VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO EM VÍDEOS NA INTERNET

Sandra Maria Becker Tavares; Kátia Regina de Barros Sanches - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva/UFRJ

smbtav@gmail.com

 

Introdução: Um ato danoso, ativo ou passivo, cometido contra a pessoa idosa caracteriza a violência contra o idoso que pode ser física, financeira, de restrição de liberdade ou direitos, ou ainda, de negação ou negligencia aos cuidados de saúde intrínsecos ao idoso (SMELTZER, 2006). O que os vídeos sobre violência contra o idoso postados no You Tube (site de compartilhamento de vídeos) revelam?

Objetivo: Analisar os comentários feitos nos vídeos sobre violência contra o idoso, postados em um site de compartilhamento de vídeos, classificados como mais vistos.

Método: A metodologia escolhida para este estudo foi a Análise de Conteúdo, que segundo BARDIN (1979) “é um conjunto de técnicas de análise das comunicações”, aliada à Netnografia, que se constitui em ferramenta exploratória para diversos assuntos em meio virtual (KOZINETZ, 2002).

Resultados: Foram analisados os comentários dos 34 vídeos postados entre abril de 2007 a abril de 2008, sendo utilizados 25 destes pela adequação ao tema proposto (alguns não abordavam expressamente a violência ao idoso).

Dos 25 vídeos analisados: 9 eram reportagens de TV, 1 flagrante de violência, 4 vídeos publicitários contra a violência e 10 eram trabalhos acadêmicos (ensino médio e de graduação). A inferência e a interpretação dos dados revelou as seguintes categorias: a) Indignação, com 11 depoimentos e expressões verbais de grande intensidade; b) Apoio, com 25 falas expressando elogio ao trabalho ou solidariedade ao quadro visto; c)Tristeza, com 5 falas, curtas e de muita emoção.

Conclusões: Situações claras de discriminação ou abuso como as que são vistas naqueles vídeos devem servir a todos como estímulo para a promoção de ações sociais de prevenção e enfrentamento à violência contra o idoso; a imagem real flagrada ou mesmo as produzidas em documentários ou trabalhos acadêmicos causam impacto , o que foi revelado nos comentários postados .

Bibliografia:

- BARDIN. L. Análise de conteúdo. Lisboa: Persona Edições, 1979.

- KOZINETS, Robert. The Field Behind the Screen: Using Netnography for making Research in Online Communities. In: Journal of Marketing Research, 39, 2002.

- SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. Brunner & Suddarth Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. Vol. 1 e 4.


 

CRIANÇA EM PERIGO. IMPORTÂNCIA DA ARTICULAÇÃO ENTRE OS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS E CUIDADOS DE SAÚDE DIFERENCIADOS

Eugénia Maria Rainha Pereira – Enf.ª Especialista em Saúde Infantil e Pediatria na ULS Guarda, EPE – Centro de Saúde de Seia

eugeniarainha@sapo.pt

Maria Edite de Miranda Trinco – Enf.ª Especialista em Saúde Infantil e Pediatria no CHC, EPE – Serviço de Urgência do HPC

 

Introdução: A violência doméstica pode ser definida como, destruição de Seres Humanos, dos seus valores, da sua integridade como Pessoa… destruição da Pessoa directamente agredida, mas também, daquelas que observam, ou simplesmente sabem que existe mesmo não vendo, mas lhes toca…

Violência doméstica e maus-tratos a crianças estão, indubitavelmente e demasiadas vezes associadas, com consequências altamente nefastas para as vítimas no imediato e a longo prazo. Os maus-tratos a crianças e jovens constituem um fenómeno complexo na sociedade contemporânea, uma vez que, se trata de um problema à escala mundial, cuja expressão tem contornos diversos, adquirindo uma forma mais ou menos visível e sendo melhor ou pior tolerada de acordo com as conjecturas e os contextos culturais em que ocorre. Nas últimas décadas, existe uma valorização crescente do estatuto social dos indivíduos (crianças e jovens) o que se reflecte, numa maior atenção prestada ao problema, na rejeição social do mesmo e no estabelecimento de medidas tendentes a contrariá-lo. Este fenómeno atribui novas responsabilidades e desafios aos serviços no sentido de preservar a segurança, promover um desenvolvimento adequado, estabelecer uma articulação efectiva e eficiente entre Instituições e contribuir para a obtenção de ganhos em saúde. Na prossecução deste processo, torna-se pertinente inovar no presente, com o intuito de um futuro construtivo para minimizar o sofrimento das crianças e jovens vítimas de maus-tratos.

