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Projectos - Formação de Profissionais de Saúde e Educação para a Saúde PROTECÇÃO, PROMOÇÃO E SUPORTE DA AMAMENTAÇÃO A amamentação, método alimentar de escolha para todos os bebés, pelas suas inúmeras vantagens tanto para a saúde da criança quanto para a mãe, é um modo inigualável de proporcionar alimento ideal para o crescimento e desenvolvimento de todas as crianças. A sua protecção, promoção e suporte constitui uma prioridade de saúde pública. Neste sentido, considerando que as prioridades devem ser direccionadas para a implementação de medidas e de boas práticas que visem o sucesso da amamentação, aumentando a duração do aleitamento materno exclusivo até aos seis meses de idade e a manutenção da amamentação com alimentos complementares até aos dois anos ou mais, criou-se o projecto de investigação “Protecção, Promoção e Suporte da Amamentação”, que faz parte da linha de investigação Formação de Profissionais de Saúde e Educação para a Saúde, inscrito na Unidade de Investigação em Ciências da Saúde - Enfermagem, acolhida pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC, 2012). Embora tivesse sido constituído formalmente em 2004, teve a sua formação num período anterior tendo os investigadores e colaboradores que o integram, desenvolvido os primeiros trabalhos em data antecedente. Desenvolve-se em 3 grandes áreas: No sistema de Saúde; Na Família, na Comunidade e no Local de Trabalho e na Formação.
EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE EM CONTEXTO ESCOLAR E COMUNIDADES
Projecto Estruturante (PE) gerido por uma equipa interdisciplinar, com experiência de investigação na área da Educação e Promoção de Saúde. O seu objetivo major é a implementação de experiências de aprendizagem planeada destinadas a facilitar mudanças voluntárias para uma vida saudável ao longo do ciclo de vida. O IP, numa primeira fase previligiou as atividades de EpS dirigidas a crianças em contexto escolar, dando continuidade a uma sequência de 3 projectos de investigação aplicada, os quais permitiram a criação de novos métodos de prevenção de doença e promoção de saúde de crianças em contexto escolar, com recurso ao Método Eduterapêutico (Rodrigues 2001) e à sua nova tecnologia "The Health Magic BOX". Numa segunda fase, além da intervenção EpS para crianças, emergiram estudos associados relativos aos jovens estudantes do ensino superior. Atualmente, emergiram novas oportunidades de implementação de estratégias de EpS e literacia em comunidades, abrangendo populações de adultos, gerando a oportunidade de novos estudos associados. CRESCER SAUDÁVEL: AVALIAÇÃO DE COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM CRIANÇAS Na sociedade actual, os jovens adoptam, cada vez com maior intensidade, estilos de vida que se revelam prejudiciais para a sua saúde, nomeadamente uma alimentação desiquilibrada - rica em gorduras e hidratos de carbono, consumo de bebidas alcoólicas e de estimulantes para a diversão, do tabagismo e do sedentarismo. Estudar os comportamentos de saúde e os factores que os influenciam é essencial para a promoção de "escolhas saudáveis" habilitando as crianças e adolescentes a controlar os factores de risco para a saúde e adquirirem factores protectores.
Tópico(s) prioritário(s) UICISA: E: Formação e desenvolvimento pessoal e profissional dos enfermeiros e dos estudantes do ensino superior de enfermagem Estudo das varáveis pessoais e de contexto educativo, com vista à aplicação de medidas preventivas e protectoras, favorecedoras do desenvolvimento académico e pessoal dos estudantes, bem como da formação contínua e desenvolvimento profissional dos enfermeiros.
Rede de Estudos Associados:
Concluído ESTUDO DOS FACTORES DE (IN)SUCESSO ACADÉMICO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM O rendimento académico dos estudantes de enfermagem, assim como, de outros estudantes do ensino superior, depende de diversos factores, alguns relacionados com a escola e a comunidade, outros com os docentes, e outros inerentes ao próprio estudante e família. A própria transição do ensino secundário para o ensino superior é, normalmente, acompanhada de diversas mudanças. São poucos os estudos que têm pesquisado a influência destas dimensões na adaptação dos estudantes às exigências do ensino superior e no rendimento académico. Alguns autores referem que estas dimensões podem interferir nos hábitos de vida, nomeadamente, nos padrões do ritmo sono-vigília, nos períodos de estudo, na ingestão de café e outras bebidas, nos hábitos tabágicos, etc. Assim, o objectivo geral deste projecto é construir informação científica sobre as implicações dos ritmos circadianos no desempenho académico dos estudantes de enfermagem. PEER - AVALIAÇÃO DE PROJECTOS DE EDUCAÇÃO PELOS PARES EM PORTUGAL, BRASIL E CABO VERDE
PEER é o acrónimo de Peer-Education and Evaluation Research. Tem por finalidade a implementação e avaliação de projetos de Educação pelos Pares em Portugal, Brasil e Cabo Verde. É um projeto estruturante que fomenta a investigação multicêntrica baseada na abordagem de pesquisa-ação participativa em saúde. Objetiva recriar referenciais metodológicos de promoção da saúde e de Educação pelos Pares, assim como melhoria das práticas de enfermagem comunitária neste âmbito.
Tem maior enfoque no âmbito de populações adolescentes e jovens adultos, mas abrange várias problemáticas de base comunitária desde que se baseiem em abordagens humanísticas com ênfase na avaliação de processos, resultados e impacte. O incentivo à pesquisa multicêntrica visa o estabelecimento da investigação participativa e de indicadores comuns aos 3 países: Portugal, Brasil e Cabo Verde. O modelo de planeamento e avaliação PRECEDE-PROCEED (Green & Kreuter, 2004) tem sido o mais utilizado para guiar as intervenções.
Rede de Estudos Associados:
Género, saúde e desenvolvimento O estado de saúde e os comportamentos dos homens e das mulheres são também resultado da construção social de género. Os processos de socialização têm um efeito considerável sobre a saúde das mulheres e dos homens, com implicações nos riscos em saúde e nas oportunidades para usufruir da saúde e do bem-estar. As expetativas sociais sobre os comportamentos dos homens e das mulheres afectam directamente as atitudes e os comportamentos relacionados com diversas áreas da saúde. A literatura refere que as desigualdades entre homens e mulheres - particularmente nas oportunidades de desenvolvimento das suas capacidades e na distribuição dos recursos e dos poderes - têm implicações na forma como interagem nas suas relações de intimidade, com as famílias e com os filhos, na vivência da sexualidade, no uso de contraceptivos, na transmissão das IST e do HIV / SIDA, bem como, nas diferentes formas de violência e nos cuidados que prestam a si mesmos, aos outros e ao ambiente, os comportamentos relacionados com a procura dos serviços de saúde, e como vivem as suas transições de vida e os seus processos de saúde / doença. Neste sentido as desigualdades são um problema central da sociedade que exige o (re)conhecimento dos diferentes saberes, atitudes, comportamentos e experiências das pessoas em função do género, de modo a serem construídos /oferecidos distintos cuidados de saúde / enfermagem ás meninas e aos meninos, bem como, aos homens e às mulheres.
