A Presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) considerou, no último sábado (dia 25 de julho), que é «urgente que se dotem os serviços de saúde, particularmente os cuidados de saúde primários, do número de enfermeiros para garantir cuidados seguros», atuando aos «diferentes níveis de prevenção».
A professora Maria da Conceição Bento, que falava na cerimónia de graduação de quase 300 novos enfermeiros, sustentou que «não podemos limitar os cuidados ao tratamento das doenças» e que «os enfermeiros não podem servir apenas para apagar fogos».
«Temos de planear muito cedo e educar desde cedo para a promoção da saúde», defendeu a Presidente da ESEnfC, ao notar que, «para isso, são precisos mais enfermeiros: nas escolas, nas instituições onde as pessoas trabalham, nas organizações onde convivem e nos locais onde vivem».
Na cerimónia de graduação dos diplomados em Enfermagem do curso de 2011/2012 - 2014/2015, a Presidente da instituição fez, mesmo, referência a uma dezena de estudos desenvolvidos na Europa (evidência científica), que mostra que «o rácio enfermeiro/doente e a percentagem de enfermeiros com qualificações ao nível da licenciatura» contribuem para a satisfação dos doentes com os cuidados e diminuem a mortalidade evitável.
Porém, se em outros países se optou pela contratação de mais enfermeiros e melhor qualificados, «em Portugal», constatou Maria da Conceição Bento, «face às dificuldades financeiras, temos cortado na Enfermagem, designada de “soft target” (alvo fácil)».
Perante um pavilhão multidesportos, em Coimbra, repleto de amigos e familiares que se juntaram na cerimónia de imposição de insígnias dos novos enfermeiros, a Presidente da ESEnfC reiterou que «é tempo de ponderar as políticas na área da saúde e de garantir que não se desperdiça um dos maiores bens em que a sociedade portuguesa investiu nos últimos anos e, por isso, possui: profissionais de saúde qualificados, particularmente enfermeiros».
«Formar enfermeiros em Portugal custa muito dinheiro para os deixarmos ir embora», criticou, ao afirmar que quer «poder ter a certeza que os jovens que formamos têm oportunidade de pôr os seus saberes ao serviço dos portugueses, de que deles necessitam».
«Se assim vier a ser, rapidamente todos vós iniciareis o exercício profissional como enfermeiros em Portugal e muitos dos vossos colegas regressarão, contribuindo para a garantia de mais e melhores cuidados de enfermagem e de saúde para todos e todas as cidadãs que aqui vivem. Ao invés de continuarmos a ver muitos e muitas das melhores enfermeiras e enfermeiros que se formam em Portugal a aceitarem convites de instituições de saúde estrangeiras», frisou Maria da Conceição Bento, dirigindo-se aos novos diplomados.
Noutro momento do discurso, a Presidente da ESEnfC afirmou que «os enfermeiros podem fazer diferença, quer como líderes nas organizações onde trabalham, quer integrando organizações governamentais e não-governamentais, quer como cidadãos, se intervierem mobilizando os seus saberes e competências, no sentido de influenciar que a saúde esteja em todas as políticas e aos diferentes níveis de decisão e ação».