicação, idioma, caracterização dos autores, tipo de abordagem metodológica e o objeto de estudo.

Resultados: Selecionamos 13 artigos publicados de 2003 a 2009. Quanto ao idioma, 7 (54%) em português e 6 (46%) em espanhol. 7 (54%) escritos por docentes, 3 (23%) por docentes e alunos de pós-graduação, 1 (8%) por docentes e alunos de graduação e 1 (8%) por profissional. Dos 29 profissionais autores, 17 (58%) eram psicólogos (14 docentes e 3 pós-graduandos), 4 (14%) médicos (docentes), 6 (21%) enfermeiros (docentes), 1 (3,5%) pedagogo (docente) e 1 (3,5%) fonoaudiólogo (não docente). 1 artigo com a co-autoria de 4 graduandos em enfermagem. 7 (54%) quantitativos, 5 (38%) qualitativos e 1 (8%) quanti-qualitativo. Sujeitos dos estudos: alunos em 11 artigos (2 destes de revisão), docentes em 1 e docentes e funcionários em 1. Natureza da violência estudada: psicológica em 11 trabalhos, física em 5, sexual em 3 e negligência em 1.

Conclusões: Há poucos estudos sobre violência na universidade publicados em português ou espanhol nos últimos 10 anos. Todos os artigos selecionados mencionaram preocupação com os efeitos da violência sobre a saúde dos sujeitos.

Bibliografia:

- PERALES, A.C.; SOGI, C.U.; MORALES, R. Salud mental de estudiantes de Medicina de la Universidad Nacional de Trujillo. SITUA. v.1, n.21, p. 14-20, 2003.

- OSORIO, D.M. Violencia en el ámbito universitario: el caso de la Universidad Nacional de Colombia. Rev. Salud Pública. v.7, n.2, p.157-165, 2005.

- KIENEN,N.; BOTOMÉ, S.P. As relações entre controle sobre o trabalho e condições de saúde de alunos universitários. Interação em psicologia. v.7, n.2. p.11-22, 2003.

- DELA COLETA, J. A.; MIRANDA NETO, H. C. O rebaixamento cognitivo, agressão verbal e outros constrangimentos e humilhações: o assédio moral na educação superior. 26ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação, Poços de Caldas. ANPED- Anais, 2003.


 

A DIMENSÃO SUBJETIVA DA VIOLÊNCIA MANIFESTADA POR ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM UMA ATIVIDADE GRUPAL

Zeyne Alves Pires Scherer - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP

Silvia Antunes Cocenas -  Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP

Edson Arthur Scherer -  Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – FMRP/USP; Neurociências e Ciências do Comportamento; Médico Psiquiatra

Amanda Gregório - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP

Tainy Benassi - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP

scherer@usp.br

 

Introdução e justificação: A escola constitui um espaço de reflexão sobre temas que envolvem crianças, jovens, pais e professores, além das relações que se estabelecem na sociedade. Nesta instituição podem surgir diversos tipos de violência, desde a física até a psicológica. Diante disto, iniciamos um projeto inserido no Programa “Aprender com Cultura e Extensão” da Pró-Reitoria

de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo, em uma escola pública de ensino fundamental de Ribeirão Preto. No intuito de investir na promoção da saúde física, mental e social dos alunos são oferecidos grupos de atividades estruturadas: jogos, dinâmicas e vivências grupais, coordenados por 2 acadêmicas do curso de Bacharelado em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto.

Objectivos: Neste estudo é apresentada a dimensão subjetiva da vivência da violência em um dos encontros, realizado com 15 alunos (idades de 10 a 13 anos) do 6º ano.

Metodologia: O tema trabalhado foi a percepção dos alunos sobre a escola e a escola que gostariam de ter. Foi proposto fazer uma colagem com recortes de revista com base na questão “como cada um percebe a escola com e sem o projeto de extensão?”.

Resultados: A análise das colagens e do diário de campo das coordenadoras revelou que no início da tarefa alguns alunos mostraram dificuldades em compreendê-la e em interagir com o outro (confrontos e agressões verbais). No trabalho que representava a escola sem o projeto colaram figuras de violência, guerras, dinheiro, e fotos de autoridades culpando o governo pela situação atual do ensino. Na escola com o projeto colaram figuras de pessoas felizes, salas de aula limpas e organizadas, representando paz, felicidade e outros sentimentos bons.