No domínio da saúde, a equidade de género significa a ausência de disparidades desnecessárias, inevitáveis e injustas entre mulheres e homens. Significa que as mulheres e os homens têm a mesma oportunidade de usufruir das condições de vida e serviços que lhes permita estarem em boa saúde, sem doenças, incapacidades, ou morrer por causas que são injustas e evitáveis. A perspectiva de género em saúde implica vincular a distribuição do poder e do trabalho às mulheres e aos homens, em função dos seus perfis epidemiológicos. Este facto permite-nos explicar como e porquê diferem os perfis de saúde das mulheres e dos homens. Rede de Estudos Associados: - Impacto da intervenção de prevenção de violência no namoro: um estudo de caso de estudantes do Ensino Secundário - Violência no namoro: Género e auto conceito. Contributos para a criação de um modelo de intervenção em enfermagem Rede de Estudos Associados:
EDUCAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO PARA A SAÚDE MENTAL: UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO ESCOLAR PARA ADOLESCENTES E JOVENS (PTDC/CPE-CED/112546/2009) Este projecto é uma ferramenta para a acção educativa de acordo com os princípios da promoção da saúde e da prevenção de doenças mentais, que é apropriada para intervenções em contexto escolar, e que se adequa aos conteúdos, necessidades, experiências e expectativas do público-alvo, utilizando várias metodologias de intervenção (ex: grupos de foco). O objectivo principal deste projecto é a criação de um site de internet para aumentar os níveis de literacia em saúde mental, para os adolescentes e jovens entre os 15 e 22 anos de idade que frequentam escolas que pertencem à DREC. Os objectivos da intervenção são o reconhecimento cresente dos distúrbios mentais, comportamentos de procura de ajuda associados, e o combate do estigma e da discriminação relativamente aos doentes mentais. Este processo será realizado nas áreas da depressão, consumo de substâncias, ansiedade, distúrbios alimentares e psicose.
Tópico(s) prioritário(s) UICISA: E:
Rede de Estudos Associados:
SIMULAÇÃO NO ENSINO DE ENFERMAGEM Entendendo que a simulação é uma importante estratégia no ensino de graduação, pós-graduação e educação permanente dos profissionais de enfermagem, surge este projecto, multicentrico, numa parceria entre docentes das Escolas de Enfermagem de Ribeirão Preto (Brasil) e de Coimbra (Portugal).
Rede de Estudos Associados:
AVALIAÇÃO E PROMOÇÃO MULTIDISCIPLINAR DE TÉCNICAS/PROCEDIMENTOS CLÍNICOS ASSOCIADOS A CUIDADOS DE ENFERMAGEM Esta área de Investigação surge com objectivos de avaliar e sustentar melhor determinadas técnicas e procedimentos associados a cuidados de enfermagem, muitos dos quais precisam da cooperação de outras áreas o saber, como sejam a microbiologia, bioquímica, imunologia, infecciologia, medicina, ciências farmacêuticas e/ou outras áreas do conhecimento que se revelem complementares e pertinentes. Assim esta área está direccionada para a avaliação e promoção multidisciplinar de técnicas e procedimentos clínicos inerentes a cuidados de enfermagem, não menosprezando outras tecnologias associadas e o ambiente de cuidados. Rede de Estudos Associados:
DETERMINANTES E INTERVENÇÕES EM SAÚDE COMUNITÁRIA E SAÚDE PÚBLICA Projecto que tem por objectivos: realizar estudos sobre os determinantes da saúde no âmbito dos cuidados de saúde primários e ao longo do ciclo de vida; conceber e validar intervenções para a população geral, definidos em função dos factores determinantes e das estratégias de intervenção que venham a ser adoptadas; elaborar recomendações sobre boas práticas em enfermagem comunitária e de saúde pública. Rede de Estudos Associados:
Concluído A EDUCAÇÃO PRÉ-NATAL DO CASAL E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À FAMÍLIA E RECÉM-NASCIDO NO TRABALHO DE PARTO Este projecto pretende estudar os processos e as implicações da educação pré-natal e a assistência ao trabalho de parto (em particular o parto normal) no/do casal/mulher e recém-nascido, procurando fornecer contributos para o ensino e para a prática de enfermagem, tendo como referências a secção IV da Lei 2009 sobre a formação e exercício da actividade do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica (EEESMOG) e o Regulamento nº 127/2011, sobre as competências EESMOG. Rede de Estudos Associados: Concluído Desenvolvimento de competências em ensino e supervisão clínica em enfermagem de saúde da criança e do adolescente De natureza qualitativa e quantitativa, transversais e longitudinais, sempre que possível estudos quase ou mesmo experimentais - randomizados e controlados.
Tópico(s) prioritário(s) UICISA: E: Concluído Promoção do crescimento e desenvolvimento da criança De natureza qualitativa e quantitativa, transversais e longitudinais, sempre que possível estudos quase ou mesmo experimentais - randomizados e controlados. Rede de Estudos Associados:
PBE-MENTAL - Prática Baseada na Evidência em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica
Rede de Estudos Associados: Desenvolvimento Psicológico, dinâmicas e relações O presente estudoenquadra-se numa necessidade contínua de compreensão dos padrões desenvolvimentais, comportamentais e relacionais. Nele se enquadram estudos sobre o desenvolvimento psicológico ao longo do ciclo vital, bem como do processo de relação entre profissionais e pessoas por eles cuidadas. A especificidade dos contextos tem um peso na démarche desenvolvimental e nas suas vicissitudes. Por outro lado, pretende-se desenvolver investigação sobre comportamentos e relações e a sua importância para cuidados de excelência, que facilitem bem-estar aos interlocutores envolvidos. Por isso pretendemos com este projeto estruturante abarcar diversos aspetos que possibilitem um conhecimento mais aprofundado do desenvolvimento psicológico e das relações e padrões comportamentais estabelecidos nos diversos contextos. Implementação da metodologia de cuidados Humanitude O crescente envelhecimento populacional e o aumento da esperança média de vida tornam-se, paradoxalmente, nos dias de hoje, um dos maiores desafios dos sistemas de saúde dos países desenvolvidos. Paralelamente ao aumento da população envelhecida assiste-se também ao aumento do número de pessoas portadores de doenças crónicas e neurodegenerativas, sendo as demências que apresentam maior expressão. As demências não só são a principal afeção responsável pela institucionalização, como são descritas pelos cuidadores como uma das condições de saúde mais difíceis de cuidar, devido aos Sintomas Comportamentais e Psicológicos da Demência como a agitação, agressividade, desorientação, recusa nos cuidados e força contrária (Phaneuf, 2010). Assim, cuidar destas pessoas tornou-se um dos maiores desafios do sistema de saúde para o qual os profissionais de saúde e as instituições de ensino não estão preparados. Dada a complexidade e exigência dos cuidados a prestar a estas pessoas e o impacto negativo que provoca nos estudantes de enfermagem, devido à dificuldade em lidarem com estas situações (Melo, Salgueiro e Araujo, 2015), é fundamental capacitá-los com metodologias de cuidar inovadoras e adequadas à realidade dos cuidados, com procedimentos cuidativos que operacionalizem e sistematizem a relação, assentes nos valores Ético-deontológicos da enfermagem (Simões, Rodrigues e Salgueiro, 2008; Simões, Salgueiro e Rodrigues 2012). A Metodologia de Cuidados Gineste-Marescotti® (MGM), também designada de Metodologia Cuidado Humanitude, orientada pela filosofia de Cuidados Humanitude, foi desenvolvida por Yves Gineste e Rosette Marescotti desde 1979 (Salgueiro, 2014). A MGM assenta em quatro pilares fundamentais: olhar, palavra, toque e verticalidade, e dispõem de 150 técnicas relacionais, caracterizadas pela suavidade, como o toque ternura, e particularidades muito subtis, em que gestos técnicos e relacionais são indissociáveis. Esta metodologia é transversal a qualquer cuidado, cumprindo uma Sequência Estruturada de Procedimentos Cuidativos Humanitude (SEPCH) (Simões, Salgueiro e Rodrigues, 2012; Simões, 2013). A SEPCH evolui na dinâmica dos cuidados em duas fases, que vão da aproximacão/sintonia à consolidação/proação. A MGM fomenta a prestação de cuidados com base em regras de arte que orientam a atuação dos profissionais através de uma visão ética e baseada na evidência (Simões, Rodrigues e