Cerca de 60 enfermeiros e professores de Enfermagem portugueses, mas também alguns de Espanha e do Brasil, reunidos na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), mostraram-se convictos de que a figura do enfermeiro de família traz benefícios à saúde da população e que urge capacitar para um desempenho centrado nas famílias.
De acordo com aqueles profissionais, que se juntaram num “World Café” (metodologia de conversação em grande grupo) no âmbito do I Congresso Internacional de Enfermagem de Saúde Familiar e Comunitária, realizado nos dias 14 e 15 de maio, na ESEnfC, tais vantagens prendem-se, por exemplo, com a melhoria da acessibilidade aos cuidados de saúde primários, com a identificação de necessidades ocultas e com a capacitação da família para encontrar estratégias de resolução de problemas.
Na apreciação da prática de cuidados às famílias nas unidades de saúde onde trabalham, os enfermeiros sentem que «faltam instrumentos para avaliar a estrutura das famílias», sendo que as avaliam apenas «como contexto» e não como foco de intervenção de Enfermagem.
Consideram, por isso, que é importante passar de uma filosofia de cuidados centrada no utente, enquanto indivíduo ou apenas como membro de uma família, para uma filosofia centrada na família, ela própria encarada como uma unidade de cuidados.
De acordo com o Decreto-lei nº 118/2014, de 5 de agosto, o enfermeiro de família é definido como «o profissional de enfermagem que, integrado na equipa multiprofissional de saúde, assume a responsabilidade pela prestação de cuidados de enfermagem globais a famílias, em todas as fases da vida e em todos os contextos da comunidade».
Para a ESEnfC, «a formação especializada em Enfermagem de Saúde Familiar constitui-se como um imprescindível contributo na construção e consolidação do futuro modelo de intervenção familiar, assente num modelo teórico». E o mestrado em Enfermagem de Família «fornece as competências especializadas para uma intervenção avançada e adequada ao longo do ciclo vital da família».
A saúde escolar, as famílias com jovens (riscos e desafios), as intervenções no âmbito das unidades de Cuidados na Comunidade e a formação e investigação em Enfermagem de Família foram alguns dos assuntos em debate no “I Congresso Internacional de Saúde Familiar e Comunitária”.
Profissionais da Direção-Geral da Saúde, representantes da Ordem dos Enfermeiros e dos centros de saúde, professores de Enfermagem e médicos especialistas integraram a equipa de preletores nacionais e estrangeiros convidados para o encontro.