Objectivos: Conhecer como são sinalizadas as situações de crianças em perigo; conhecer qual a articulação entre os Cuidados de Saúde Primários e o Hospital Pediátrico enfatizando a sua importância; reflectir em conjunto sobre violência doméstica / criança em perigo e o papel dos Serviços de Saúde.

Material e métodos: Na prossecução dos objectivos deste estudo, de análise qualitativa, realizou-se uma profunda pesquisa bibliográfica; a colheita de dados concretizou-se através de entrevistas Focus Group com recurso à gravação áudio, com dois grupos de participantes dos dois níveis de cuidados (Equipa de Intervenção Precoce do CS Seia e Equipa do Núcleo de Apoio à Criança e Jovem em risco do HPC), em que a discussão foi focada na sinalização, articulação e recursos das equipas no atendimento e acompanhamento das crianças em perigo.

Resultados: A análise dos resultados indica que a articulação existente entre os Cuidados de Saúde Primários e os Cuidados de Saúde Diferenciados é deficitária e ineficaz; Os recursos são escassos para o trabalho intenso que é premente desenvolver no âmbito da prevenção das situações de perigo e no trabalho com estas famílias onde, muitas vezes, predomina o alcoolismo e violência doméstica; Nas situações, que exigem a deslocação da criança/família aos Cuidados de Saúde Diferenciados, a distância e falta de transporte parece constituir mais uma barreira; As barreiras e limitações são facilmente reconhecidas pelos Profissionais que integram as Equipas de ambas as Instituições, considerando importante a mobilização dos vários recursos e parceiros da Comunidade, numa efectiva articulação cujo elo principal é a criança/família.

Conclusões: Como Enfermeiras Especialistas em Saúde Infantil e Pediatria, temos que nos consciencializar da necessidade de fazer investigação em Enfermagem, reflectir sobre as actividades e actos que desenvolvemos, procurando assim um melhor desempenho profissional de modo a melhorar a qualidade dos cuidados prestados e aumentar a confiança e satisfação das crianças e famílias que acompanhamos.

Bibliografia:

- CANHA, J.(2003) – Criança Maltratada. 2ªed. Coimbra: Quarteto editora. ISBN 972-8717-96-2.

- DIRECÇÃO-GERAL DA SAÚDE (2007) – Maus-tratos em Crianças e Jovens. Intervenção da Saúde. Documento Técnico. Lisboa: DGS. Outubro. Disponível na Internet:<URL:http://www.dgs.pt>.

- INSPECÇÃO GERAL DA SAÚDE (2005) – RELATÓRIO FINAL: Atendimento e Encaminhamento, nos Estabelecimentos e Serviços do Sistema Nacional de Saúde, das Crianças em Risco. Lisboa.

- ORDEM DOS ENFERMEIROS (2007) – A Protecção de Crianças. Enunciado de Posição. Disponível na Internet:<URL:http://www.ordemenfermeiros.pt>.

 


 

PREVALÊNCIA DA VIOLÊNCIA CONJUGAL E CRENÇAS E ATITUDES EM MULHERES DO CONCELHO DA COVILHÃ: DADOS PRELIMINARES.

Catarina Pombo; Henrique Pereira - Universidade da Beira Interior

catarinapombo@yahoo.com.br

 

Introdução: A Violência Conjugal pode ser considerada como um conjunto de condutas abusivas perpetuadas de forma intencional sobre o cônjuge, podendo envolver acções violentas e não-violentas, que assumem o propósito de dominar a vítima, de lhe infligir deliberadamente dano, induzir medo, fazê-la sentir-se subordinada, desvalorizada e incompetente, com importantes consequências no domínio psicossocial para a mulher vítima. Na tentativa de explorar a dimensão desta problemática no concelho da Covilhã, delineou-se o presente estudo.