Conclusões: A utilização de diferentes estratégias e materiais com crianças e adolescentes possibilita explorar as diversas formas de criar, desenvolver e manifestar sentimentos, pensamentos e fantasias dos mesmos. Com estes recursos é facilitado o processo de reflexão sobre temas como a violência.

Bibliografia:

- CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Interface – sociologias, n.8, p.432-43, 2002.

- FALEIROS, V.P.; FALEIROS, E.S. Escola que protege: enfrentando a violência contra crianças e adolescentes Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2007.

- MARRIEL, L.C.; ASSIS, S.G.; AVANCI, J.Q.; OLIVEIRA, R.V.C. Violência escolar e auto-estima de adolescentes. Cadernos de pesquisa, v.36, n. 127, p. 35-50, 2006.

- WINNICOTT, D.W. O Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1975.

- ZIMERMAN, D.E. Fundamentos Básicos das Grupoterapias. Porto Alegre: Artmed, 2000.


 

GRUPO DE ESTUDOS INTERDISCIPLINAR SOBRE VIOLÊNCIA (GREIVI): A CONSTRUÇÃO DE SABERES E PRÁTICAS

Zeyne Alves Pires Scherer - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP

Edson Arthur Scherer – Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – FMRP/USP; Neurociências e Ciências do Comportamento; Médico Psiquiatra

Emily de Souza Abrahão - Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto; Secretaria Municipal da Assistência Social de Ribeirão Preto; Psicóloga

Luciana Aparecida Cavalin - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia ; Serviço Social e de Psicologia; Psicóloga

Milena Ferraz Aud - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia ; Serviço Social e de Psicologia; Assistente Social

scherer@usp.br

 

Introdução e justificação: As repercussões da violência na sociedade e na saúde mental dos indivíduos têm mobilizado profissionais e alunos de diversas áreas do conhecimento a desenvolver pesquisas para o seu entendimento, a busca de sua causalidade, a sua mediação e o seu controle ou combate.

Objectivos: Neste trabalho apresentamos o Grupo de Estudos Interdisciplinar sobre Violência (GREIVI) que desde 2006 desenvolve ações de pesquisa, ensino e extensão relacionadas às repercussões na saúde mental dos indivíduos envolvidos como vítimas ou perpetradores de diferentes expressões de violência (gênero; contra a criança, adolescente e idoso; nas escolas; no ambiente de trabalho e no cárcere).

Metodologia: Descritivo. Relato de experiência.

Resultados: O grupo é aberto e seu prazo de duração é indeterminado. Os encontros tem duração de 1:30 h e são realizados quinzenalmente em salas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (USP). Os temas a serem discutidos são previamente selecionados pelos coordenadores ou sugeridos ao final de uma reunião, atendendo os interesses e necessidades dos participantes. O funcionamento dos encontros segue o modelo de grupo operativo, modalidade grupo de discussão, cujo objetivo é fazer circular o saber de cada participante, despertar associações e formar conhecimento, horizontalizando o saber e a prática de cada um. Buscamos apoiar e manter a tarefa do ensino-aprendizagem em um processo dialético, dinamizando e relativizando os papéis, abrindo possibilidades de um ensino e de uma aprendizagem mútua e recíproca. Os coordenadores participam de forma ativa das discussões, além de facilitar, esclarecer, evitar monopolizações e polêmicas, e procurar impedir a verticalização ou hierarquização do saber. Para fundamentar o entendimento acerca do fenômeno da violência, foram estabelecidas discussões sobre seu conceito, classificação, causalidade, fatores relacionados, tipologia, entre outros. Além disso, foram desenvolvidas pesquisas e um projeto de extensão. São objetivos do grupo, divulgar os resultados de suas pesquisas, promover seminários e outros encontros.

Conclusões: O GREIVI com sua perspectiva interdisciplinar promove diálogos entre estudantes e profissionais de diferentes disciplinas e saberes em espaços coletivos de discussão e reflexão para produzir estudos integrados e articulados com estas diversas áreas. Aborda a questão da violência baseada na cooperação e compartilhamento dos saberes, na busca por novas posturas epistemológicas e metodológicas que não sejam apenas a justaposição de idéias e métodos.

Bibliografia:

- FERNANDES, W. J.; SVARTMAN, B.; FERNANDES, B. S. (Org.). Grupos e configurações vinculares. Porto Alegre, Artmed, 2003.

- MINAYO, M. C. S. Violência e saúde. Rio de Janeiro, Fiocruz, 2006.

- PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. São Paulo, Martins Fontes, 1991.