Coube à estudante Alexandra Josefina de Sousa Rodrigues defender a 50ª dissertação de Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica, prova pública apresentada na ESEnfC no dia 12 de julho. “Avaliação da dor ao doente oncológico em cuidados paliativos incapaz de comunicar” foi o título do trabalho. Quisemos saber mais…
É possível avaliar a dor aos doentes oncológicos em cuidados paliativos que estão incapacitados de comunicar? Conseguiu fazê-lo? A avaliação da dor a doentes oncológicos em cuidados paliativos que estão incapazes de comunicar é uma área ainda pouco estudada e de alguma complexidade, porque existem muitas variáveis difíceis de controlar na avaliação da dor destes doentes. Contudo, felizmente, é possível avaliar a dor a estes doentes, através de uma escala que avalie a dor tendo por base os indicadores comportamentais de dor. Considero que consegui avaliar a dor a estes doentes. |
Sumariamente, em que consistiu o seu estudo? O meu estudo consistiu na validação de uma escala para a população portuguesa que pudesse ser aplicada a estes doentes, com o objetivo de ser uma escala facilmente adotada pelos enfermeiros na sua prática clínica, à semelhança da aplicação da escala numérica aos doentes comunicantes. A validação cultural de uma escala consiste na realização da equivalência concetual e linguística, aplicação da escala em contexto clínico e a avaliação posterior das suas propriedades psicométricas.
Quais as vantagens da escala de avaliação de dor que escolheu? Entendemos que a escala deveria ser fácil e rápida de se aplicar. A que nos pareceu preencher esses requisitos, e que também já tinha sido aplicada em contexto de cuidados paliativos num estudo belga, foi a Abbey Pain Scale.
A utilização desta escala permite uma tomada de decisão mais esclarecida? Apesar de algumas limitações da escala, que merecem uma análise mais aprofundada com mais estudos, a análise das propriedades psicométricas da Abbey Pain Scale - versão portuguesa leva-nos a concluir que é uma escala fiável e válida para aplicar a doentes oncológicos em cuidados paliativos, incapazes de comunicar. Assim, consideramos que pode ser um instrumento com utilidade clínica. A sua utilização permite uma avaliação da dor mais objetiva, o que levará certamente à opção mais adequada das medidas farmacológicas e/ou não farmacológicas para alívio da dor.
Quantos doentes foram observados no estudo e em que período temporal e serviço de cuidados paliativos? Foram observados 30 doentes, sendo que a escala em alguns casos foi aplicada mais do que uma vez por doente. Assim, para 30 doentes temos 84 episódios de avaliação da dor. Os doentes do estudo estavam internados no serviço de Cuidados Paliativos do Instituto Português de Oncologia de Coimbra e no serviço de Ginecologia C do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. A colheita de dados decorreu de março a junho de 2011.