Objectivo: “Avaliar a prevalência da Violência Conjugal em mulheres covilhanenses bem como verificar as suas crenças e atitudes face à temática”.

Método: A amostra foi recolhida por conveniência e é constituída por 400 mulheres, residentes no concelho da Covilhã, com média de idade de 34 (idade mínima 12, e máxima 80) e desvio padrão de 14, e vários estatutos sócio-demográficos; Instrumentos: Questionário sócio-demográfico, incluindo prevalência de violência no momento actual e também no passado do relacionamento, e adaptação da “Escala de Crenças sobre Violência Conjugal” (Gonçalves, Machado e Matos, 2000); Procedimentos: para assinalar o Dia Internacional contra a Violência Doméstica (25 de Novembro) foi feita uma acção de sensibilização, visibilidade e investigação num espaço comercial da Covilhã, de 22 a 28 de Novembro de 2009, onde foi recolhida a amostra. Os parceiros desta acção foram: Universidade da Beira Interior, Câmara Municipal da Covilhã, PSP e GNR, APAV e Serra Shopping (Grupo Sonae Sierra).

Resultados: relativamente à prevalência de mulheres que referem ser vítimas de violência conjugal no momento actual verificou-se uma taxa de 2,5%, enquanto que no que respeita à violência sofrida no passado foi de 5,5%, pois também foi perguntado se a mulher foi vítima de violência no passado. Relativamente às crenças e atitudes, no global verificou-se que as mulheres covilhanenses apresentam crenças próximas das esperadas e tidas como hipóteses do estudo no que diz respeito à não-legitimação da violência conjugal. Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas nas crenças e atitudes quando comparadas mulheres que foram no passado, ou que são no momento, vítimas de violência conjugal, sendo que apresentam crenças e atitudes que legitimam a violência, provavelmente devido ao sentimento de culpabilização e dependência que poderão sentir.

Referências Bibliográficas:

- Almeida, C.D. (2008) Violência Doméstica. Que Políticas? O impacto das politicas sociais no combate à violência doméstica no concelho de Montemor-o-velho. Mestrado em Sociologia – Universidade de Coimbra.

- Almeida, L.S., Simões, M.R., Machado, C. e Gonçalves, M. (2008) Avaliação Psicológica. Instrumentos validados para a população portuguesa, Vol. II, Colecção Avaliação Psicológica.

- Azambuja, M.P.R. (2008) Violência de Género e os discursos circulares nos cuidados de saúde primários. Instituto de educação e Psicologia da universidade do Minho.

- Branco, M.S.E.C. (2007) Violência conjugal contra a mulher. Histórias vividas e narradas no feminino. Lisboa. Dissertação de mestrado em comunicação e saúde, Universidade Aberta.

- Coimbra, A. (2007) Crónicas de morte anunciadas – violência doméstica, imprensa e questões de género em articulação com a educação da cidadania. Mestrado em ciências da educação. Faculdade de Psicologia e Educação da Universidade do Porto.

- Fernandes, F.C.P. (2002) A mulher vitima de violência conjugal. Dissertação de mestrado em Psiquiatria, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

- Ferreira, M. (2003) entre marido e mulher não metas a colher – um estudo de caso sobre as dificuldades vividas palas mulheres vítimas de violência conjugal. Covilhã. Seminário de Sociologia – Universidade da beira interior.

- Gonçalves, R.A. e Vieira, S. (2004) A avaliação do risco de violência sexual. Centro de investigação em Psicologia, Universidade do Minho.

- Nações Unidas (2003) Estratégias de Combate á violência doméstica. Manual de Recursos. Lisboa. Ministério da Saúde, Direcção-geral da saúde.

- Presidência do Conselho de Ministros (2008) III Plano Nacional contra a Violência Doméstica 2007/2010 – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG).

- Rodrigues, A.L.G.T.C. (s.d.) De que é feito o amor entre pais que se batem? Significados de amor, conjugalidade, papeis de género e violência, em adolescentes expostos a violência doméstica. Faculdade de Psicologia e Educação da Universidade do Porto.