Salgueiro, 2008, 2011; Simões, Salgueiro e Rodrigues, 2012). Esta metodologia privilegia intervenções não-farmacológicas no controlo e redução de Comportamentos de Agitação Patológica fornecendo técnicas específicas para o efeito, que promovem a verticalização, operacionalizam a humanização, profissionalizam a relação entre o cuidador e a pessoa cuidada, melhorando a qualidade de vida da pessoa cuidada e dos cuidadores (Gineste e Pellissier, 2008; Simões, Salgueiro e Rodrigues, 2012). A MGM tem produzido mudanças assinaláveis na cultura vigente nos estabelecimentos de saúde onde foi implementada, tendo-se obtido ganhos em saúde muito significativos, evidenciando-se como uma ferramenta eficaz na promoção da qualidade dos cuidados (Pilette, Patenaude e Bruneau, 2004; Luquel, 2008; Simões, Rodrigues e Salgueiro, 2011; Simões, Salgueiro, Rodrigues, 2012). A MGM tem demonstrado particular efetividade em pessoas dependentes e/ou atingidas de demência, evitando comportamentos de agitação patológica, oposição/recusa aos cuidados (Araújo e Alves, 2012; Araújo, Melo e Alves,2014a) promovendo o autocuidado (Araújo, Melo e Alves, 2014b) e a verticalidade (Araújo, Oliveira, Alves, Salgueiro (2011), diminuindo a incidência de ulceras de pressão e de quedas (Araújo, Alves e Oliveira, 2012; Araújo, Alves, Salgueiro, Melo, Cardoso e Martins, Câmara, 2014). Repercute-se também nos cuidadores, melhorando a sua satisfação profissional/motivação e qualidade de vida (Gineste e Pellissier, 2008). Esta filosofia de cuidar promove o respeito pela pessoa cuidada, e proscreve intervenções em força ou em cuidados não consentidos. Como alternativa enfatiza técnicas que profissionalizam e facilitam a relação entre o cuidador e a pessoa cuidada, favorecendo o estabelecimento de uma verdadeira relação de confiança, promovendo o bem-estar da pessoa cuidada, por ser bem cuidada, e do cuidador, por estar a prestar um cuidado de excelência (Phaneuf, 2010; Simões, Rodrigues e Salgueiro 2008; Gineste e Pellissier, 2008; Simões, Rodrigues e Salgueiro, 2011; Simões, Salgueiro e Rodrigues, 2012). Esta metodologia, inovadora e económica, com ganhos cientificamente validados a nível nacional e internacional, pode ser um contributo para os importantes desafios de saúde atuais, como o aumento da dependência das pessoas idosas com demências, da complexidade dos seus cuidados e consequentes custos operacionais. A sua implementação, disseminação, validação e certificação é uma necessidade imperiosa como demonstram os resultados obtidos nas instituições onde foi implementada (Araújo, Alves e Oliveira, 2012; Araújo, Alves, Salgueiro, Melo, Cardoso e Martins, Câmara, 2014). Esta temática é atual e pertinente, carecendo de um maior esforço de investigação, fundamental e aplicada (Simões, Rodrigues & Salgueiro, 2008). Rede de Estudos Associados:
Comunicar Enfermagem: dos Media à Sociedade Trata-se de uma área de investigação pertinente e inovadora, que tem como objetivos descrever e compreender a visibilidade mediática da Enfermagem em Portugal e as dinâmicas de relação entre profissionais de comunicação social (jornalistas, editores, publicitários, relações públicas e assessores de comunicação) e enfermeiros (agindo como fontes de notícias ou como consultores em saúde para os media). Está também direcionada para a criação e avaliação de programas formativos na área dos comportamentos de abordagem aos media. Pretende igualmente: - Promover a reflexão sobre a profissão e disciplina de Enfermagem e sua tradução para discurso oral e escrito; - Desenvolver investigação transdisciplinar, que sustente a construção de programas formativos em comunicação; - Promover a disseminação da Enfermagem como disciplina do conhecimento, fundamental para a saúde das populações; - Promover novas práticas pedagógicas baseadas em evidência científica; - Interagir com diferentes áreas do saber consubstanciando novos desenhos de investigação promovidos por equipas de investigação. Esta investigação será realizada com enfermeiros portugueses habilitados para o exercício profissional, uma vez que possuem experiência profissional e conhecimento teórico alargado. A junção do conhecimento teórico com a prática profissional permite melhor compreensão da prática profissional e, por conseguinte, facilita a elaboração de mensagens sobre a profissão. O projeto surge como consequência da necessidade crescente de investigar as práticas de comunicação pública dos enfermeiros, bem como o impacto dessas práticas na perceção da sociedade sobre o papel dos enfermeiros na melhoria da Saúde das populações e sobre o valor dos cuidados de Enfermagem. Nesse sentido, após a conclusão de uma dissertação de mestrado, iniciaram-se vários estudos de mestrado e doutoramento cujos objetivos são complementares e que pretendem descrever a realidade dos enfermeiros portugueses, identificar e compreender relações entre variáveis e testar programas educacionais que promovam a formação nesta área. As parcerias desenvolvidas com outros Investigadores e Instituições (nacionais e internacionais) e a dinâmica de colaboração entre os estudos associados aumentaram a necessidade de estabelecer um Projeto Estruturante, capaz de coordenar o rumo da Investigação e de agregar novos estudos associados. Pretende-se identificar e intervir na disparidade entre a imagem da Enfermagem percecionada pela sociedade e a evolução dos conhecimentos científicos e técnicos da disciplina (e consequente diversificação e melhoria dos cuidados prestados), na forma de evidência científica presente em inúmeras publicações nacionais e internacionais. Essa disparidade é causada, entre outros, pela associação entre cuidados de enfermagem e valores maternais e femininos, manutenção da identificação dos enfermeiros com valores religiosos e institucionais, multiplicidade de modelos teóricos e concetuais que explicam a prática profissional, relações de poder nas instituições e pelo silêncio culturalmente aceite e difundido no seio da profissão. Uma das causas mais importantes está relacionada com a dificuldade dos enfermeiros em estabelecer relações com os media. Os enfermeiros manifestam receio de falar em público e de abordar os jornalistas, e estes últimos não os escolhem como fontes de notícias de saúde nem conhecem os contributos da profissão para a Saúde. Gera-se assim um fosso que impede que os acontecimentos de Enfermagem se transformem em notícia ou que sejam alvo de escrutínio público, o que contribui para manter o desconhecimento da sociedade sobre a profissão. Assomam-se as seguintes consequências: - Disparidades na distribuição de recursos e nas políticas públicas; - Diminuição do financiamento da educação e investigação em enfermagem; - Incapacidade de participação no planeamento estratégico da saúde aos mais diversos níveis e, dessa forma, de advogar por melhores cuidados para os cidadãos; - Dificuldades de recrutamento e retenção de estudantes e de enfermeiros e aumento da rotatividade nos locais de trabalho; - Compromisso da segurança dos doentes e ineficácia nas relações interprofissionais; - Alteração negativa da identidade profissional; - Aumento da intensidade de trabalho, diminuição dos salários, aumento da violência contra os enfermeiros, burnout, insatisfação e agravamento do desempenho profissional; - As crenças dos cidadãos (influenciadas pela produção mediática), determinam a procura de cuidados de enfermagem e o modo como os profissionais são tratados; - Os cidadãos que desconhecem a profissão não fazem escolhas informadas sobre os cuidados que lhes são prestados ou que desejam e não reivindicam por cuidados seguros e de qualidade. A manutenção da transmissão de estereótipos sobre enfermeiros e a escassa presença da profissão nas notícias de saúde constituem problemáticas que carecem de intervenção urgente. A identificação dos desafios presentes na comunicação entre enfermeiros e os media e o desenvolvimento e avaliação de programas de formação (que incidam sobre os comportamentos de abordagem aos media) poderão contribuir para melhorar a comunicação pública dos enfermeiros e consequentemente, para diminuir o fosso entre a perceção da sociedade e a realidade da profissão.
História e Epistemologia da Saúde e Enfermagem Estudos da História e da Epistemologia das Ciências da Saúde e da Enfermagem numa perspetiva transdisciplinar, interdisciplinar e disciplinar.