 

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – OS VULNERÁVEIS E OS PERPETRADORES

João Alcafache Ferreira - Hospital Infante D Pedro, Aveiro; Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental; Médico Interno de Psiquiatria

jalcafachef@sapo.pt

António Mesquita Figueiredo - Hospital Infante D Pedro, Aveiro; Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental; Assistente Graduado de Psiquiatria

 

Introdução e justificação: Entende-se Violência Doméstica como qualquer conduta ou omissão que inflija reiteradamente sofrimentos físicos, sexuais, psicológicos ou financeiros, de modo directo ou indirecto, a qualquer pessoa que habite no mesmo agregado familiar.

Objectivos: Actualização de estratégias de intervenção em contexto de violência doméstica.

Metodologia: Revisão bibliográfica.

Resultados: Apesar de algumas abordagens académicas chamarem a atenção para um aparente aumento das vítimas de sexo masculino, verifica-se uma prevalência esmagadora de vítimas do sexo feminino, bem como uma crescente exposição estatística de vítimas de escalões etários mais elevados. Este facto relaciona-se com um padrão conhecido de vulnerabilidades e factores perpetradores, de género, condicionados por factores facilitadores e factores protectores Pessoais (vítima/agressor), Relacionais e Ambientais/Sociais (circunstanciais/habituais). Condicionando frequentemente quadros psicopatológicos exuberantes, em apenas 5% dos casos a presença de psicopatologia sem encontra na origem do ciclo de violência. Também a relevância do consumo alcoólico excessivo como factor precipitante se encontra culturalmente sobredimensionada não correspondendo a mais que um quinto dos casos.

Conclusões: O envolvimento multifactorial, pressupõe uma abordagem global e transversal aos intervenientes no ciclo de violência. Reconhecendo variabilidades interpessoais, o comportamento dos intervenientes envolvidos (vítima e agressor) conhece padrões de vulnerabilidade/perpetradores, cujo reconhecimento se assume como essencial para a elaboração e implementação de qualquer modelo de intervenção.

Bibliografia:

- Machado, Carla e Gonçalves, Rui Abrunhosa (2003), Violência e Vítimas de Crimes. Coimbra: Quarteto.

- Pais, Elza (1998), Homicídio Conjugal em Portugal: Rupturas Violentas da Conjugalidade. Lisboa: Hugin

- Matos, M. (2005). Avaliação psicológica de vítimas de maus tratos conjugais. In Machado, C. & Gonçalves, R. A. (Coords.), 1ª ed., Psicologia Forense. Coimbra: Quarteto.

- Machado, C. & Gonçalves, M. & Matos, M. (2000). ECVC – Escala de Crenças sobre a Violência Conjugal. Texto policopiado. Braga: Universidade do Minho.

- Echeburúa, E. & Corral, P. (2002). Manual de Violencia Familiar. Madrid: Siglo Veintiuno de España Editores.

- Debray, Q.; Nollet, D.: As Personalidades Patológicas, Climepsi Editores; Edição/reimpressão: 2004.


 

INCLUSIÓN DE LA VARIABLE “SITUACIÓN OCUPACIONAL” EN LOS ANÁLISIS ESTADÍSTICOS DE VIOLENCIA DE GÉNERO

Teresa Alzás Garcia; Fátima Postigo Gallego; Laura Muñoz Bermejo; Isabel Vidal Ruiz; Salvador Postigo Mota  - Universidad de Extremadura

info@salvadorpostigo.com

 

Introduccion: La violencia de Género es una realidad presente en las sociedades. Nuestro trabajo se centrará, en conocer la relación entre violencia de género y aspectos relacionados con el acceso al espacio público entendido este,  como aquel  espacio donde se da la actividad, es decir, vinculado con el ámbito productivo que tradicionalmente se le ha atribuido  al hombre. Este espacio es  donde se desarrolla la vida laboral, social, política y económica; es el lugar de la participación en la sociedad y del reconocimiento.

Objetivos: El objetivo principal de este trabajo es valorar la relación que existe entre la violencia de género y la situación ocupacional de la víctima.