Tópico(s) prioritário(s) UICISA: E: Prevenção de comportamentos de risco e promoção da saúde de crianças, adolescentes e jovens: Contributos para uma intervenção de Enfermagem
Área(s) prioritária(s) da UICISA: E Inovação em tecnologia dos cuidados de enfermagem Rede de Estudos Associados:
Concluído Formar para cuidar com Humanitude Portugal apresenta uma das estruturas etárias mais envelhecidas, entre os 28 Estados Membros da União Europeia, sendo o 4º país da UE com maior proporção de idosos (INE, 2015). De acordo com a OCDE (2013), em 2050 35% da população portuguesa terá mais de 65 anos e 11% desta terá 80 ou mais anos de idade. Por conseguinte, surge um maior risco de aquisição de doenças crónicas e degenerativas (WHO, 2015), sendo particularmente as demências as mais comuns nesta faixa etária (WHO, 2016), constituindo uma das principais causas de incapacidade, de perda de autonomia e de dependência (WHO, 2016a), com fortes implicações na utilização dos cuidados e institucionalização (DGS, 2014). Este crescente aumento de pessoas idosas com Sintomas Comportamentais e Psicológicas da Demência (SCPD) (agitação, agressividade, desorientação, recusa de cuidados) tornou-se um desafio para o qual os estudantes de enfermagem têm dificuldade em lidar (Melo, Salgueiro e Araújo, 2015). Dada a complexidade e exigência dos cuidados a prestar a estas pessoas e o impacto negativo que provoca nos estudantes (Lourenço, 2012), devido à dificuldade em lidarem com estas situações, é fundamental capacitá-los com metodologias de cuidar inovadoras e adequadas à realidade dos cuidados, com procedimentos cuidativos que operacionalizem e sistematizem a relação, assentes nos valores Ético-deontológicos da enfermagem havendo “princípios que os estudantes têm que integrar nos quatro anos de curso, caso contrário será difícil assumi-los na sua vida profissional” (Simões, Salgueiro e Rodrigues (2012, p.92). Neste sentido, as escolas de enfermagem terão de assumir este papel promovendo o desenvolvimento de competências que profissionalizam e facilitam a relação, valorizando e defendendo aquilo que nos diferencia dos outros profissionais que é cuidar da pessoa como ser humano único, com necessidades e desejos próprios e com direito a que a sua humanitude não seja destruída ou danificada (Salgueiro, 2014). Dado não existirem estudos que investiguem o impacto da apropriação da Metodologia de Cuidar Humanitude na redução das dificuldades dos estudantes em Ensino Clinico e aumento da sua satisfação na interação com a pessoa cuidada propomos-mos realizar um estudo de investigação nesta área. Investigação e Ação em Saúde Familiar O investimento na promoção da saúde familiar, ao longo do ciclo vital, constitui uma estratégia prioritária da Organização Mundial da Saúde e do Governo Português, sustentado pelas orientações politicas, nomeadamente na saúde para todos na Região Europeia e nos Planos Nacionais de Saúde (2004-2010, 2012-2016, revisão e extensão do PNS a 2020) e nas politicas de organização dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal.
Neste sentido surge este projeto que visa contribuir para a promoção da saúde dos cidadãos, famílias e comunidades, através da construção e divulgação do conhecimento, abrangendo diversos domínios: ensino, contextos clínicos, comunidades locais e sociedade em geral.
Tópico(s) prioritário(s) UICISA: E: Rede de Estudos Associados:
Promoção da saúde com as crianças e famílias Os primeiros anos de vida são considerados essenciais e definidores da trajetória de vida do indivíduo. Como os hábitos e comportamentos adquiridos precocemente tendem a manter-se pela vida adulta (1), a adoção de uma alimentação adequada e de um movimento harmonioso nas 24h do dia (onde se inclui a atividade física, comportamento sedentário e sono) são considerados essenciais. A prevalência de doenças não comunicáveis como a obesidade, tem sido crescente em Portugal (11) e por todo o mundo (12, 13). De uma forma simplista, podemos afirmar que o excesso de peso e obesidade resulta de um desequilíbrio entre aquilo que é ingerido e o que é gasto pelo organismo. Em Portugal e, em relação ao consumo alimentar, apenas 31.6% das crianças com 3 e mais anos consomem 5 porções de fruta e produtos hortícolas (2). Embora abundem diferentes guias de recomendação para a ingestão de fruta e produtos hortícolas (3, 4), o número de estudos que promovem a ingestão destes alimentos, desenvolvidos e implementados com crianças até aos 5 anos de idade é reduzido (5), mas com uma tendência crescente (6). No que diz respeito à atividade física e comportamento sedentário, as intervenções são consideradas, genericamente, eficazes (7, 8), contudo têm sido exploradas de forma isolada, negligenciado o seu efeito conjunto com o sono. Sabe-se que a maior duração do sono está associado a melhor composição corporal, regulação emocional e crescimento em crianças (9).
Educação para a saúde e literacia Rede de Estudos Associados: Estilos de Vida e Promoção da Saúde O Conceito de Estilo de Vida (EV) é mais do que um agregado de decisões individuais que afetam quer a vida pessoal quer a vida coletiva e sobre as quais revela ter algum controlo (Pais-Ribeiro, 2004). O ser humano transporta em si um conjunto de hábitos e costumes que são influenciados e modificados em função do processo de socialização durante toda a vida dos indivíduos e que vão refletir nos estilos de vida de cada sujeito. São as ‘crenças, valores e atitudes’ presentes nos hábitos diários ou comportamentos das populações que moldam os estilos de vida da sociedade e que de certa forma revelam ter um grande impacto sobre o estado de saúde das populações, quer a médio ou a longo prazo (Coelho e Santos 2006). Os estilos de vida refletem também um aglomerado de padrões comportamentais diretamente relacionados e que dependem das condições económicas, políticas, sociais, culturais e educacionais da sociedade em geral (Pais Ribeiro 2004). Podemos ainda acrescentar que os EV resultam também da mudança do meio em que o individuo está inserido (processo ativo) e que o mesmo assume conscientemente, através das suas escolhas, a procura de uma melhor condição, isto é, um método de ação integrado que visa maximizar as potencialidades do indivíduo no meio ambiente em que vive (Pais Ribeiro 2004). Os fatores que estão associados aos EV como o tipo de dieta alimentar, exercício físico, hábitos tabágicos, consumo de álcool e drogas, acidentes, comportamento sexual, etc. não são mais do que um todo e podem afetar tanto o risco de sofrer uma ou mais doenças como também afetar o evoluir do tratamento (cura) ou de sobreviver a esse processo (Wilkinson e Marmot 2003; Marmot 2005; Matos e Albuquerque 2006). Os Estilos de Vida são um dos principais determinantes da saúde e prevenção da doença crónica, quando analisados sob a perspetiva da saúde pública. É uma variável modificável e dependente da definição de risco, ou seja, não se define por si só, mas em relação com os riscos subsequentes, tais como aqueles associados a certas condições de saúde. O crescente interesse pela promoção dos estilos de vida saudável na infância, adolescência e juventude, promoveram um aumento no número de estudos relacionadas com estes grupos, assim como a introdução de novas dimensões no estilo de vida, como uma área fundamental para a compreensão das novas doenças. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a promoção da saúde é o processo que permite que as pessoas controlem e melhorem a sua saúde (WHO, 1998). Existe, o reconhecimento de que a promoção da Saúde é uma área em desenvolvimento e de grande importância na Europa e no mundo, que envolve profissionais de áreas diversificadas. Ainda assim, é evidente que houve a necessidade de criar um corpo específico de competências e conhecimentos que represente e categorize a prática de promoção da Saúde (Dempsey et al. 2011). Destaca-se o Projeto CompHP – realizado entre 2009 e 2012, financiado pela União Europeia no âmbito do Programa de Saúde, teve como principal objetivo desenvolver um referencial de competências e padrões profissionais para a construção da capacidade em promoção da Saúde na Europa. (Barry et al, 2012). O desenvolvimento deste projeto contou com o apoio da International Union for Health Promotion and Education (IUHPE), baseando-se numa abordagem de construção de consenso e visando trabalhar em colaboração com profissionais de saúde, educadores na área da saúde e grupos que definem regras e políticas em toda a Europa (Dempsey et al. 2011). As competências centrais do projeto CompHP foram definidas para uso das instituições formadoras de técnicos cuja principal função é a promoção da saúde, que possuem graduação ou pós-graduação em saúde. As competências centrais são constituídas por valores éticos e por nove domínios: possibilidade de mudança, advocacia em saúde, parceria, comunicação, liderança, diagnóstico, planeamento, implementação e avaliação e pesquisa (Barry et al, 2012). Numa sociedade desenvolvida socialmente, espera-se que as pessoas sejam capazes de construir os seus projetos de vida e assumir a responsabilidade