Material y Método: La metodología empleada ha sido cuantitativa, a través de los informes mensuales, ofrecidos por el Ministerio de Igualdad del año 2009, que se han elaborado mediante los datos registrados en el Servicio telefónico -016- de información y asesoramiento jurídico.

Resultados: A lo largo del análisis de los diferentes informes estadísticos, observamos la carencia de indicadores importantes a la hora de conocer los distintos perfiles de mujeres víctimas de violencia de género, entre ellos concretamente la situación ocupacional,  que nos permite analizar la violencia de género en el acceso a espacios públicos,  entendiendo estos como el acceso al mercado laboral , formación , promoción laboral ,movilidad geográfica…,  no limitándose únicamente el análisis, como se hace hasta ahora, en variables que vinculan a la mujer únicamente al espacio privado, asociando este con el ámbito reproductivo, de ahí a entender que  las variables  que se trabajan  comúnmente sean número de hijos  e hijas, relación con el agresor y situación conyugal.

Conclusiones: Debemos entender la violencia de género, no sólo en términos de víctimas mortales; el análisis de los datos nos han relevado que el 45% (sobre un tamaño muestral de 3.992 según datos ofrecidos por el Servicio  telefónico de información y  asesoramiento jurídico del Ministerio de Igualdad), de las denunciantes de violencia de género son mujeres trabajadoras a tiempo completo. Lo que supone que muchas de las mujeres que emprenden la decisión de trabajar se ven en la necesidad de enfrentarse a modelos patriarcales aún presentes en la sociedad; se hace necesario revisar  e implantar de valores omitidos para crear nuevas variables que permitan un análisis más amplio de la violencia de género.

Bibliografia:

- s  aún presentes en la sociedad._________________________________________Informes del Ministerio de Igualdad, del Gobierno de España. Disponible en: http://www.migualdad.es/ss/Satellite?c=MIGU_Multimedia_FP&cid=1193049886848&language=cas_ES&pageid=1193049890202&pagename=MinisterioIgualdad%2FMIGU_Multimedia_FP%2FMIGU_listadoSubcategoria [Consultado 02 de Abril de 2010. 17:51 horas]

- Eva Espinar Ruiz y Miguel Ángel Mateo Pérez. Violencia de género: reflexiones conceptuales, derivaciones prácticas, en Papers 86, 2007 pp. 189-201.

- Romeu Gomes, Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz, A Dimensão Simbólica da Violência de Gênero: uma discussão introdutória. En Athenea Digital - num. 14, pp. 237-243 (otoño 2008).

- Eva Espinal Ruix, las raíces socioculturales de la violencia de género, en Escuela Abierta 2007, 10, pp 23-48.

- Gema de Cabo, Leticia Henar, María Calvo. Análisis de la perspectiva de género en algunas estadísticas españolas y propuestas de mejora. Edita Instituto de la Mujer (Ministerio de Igualdad). 2009.

- Sistema de Indicadores y Variables sobre Violencia de Género sobre el que construir la Base de Datos del Observatorio Estatal de Violencia sobre la Mujer, Observatorio Estatal de Violencia sobre la Mujer Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales,  28 de Junio de 2007.


 

INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS E PROCESSOS-CRIME: AGENDAS,
POLÍTICAS PÚBLICAS E O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER NO BRASIL, PORTUGAL E ESPANHA

Vanessa Ribeiro Simon Cavalcanti - Universidade Católica do Salvador, Brasil. Professora Visitante da Universidad de Salamanca, Centro de Estúdios Brasileños

vanessa.cavalcanti@uol.com.br

Valnêda Cássia Santos Carneiro - Coordenadora do Comitê Estadual de Educação em Direitos Humanos e Assessora Jurídica do Tribunal de Justiça da Bahia

cassia.carneiro@gmail.com

  

Introdução: Num momento de mudanças no contexto familiar e no marco legal de países ibero-americanos, bem como no fomento de ações e políticas públicas que dêem visibilidade da violência doméstica e familiar, a temática justifica-se pelo fato de trazer empoderamento aos grupos envolvidos - vítimas e agressores -, bem como a necessidade de estudos interdisciplinares que almejem maior intervenção e processo educativo contra a violência ocorrida "portas adentro". Portugal, Espanha e Brasil tem sido signatários em prol dos Direitos Humanos e de ações pontuais relativas à violência doméstica e de género, promovendo debates, agendas e ações políticas. No entanto, entre o marco legal e os processos-crime e o acesso à justiça e à cidadania muitas vezes encontra barreiras institucionais e culturais para seu enfrentamento.