pela construção do seu bem estar e pela gestão da sua saúde. Neste contexto, a sociedade atual criou condições favorecedoras da promoção da qualidade de vida, esperando-se que as pessoas vivam mais anos, de uma forma produtiva e ativa, valorizando a própria vida e se esforcem para minorar possíveis incapacidades. É neste contexto que a promoção da saúde ganha relevo/importância. Partindo do pressuposto que a saúde é um processo dinâmico que leva o indivíduo, numa atitude pessoal e coletiva, a otimizar as suas capacidades, a desenvolver e modificar o meio, com a finalidade de estabelecer um estado de harmonia e equilíbrio, no espaço europeu tem vindo a ser dada prioridade à intervenção na área de promoção para a saúde, particularmente em contexto escolar. Das conferências é evidente que a promoção da saúde visa a transformação social e o empoderamento pessoal e comunitário. A promoção da saúde vai para além do controlo e da intervenção sobre os comportamentos de saúde, mas procura-se uma intervenção social ativa que permita influenciar as decisões. Os profissionais, com intervenção na promoção da saúde, deverão orientar a sua intervenção para ajudar os indivíduos e os grupos a construírem a sua autonomia, e responsabilidade, pelo que o poder na tomada de decisões é partilhado, procurando-se um modelo bottom-up. Espera-se que tenham conhecimentos na área, competência técnica, responsabilidade social e satisfaçam as necessidades dos clientes. Constituem-se como dinamizadores, facilitadores, advogados, pelo que do seu corpo de competência não se espera apenas o domínio técnico-científico, mas também os valores e os princípios que orientam a profissão. Parece pois que a promoção da saúde continua a necessitar de informação pertinente, mas também da participação e corresponsabilização dos indivíduos, enquanto sujeitos ativos nas tomadas de decisão no seu contexto de vida.
Tópico(s) prioritário(s) UICISA: E: Educação para a Saúde e Literacia Formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde Transições de saúde e autocuidado Rede de Estudos Associados:
O Envolvimento do cidadão nos processos de investigação e extensão do conhecimento à sociedade A investigação científica e o desenvolvimento tecnológico (IC&DT) devem pautar a sua prática na produção de conhecimento e produtos que gerem impacto e relevância para a sociedade. No âmbito da investigação cidadã em saúde, o Envolvimento do Cidadão nas diferentes etapas do ciclo de investigação é uma boa prática, bem como uma abordagem necessária para a manutenção de cuidados de saúde de qualidade, de produtos e serviços centrados no cidadão e nas suas reais necessidades. Em contrapartida, a Extensão à Sociedade do melhor conhecimento e as metodologias de comunicar ciência são áreas emergentes que carecem de definição e operacionalização para que a ciência cidadã se operacionalize. Relativamente ao conceito Envolvimento do Cidadão, a existência de uma miríade de nomenclaturas utilizadas internacionalmente, constitui uma barreira para o entendimento, e consequentemente dificulta sua operacionalização. De facto, na literatura científica encontram-se várias nomenclaturas, tais como “investigação participativa”, investigação colaborativa”, “patient and public involvement”, “citizen engagement”, “citizen participation”, “community engagement”, “consumer involvement”, “public adviser”, “public involvement”, “volunteered geographic information”.1-3 Apesar das diferentes terminologias, genericamente, o Envolvimento do Cidadão pode ser entendido como a realização de qualquer atividade que envolva diretamente o cidadão, em pelo menos, uma etapa do ciclo de desenvolvimento de projetos de IC&DT.3 O Envolvimento do Cidadão nos procedimentos de investigação em saúde deve ser um processo ativo, direcionado para a prática de uma “investigação realizada com o cidadão”, e a descontinuidade do paradigma de “investigação realizada sobre ou para o cidadão”.3 Portanto, trata-se de uma ação chave para o desenvolvimento de investigação e inovação responsáveis, com o intuito de reunir a maior diversidade possível de atores (não só o cidadão, como também as outras partes interessadas no processo), também designados de stakeholders, que normalmente não interagem entre si. Estes stakeholders são indivíduos, organizações ou comunidades que têm um interesse direto ou indireto no processo ou nos resultados do projeto,4 isto é, investigadores, cidadãos, políticos, organizações da sociedade civil e da indústria, ONGs e influenciadores políticos.5,6,7,8 Perspetiva-se que o envolvimento na conceção e desenvolvimento de projetos de IC&DT, promova o diálogo entre os vários atores dos projetos, através de intercâmbios participativos, e que tais ações, conduzam a uma compreensão mútua, ao co-design, à cocriação e co-validação de resultados de investigação e inovação (I&I). Compreende-se que as unidades de investigação/ universidades possuem para além de outras missões a responsabilidade social de produzir conhecimento relevante e significativo, mas também têm o comprometimento de torná-lo acessível, num formato facilmente consumível, amigável e credível, que permita a sua implementação na comunidade.9 Ao disponibilizarem o melhor conhecimento e os melhores produtos aos end-users (profissionais de saúde e/ou cidadãos) e aos decisores políticos, as unidades de investigação/ universidades possibilitam tomadas de decisão em saúde mais informadas a nível individual, coletivo ou político. Neste âmbito da Extensão à Sociedade, as metodologias de disseminação do conhecimento produzido junto da comunidade necessitam de monitorização e melhor compreensão e definição. A Extensão à Sociedade representa a fase complementar à produção de conhecimento, produtos ou serviços, que tem como foco a comunidade, com o objetivo de aumentar a capacitação, a literacia e o empoderamento do cidadão. As atividades de extensão requerem ser monitorizadas e incrementadas também por resultados de investigação sobre o estudo (i) do seu impacto na comunidade, (ii) das metodologias de extensão em usos, (iii) das respetivas estratégias de comunicar ciência e (iv) de levar os melhores produtos/ conhecimento à sociedade.10,11 No cenário internacional atual, uma panóplia de iniciativas tem promovido a consciencialização dos investigadores para a construção de uma ciência cidadã e do respetivo potencial do cidadão para o desenvolvimento desta investigação mais centrada nas reais necessidades do cidadão e da sociedade onde está inserido. Estas iniciativas fomentam um consenso generalizado de aceitação e Envolvimento do Cidadão na investigação científica, que poderá ocorrer em qualquer área do conhecimento, como nas ciências exatas, naturais ou sociais, no seio das universidades ou unidades de investigação e ainda no tecido empresarial.12,13 Neste âmbito, destacam-se as iniciativas no Reino Unido, do departamento Research Governance Framework for Health and Social Care e o Research and Development Directorate do National Health Service (NHS), e outras entidades internacionais como o National Institutes for Health (NIH) Directors Council of Public Representatives,14 dos Estados Unidos da América e a Cochrane Collaboration Consumer Network.15 Os estudos apontam que, para aumentar o potencial dos contributos do cidadão no ciclo de investigação este envolvimento deve começar desde o estabelecimento de prioridades até à disseminação dos resultados.16 Deste modo, pode-se mencionar que o Envolvimento do Cidadão na investigação, implica a reestruturação e reorganização dos desenhos de trabalho dos investigadores e das unidades de investigação e respetivas universidades/ instituição do ensino superior que os acolhem. O cidadão e o investigador terão, cada vez mais, de estabelecer uma estreita parceria, pois nesta ótica eles fazem parte da mesma equipa de trabalho, por conseguinte estes cidadãos também requererão formação e capacitação para estes processos.3,16 Acredita-se que o Envolvimento do Cidadão é o passo a seguir para uma investigação mais cidadã e significativa para as sociedades. Encontram-se um largo número de argumentos que suportam o envolvimento, a parceria e a presença do cidadão nas unidades de investigação/ universidades. Possivelmente, um dos argumentos mais consistentes é a i) qualidade que é imprimida na investigação produzida; ii) o aumento da probabilidade de sucesso da investigação/ produto criado; iii) sentido de responsabilidade e de democracia, em especial na investigação conduzida com o financiamento público; e face a estes argumentos, cada vez mais iv) órgãos de financiamento incentivam que, de alguma forma, ocorra o envolvimento do cidadão nos estudos que financiam.3,5,12,17,18,19 Contudo, é também mencionado na literatura como desafio, relativamente à viabilidade da ciência cidadã, uma possível colisão de valores, nomeadamente, clínicos e económicos vs sociais e políticos. Questões que, por si só, merecem investigação; se por um lado, uma panóplia de argumentos fomenta a ciência cidadã e o respectivo Envolvimento do Cidadão, outros dados alertam para possíveis desafios que merecem ser estudados.20 Para além da própria pluralidade de termos e conceitos inerentes a este paradigma que dificultam a operacionalização do Envolvimento do cidadão, e consequente extensão/transferência do conhecimento à sociedade.21 Posto isto, considera-se que o conhecimento incipiente relativo a esta temática e respetivas metodologias de implementação torna relevante a exploração dos seus contextos e a procura das melhores estratégias de operacionalização do Envolvimento do Cidadão na investigação quantitativa, qualitativa e na investigação secundária, como as revisões sistemáticas. Através da implementação de estratégias, formação dos investigadores e dos cidadãos, criação de procedimentos e estruturas dentro da própria UICISA: E. Conjuntamente, com a articulação das ações e sequente operacionalização para se desenvolver de forma concertada a extensão do melhor conhecimento/produtos da UICISA: E e da ESEnfC à sociedade.20,21 Consciente deste desafios o eixo estratégico de desenvolvimento Envolvimento do Cidadão e Extensão à Sociedade da UICISA: E tem organizado um conjunto de iniciativas, desde a participação e organização em eventos temáticos, bem como a publicação de artigos9,22, ações de consciencialização para os investigadores e disseminação do melhor conhecimento para o cidadão; contudo, investigação sobre a ciência cidadã, em geral, e destas duas dimensões em particular - Envolvimento do Cidadão e Extensão à Sociedade - são necessárias para se promover um maior entendimento sobre as mesmas, mas também explorar como implementar, monitorizar, desenvolver e inovar este tipo de ciência. Sendo a finalidade major deste projeto a produção de conhecimento suficiente que permita à UICISA: E a criação de um Centro de Cidadãos e End-users, com vista à sustentabilidade da investigação que se desenvolve. Comunicação e Relação Interpessoal nos Cuidados de Saúde Na área da saúde a comunicação é, indiscutivelmente, um elemento vital para nutrir a relação, facilitar os processos de transição e alcançar resultados positivos em saúde (Newell & Jordan, 2015). A perceção das pessoas que procuram cuidados de saúde sobre a qualidade da relação estabelecida com os profissionais de saúde (PS) é um determinante da qualidade dos cuidados de saúde (Moore et al., 2018; Ratna, 2019; Kwame & Petrucka, 2021). A investigação tem demonstrado uma relação positiva entre a comunicação eficaz e resultados em saúde, assim como com o desempenho dos sistemas de saúde (Doyle, Lennox, & Bell, 2013; Henly, 2016; Kwame & Petrucka, 2021). Os resultados em saúde incluem: o aumento do conhecimento sobre aspetos relacionados com a saúde; a melhoria na compreensão da informação; o fortalecimento de relação de confiança; a melhoria da adesão ao regime terapêutico; a melhoria da capacidade de tomada de decisão; da funcionalidade; da qualidade de vida; a melhoria da gestão e capacitação para o autocuidado; a gestão eficaz de sinais e sintomas; a diminuição do burden associado aos cuidados ou na gestão de emoções e bem-estar (Doyle, Lennox, & Bell, 2013; Kelley et al. 2014; Eton et al., 2017; Świątoniowska-Lonc et al., 2020). Do ponto de vista do desempenho dos sistemas de saúde, a comunicação eficaz beneficia práticas mais seguras; decisões clínicas de maior qualidade; aumenta a satisfação dos profissionais; a diminuição de eventos adversos; a melhoria do acesso a cuidados e recursos em saúde, facilita a navegação de pessoas nos sistemas de saúde e a integração de cuidados e por isso, minimiza as desigualdades (Institute for Healthcare Communication, 2011; Doyle, Lennox, & Bell, 2013). A visão mais atual dos cuidados respeita o cidadão como um agente ativo, com liberdade para agir intencionalmente e de se envolver na cocriação de mudanças do seu projeto de saúde. A sua participação é determinante e requer relações eficazes entre os PS e as pessoas cuidadas (Care Quality Commission, 2016; National Clinical Guideline Centre for Acute and Chronic Conditions, 2018; Synnot et al., 2018). Apesar disto, a comunicação entre os PS e as pessoas cuidadas continua a ser um desafio, verificando-se insuficiências particularmente na translação do conhecimento para os contextos clínicos, que tem impacto na experiência das pessoas com os cuidados de saúde, na qualidade de vida e na segurança (Care Quality Commission, 2016; Synnot et al., 2018). Alguns estudos revelam que os PS têm dificuldade em reconhecer o impacto dos seus comportamentos verbais e não-verbais na pessoa, e também dificuldade na abordagem de questões psicossociais e ainda evitam situações que impliquem exposição emocional (Tay, Hegney, & Ang, 2011). Outros, como o estudo etnográfico de Chan, Wong, Cheung, & Lam (2018) em pessoas com cancro, faz emergir a ideia de que pessoas não tinham a expetativa de receber cuidados psicossociais por parte dos enfermeiros, particularmente porque os percecionavam demasiado ocupados o que os levava a partilhar apenas preocupações que percebessem como urgentes principalmente relacionadas às suas necessidades fisiológicas, o que realça a necessidade de reflexão sobre o tempo dedicado aos cuidados. Estes fatores, entre outros, contribuem para fragilidades no processo relacional e de cuidar e na forma de envolver as pessoas nos processos de tomada de decisão, que adensa a necessidade de se continuar o o investimento no desenvolvimento do conhecimento. A literatura indica que existem áreas cuja investigação é desejada. A título de exemplo, o National Institute of Nursing Research refere-se à necessidade de conhecimento em áreas como: a comunicação de pessoas em fim de vida com os PS sobre os seus desejos de tratamento; a gestão de sinais e sintomas; o bem-estar e a autogestão e a qualidade de vida em indivíduos com doenças crónicas. Também Synnot et al. (2018) indicam outras prioridades da investigação na área da comunicação em saúde, nomeadamente sobre: estratégias de coordenação e continuidade de cuidados; estratégias para o envolvimento das pessoas na tomada de decisão; estratégias de comunicação com pessoas de diversas origens culturais e linguísticas; estratégias de informação em saúde para o público em geral; o recurso a advocacia ou suporte pelos pares; modelos de organização de cuidados centrados na pessoa e avaliação do impacto na qualidade e segurança dos cuidados de saúde ou mesmo estratégias de envolvimento ativo dos utilizadores no desenho de serviços de saúde. Assim, é relevante investir no aprofundamento do conhecimento científico sobre as dimensões que à comunicação dizem respeito. Mais recentemente, a gestão da pandemia por Covid-19 requereu um conjunto de medidas preventivas que ditaram uma profunda transformação na forma como os PS se comunicam com as pessoas e com os seus familiares e conviventes significativos, devido à necessidade de isolamento, distanciamento físico ou mesmo o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). Os PS e as pessoas cuidadas viram-se confrontados com a necessidade de desenvolver novas formas de comunicar que permitissem cuidados de saúde eficazes. Para além das mudanças dos conteúdos das conversas ou do tempo disponível, os processos pelos quais se comunicam mudaram rapidamente, nomeadamente a comunicar com máscaras ou com outros EPI’s; a usar ferramentas de comunicação remota e eletrónica com pessoas cuidadas ou com familiares impedidos de visitar seus familiares, entre outros. Considerando estes novos desafios que mudaram os padrões de comunicação e que se irão perpetuar, o European Association for Communication in Healthcare (EACH) refere que os PS precisam de apoio para adaptar as principais capacidades de comunicação para encontros face-a-face com o uso de EPI’s, ou com recursos tecnológicos em encontros virtuais (Rubinelli, Myers, Rosenbaum, & David, 2020). Considerando o anteriormente exposto, reconhece-se a necessidade de, no contexto nacional, desenvolver conhecimento sobre a forma como a comunicação dos PS, particularmente enfermeiros e pessoas cuidadas e suas famílias contribuí para resultados sensíveis aos cuidados de saúde, cuidados mais centrados nas necessidades das pessoas e mais humanizados. Por outro lado, é necessário aprofundar conhecimento sobre os processos de translação do conhecimento para a prática clínica na área da comunicação em saúde e sobre abordagens e estratégias inovadoras, incluindo o recurso à tecnologia (teleconsulta, videoconsulta, entre outras). Ainda, é relevante desenvolver conhecimento sobre estratégias e recursos pedagógicos para uma educação capacitadora dos PS na área da comunicação e da relação e os resultados obtidos com as mesmas com o envolvimento ativo dos cidadãos, assim como das pessoas cuidadas para melhores se comunicarem com os PS para garantir cuidados de saúde mais centrados nas necessidades dos seus intervenientes e seguros. Em suma, este projeto irá cumprir com os seus objetivos através da integração de estudos associados de investigação primária e secundária e projetos de implementação da melhor evidência na área e conta com uma equipa de investigadores que se tem dedicado ao estudo e formação nesta área.