Objetivos: Analisar a real postura do Estado e da sociedade no enfrentamento da violência contra a mulher provocada pelo marido ou companheiro, conforme verificada pela efetiva ação do Judiciário na aplicação de instrumentos normativos criados no Brasil, em Portugal e na Espanha; identificar a produção de normas jurídicas voltadas ao reconhecimento da equivalência social entre homens e mulheres, englobando as medidas de caráter preventivo e repressivo. Neste sentido, é objetivo analisar as questões relativas à violência em contexto familiar na perspectiva de culturas de matriz ibérica e brasileira, bem como realizar estudo comparativo dos aspectos jurídico-institucional no que se refere à violência contra a mulher especificamente no ambiente doméstico e familiar. O tratamento dessa questão faz-se na confluência de três vertentes: a vertente cultural, a vertente legal e a vertente da efetiva produção do direito. A vertente cultural é evidenciada pelo tratamento dos assuntos relativos à violência no contexto familiar na literatura de natureza sociológica, filosófica e jurídico-doutrinária na tradição do pensamento ocidental. A vertente legal corresponde ao exame dos instrumentos normativos que, nos três países, dirigem-se especificamente aos problemas da violência em contexto familiar.

Metodologia: Através de estudo comparativo dos marcos legais e de processos-crime dos três países, enfatizar a existência de diferentes instrumentos normativos que evidenciam diversidade na caracterização de agressor, vítima e relações entre eles, bem como políticas para o enfrentamento da violência. A vertente da efetiva produção do Direito e da Sociologia é explicitada, na visão valorizada pelas escolas de realismo jurídico a partir da decisão dos tribunais dos três países, examinando processos relativos a infrações ao cumprimento das leis que tratam do problema da violência contra mulheres no contexto familiar e doméstico. Em virtude da diversidade de organização judiciária e da experiência brasileira de varas especializadas para proteção da mulher, a coleta de dados empíricos a respeito dessas decisões restringe-se aos processos em tramitação nas instâncias especializadas de cada país estudado. As coincidências e as divergências verificadas no tratamento do mesmo problema, segundo essas vertentes, permitem explicitar a efetiva consideração da posição da mulher na família e em termos de poder/empoderamento.

Resultados: A partir do estudo comparativo de processos do ano de 2OO9 nos três países, por amostragem aleatória nas cidades de Salvador, Coimbra e Salamanca, juntamente com levantamento do marco jurídico dos Direitos Humanos ao nível internacional traçar preliminarmente como se fazem as ações e agendas públicas e institucionalizadas juridicamente nos três países, tendo em vista dados quantitativos e principais projetos específicos para o enfrentamento da violência doméstica. Dentre os perfis e caracterização de tipologia, vítima/agressor, faixa etária, detecta-se o tempo, medidas protetivas e eficácia da interferência estatal no combate à violência doméstica e familiar.

Bibliografia:

- ARENDT, Hannah. Sobre a Violência. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

- CAVALCANTI, Vanessa Ribeiro Simon; OLIVEIRA, Anna Paula Garcia. Violência Doméstica na perspectiva de gênero e políticas públicas. Rev. Bras. Crescimento Desenvolvimento Humano, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 1-13, 2006.

- CHAUI, Marilena. Participando do debate sobre mulher e violência. In: FRANCHETTO, B.; CAVALCANTI, M. (Orgs.) Perspectivas antropológicas da mulher. Rio de Janeiro: Zahar, 1984, v. 4:25-62.

-SAFFIOTI, Heleieth I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.

Palavras-chave: Mulheres.  Violência doméstica.   Empoderamento. Família.