Áreas prioritárias de investigação da UICISA: E Prática de Enfermagem Avançada em Saúde Reprodutiva e Perinatal A Prática Avançada de Enfermagem (PAE), “é o conhecimento especializado utilizado por um enfermeiro profissional licenciado e qualificado para tomar decisões complexas e avançadas e pôr em prática as habilidades clínicas necessárias para a implementação do papel da Prática Avançada na assistência à saúde, integrando teoria, prática, ensino, pesquisa, liderança e gestão” (Olímpio et al., 2018, p.677). Um/a enfermeiro/a com formação avançada é um/a enfermeiro/a devidamente credenciado/a que adquiriu conhecimentos especializados, possui elevada capacidade de decisão e competências clínicas para uma prática avançada (Conselho Internacional de Enfermagem, 2009). As realidades são diferentes em vários países, mas a PAE está relacionada com a prestação de cuidados de saúde altamente diferenciados em áreas de especialização, em que o/a enfermeiro/a possui competências muito especializadas em determinada área, como a área da saúde materna e obstétrica (Lopes, Gomes & Almada-Lobo, 2018). Periop Safe Care – Raciocínio clínico dos enfermeiros e segurança do doente em contexto perioperatório Estima-se que no mundo sejam realizadas mais de 234 milhões de cirurgias a cada ano e, com frequência este é o único tratamento que pode aliviar as incapacidades e reduzir o risco de mortes causadas por doenças comuns.1 No entanto, a realização destes procedimentos não é isenta de riscos, ocorrendo uma taxa de complicações relacionada com cirurgia “major” documentada 1é de 3 a 22% dos doentes cirúrgicos internados e a taxa de mortalidade entre 0,4 a 8%.1 Similarmente, nos países desenvolvidos, cerca de metade de todos os eventos adversos que ocorrem em doentes hospitalizados estão relacionados com a realização de cirúrgica. Sabe-se também que, nos casos onde o processo cirúrgico levou a dano, pelo menos metade deles era evitável. Em parte, isto deve-se ao facto de os princípios conhecidos de segurança cirúrgica ainda serem aplicados de forma inconsistente, mesmo nos ambientes mais sofisticados.1 A expressão “enfermagem perioperatória” surge, pela primeira vez, na década de 70 do século XX2 em que a sua definição é frequentemente limitada aos cuidados prestados na sala de operações,3 e em particular associado às funções de circulação e de instrumentação, na qual a anestesia está excluída e faz parte de um corpus distinto. Contudo, há definições como aquela que consta no regulamento das competências do enfermeiro especialista à pessoa em situação perioperatória e que contempla as três áreas: “a intervenção do Enfermeiro Especialista na área de Enfermagem à pessoa em situação perioperatória desenvolve-se em cinco áreas de atuação complementares entre si: consulta perioperatória, anestesia, circulação, instrumentação e cuidados pós anestésicos. Este período comporta as fases pré, intra e pós-operatório”.4, p.19366 É inegável que, com frequência, a cirurgia é um acontecimento significativo e stressante. Independentemente da sua natureza (seja ela major ou minor), a pessoa e os elementos da sua família poderão apresentar medo, stresse ou ansiedade. Na fase pré-operatória, estas manifestações poderão não ser, necessariamente, proporcionais à magnitude do procedimento cirúrgico.3 Por exemplo, para crianças e adolescentes, considerando que as necessidades psicológicas diferem em função da idade, a avaliação e preparação pré-operatória têm um papel crucial na garantia de uma experiência tranquila e não traumatizante.5 Idealmente, é logo no período pré-operatório que é iniciada a preparação para a alta da cirurgia, assim como dos cuidados a ter no período pós-operatório promovendo, desde uma fase inicial, uma recuperação bem-sucedida.6 Os doentes, independentemente da idade, têm apontado a falta de informação e de preparação pré-operatória como o principal desencadeante de stresse e ansiedade no período perioperatório o que leva a um incremento não só do tempo de hospitalização como da necessidade de consumo de analgésicos no pós-operatório.7,8,9 Há inclusive relatos de doentes que manifestam sentir-se “abandonados” aquando da alta para o domicílio.10 Se para alguns doentes, a experiência até pode ser “simples” e não perturbadora do seu equilíbrio, para outros, pode levar a que experienciem stresse intenso e ansiedade, antes e após o evento cirúrgico, que se pode prolongar por vários meses no período pós-operatório.11 O aumento sucessivo do volume anual de cirurgias levou à necessidade de se acautelar a segurança do doente em contexto de cuidados perioperatórios.1 Se por um lado, os procedimentos cirúrgicos são realizados com a intenção de salvar vidas, por outro, a falha de segurança nos processos de cuidados em contexto perioperatório pode levar à ocorrência de danos consideráveis.1 As experiências em contexto perioperatório [dos profissionais e em particular dos enfermeiros] caracterizam-se por serem vividas num contexto clínico complexo e altamente desafiador, ilustrado por uma prática clínica num ambiente incerto e em mudança, o que determina uma tomada de decisão que, muitas vezes, se quer rápida e eficiente.12 Em particular, após a admissão do doente na Unidade de Cuidados Pós-Anestésicos (UCPA), o risco de complicações chega aos 40%. Isto dá-se em virtude da combinação das probabilidades da ocorrência de complicações associadas não só à cirurgia, como também à anestesia.13 Metade destas ocorrências aparecem durante a primeira hora após a admissão na UCPA e 16,5% dos eventos adversos ocorrem após a alta desta unidade.14,15 A realidade é que os doentes, mesmo que submetidos a um procedimento cirúrgico idêntico, podem apresentar cenários distintos, frequentemente obscuros, incertos, e mal-adaptados a um modelo de causalidade linear.16 Se por um lado a inovação tecnológica, o aperfeiçoamento das técnicas cirúrgicas, assim como, o desenvolvimento de técnicas e fármacos anestésicos tem sido algo benéfico, por outro, os profissionais de enfermagem têm dificuldade em acompanhar esta evolução em áreas tão distintas tanto nas múltiplas especialidades cirúrgicas como na anestesia.17 Tal facto pode ser justificado, seja pela ausência de uma cultura institucional de formação contínua, seja pela não partilha de conhecimento e/ou discussão/preparação dos casos em equipa interdisciplinar. Associado aos fatores anteriormente descritos, acrescem as pressões da organização para redução do turnover cirúrgico e aumento da produtividade, que contribuem para que o contacto do enfermeiro com o doente seja cada vez mais reduzido e até fugaz.17 A problemática que acima apresentamos cruza-se com os objetivos do desenvolvimento sustentável 3 e 4, na medida em que no contexto perioperatório há ainda a necessidade de assegurar que todos os profissionais tenham acesso a formação técnica e profissional para conseguirem dar resposta aos desafios em saúde. Também, que as organizações invistam na saúde e no recrutamento, formação, e retenção dos profissionais. Apesar do problema relacionado com a ocorrência de dano em pessoas submetidas a cirurgia estar identificado, há ainda a necessidade de implementar intervenções, de forma sistemática, que se revelem eficazes e com resultados benéficos a longo prazo. De igual forma, é necessário a existência de ferramentas que permitam formar e manter os profissionais de saúde atualizados e aptos para dar resposta em cenários cada vez mais complexos e distintos dos habituais. Outro aspeto não menos importante, prende-se com a documentação dos cuidados de enfermagem realizados em contexto perioperatório. Independentemente da faixa etária, e que seja do nosso conhecimento, nunca um referencial teórico de enfermagem foi desenvolvido de raiz neste contexto, pese embora que os já existentes possam ser identificados e adaptados, direcionando os enfermeiros para quais as ações a desenvolver e intervenções a implementar. A necessidade da identificação de intervenções, utilizando a taxonomia CIPE para que, posteriormente, sirva para a sua validação e utilização de terminologia comum, contribuindo assim para o estudo de fenómenos e contribuindo para a construção de um corpus documental que sirva para a documentação dos cuidados de enfermagem realizados à pessoa em contexto perioperatório.
Áreas prioritárias de investigação da UICISA: E Formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde Reconhecimento social e profissional dos enfermeiros (ReSoPrE) O Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhecem a importância de uma melhor imagem pública dos enfermeiros ao lançarem o programa trienal 'Nursing Now' com o objetivo melhorar o estatuto e o perfil dos enfermeiros em todo o mundo e assim promover a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida. Globalmente, a profissionalização da profissão de enfermagem está a aumentar devido ao a um desenvolvimento cada vez maior dos seus conhecimentos, habilidades e responsabilidades. Apesar desta tendência de melhoria da imagem dos enfermeiros em alguns países, os estudos mostram também que uma grande parte da população ainda não valoriza plenamente as competências dos enfermeiros. Por outro lado, a imagem que os enfermeiros têm de si mesmos parece criar essa imagem pública. A baixa autoestima aliado a um limitado no debate público, leva a esta insuficiente valorização social do trabalho dos enfermeiros (ten Hoeve et al., 2014). A diferenciação no trabalho é reconhecida como uma forma de melhorar a eficiência na prestação dos cuidados de saúde. Envolve a atribuição de responsabilidades consoante as diferentes qualificações dos enfermeiros e a sua adequação às necessidades específicas de cada paciente. Com a diferenciação profissional, o trabalho tende a ser mais atrativo e podem ser oferecidas oportunidades de carreira mais interessantes (Functiedifferentiatie in de verpleegkundige zorg, 2008). A clara definição das funções desempenhadas pelos enfermeiros na equipa de saúde é crucial para facilitar a mobilidade laboral no espaço Europeu. A mobilidade internacional dos enfermeiros tem sido um fenómeno crescente em Portugal, na União Europeia (UE) e no mundo. A UE tem um mercado de trabalho comum e pretende-se que os enfermeiros sejam formados com uma base comum que permita a sua livre mobilidade no mercado de trabalho em toda a UE. Vários benefícios têm sido descritos, entre eles: o equilíbrio entre oferta e demanda de profissionais de saúde; maior diversidade cultural; menor idade média para manter os salários; e remessas para países de origem menos prósperos (Glinos, 2015; Lauxen et al., 2019). Ao longo das últimas décadas foram implementadas várias reformas para harmonizar os currículos e a estrutura dos níveis de ensino dos enfermeiros. Uma das mais importantes reformas foi iniciada com a Declaração de Bolonha em 1999. Desde então, registaram-se progressos significativos no Espaço Europeu no Ensino Superior (EEES) (European Higher Education Area and Bologna Process, 1999) e na implementação do Quadro Europeu de Qualificações (QEQ) na prática educativa (European Qualifications Framework (EQF), 2009). No entanto, a mobilidade laboral Europeia continua a ser problemática (Satu et al., 2013). Existem importantes diferenças Europeias no reconhecimento social e profissional dos enfermeiros. Uma forma de descrever essas diferenças é analisar como as funções dos enfermeiros são percecionadas pela população em geral e pelos próprios enfermeiros quanto ao desenvolvimento de tarefas avançadas como o cuidado farmacoterapêutico (importante função dos enfermeiros) e que se relacionam com o raciocínio clínico, diagnósticos de enfermagem e enfermagem baseada em evidência (De Baetselier et al., 2021; Maier & Aiken, 2016). Os maiores indicadores do reconhecimento profissional dos enfermeiros estão ligados à sua autonomia, à prática baseada em evidências e o papel (avançado) que os enfermeiros têm cuidado farmacoterapêutico. A autonomia na tomada de decisão é muito variável entre países (Glinos, 2015). A prova disso são: as várias linguagens classificadas usadas, NIC (Classificação Internacional de Enfermagem), NOC (Classificação Internacional dos Resultados), ICF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde), CIPE (Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem), NANDA-I (Associação de Diagnósticos de Enfermagem Norte Americana International). Existe uma escassa literatura comparando o nível de Prática Baseada em Evidência (PBE) entre países, pois o conhecimento gerado a este nível é ainda insipiente. No atual sistema de saúde Europeu varia muito a função (avançado) dos enfermeiros no cuidado farmacoterapêutico (Satu et al., 2013)., principalmente no domínio da prescrição de medicamentos (De Baetselier et al., 2021). Explorar a autonomia, as práticas baseadas em evidências e o papel (avançado) dos enfermeiros no cuidado farmacoterapêutico e suas tendências futuras justificam a criação desta nova área temática que permite acolher diferentes estudos que clarifiquem o reconhecimento social e profissional dos enfermeiros pela população em geral e pelos próprios visando criar um plano de desenvolvimento curricular de formação de enfermeiros no espaço Europeu que favoreça o desenvolvimento de competências avançadas reconhecidas no seio das equipas multiprofissionais em saúde e promovam a sua valorização profissional e social.
Áreas prioritárias de investigação da UICISA: E Rede de Estudos Associados: Investigação e Inovação no Ensino da Enfermagem (IIEE) Numa reflexão sobre a história da formação de enfermeiros, Gonçalves (2016) testemunha um conjunto de acontecimentos que desempenham um papel importante no desenvolvimento do modelo de formação em enfermagem.
Áreas prioritárias de investigação da UICISA: E
Formação e Investigação em Supervisão Clínica em Enfermagem Existe um relativo consenso no que respeita ao papel central que os processos supervisivos têm na qualidade das aprendizagens (Schroeder, Scott, Tolson, Huang & Lee, 2007; Stronge, Ward, Tucker & Hindman, 2008).
Áreas prioritárias de investigação da UICISA: EEducação para a Saúde e Literacia
Infeções Sexualmente Transmissíveis, Sexualidade e Saúde Pública: Inovação clínica e pedagógica De acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2022a) mais de 1 milhão de pessoas foram recentemente infetadas com IST todos os dias, totalizando todos os anos, 4,5 milhões com VIH, hepatite B e hepatite C. Embora tenham sido feitos progressos, a resposta global está desalinhada face às metas globais de saúde para 2030.
Áreas prioritárias de investigação da UICISA: E
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