Considera-se que no domínio clínico a aprendizagem se realiza, em grande medida, pela atitude pró-ativa dos estudantes face às situações que a proporcionam e pela disponibilidade para refletir sobre os comportamentos que geraram.
Cabe ao professor um papel determinante no sentido de proporcionar as experiências relevantes e mais significativas, bem como fornecer as condições que permitam a reflexão sobre a ação e sobre os seus resultados, mas que também exijam que se pense antes de agir facilitando a transferência dos conhecimentos teóricos adquiridos para a realidade da prática.
A orientação dos estudantes deve possibilitar a compreensão da atividade de Enfermagem. Considera-se que as aprendizagens devem ser progressivas e que existem um conjunto de competências básicas que devem estar asseguradas antes de serem proporcionadas experiências de aprendizagem mais complexas.
1.BLOCO DE ENSINO CLÍNICO DE FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM NO HOSPITAL
O desenvolvimento do ensino clínico decorre em momentos de presença nas unidades de prestação de cuidados no CHUC, na ESEnfC (Componente Relacional) e em tempo do estudante em atividades complementares e de reflexão. Os estudantes realizarão o Ensino clinico em grupos de cinco ou seis por serviço sob a orientação de um Assistente e supervisionados por um Professor.
Preconiza-se que neste ensino clínico se dê maior ênfase àquilo que é o treino dos instrumentos básicos, nomeadamente da comunicação, utilizando várias técnicas, da observação (física e por necessidades), avaliação de parâmetros vitais, dos cuidados básicos de higiene, mobilidade, alimentação, sono e repouso, eliminação, incentivando à reflexão crítica sobre as suas ações.
As metodologias propostas estão sistematizadas num conjunto de atividades que se pretende que sejam facilitadoras do desenvolvimento inicial, das competências estabelecidas para os Ensinos Clínicos na Licenciatura. .
•Visita ao serviço e orientação do estudante para momentos informais de “Entrevista” com enfermeiro (a) chefe e restante equipa, para a recolha de informação que permita a melhor compreensão da estrutura, a organização e dinâmica do serviço e percurso da pessoa doente desde a admissão até ao regresso a casa.
•Distribuição dos estudantes por enfermeiros, durante a primeira semana, para a observação da sua atividade clínica (ex. comunicação, organização das atividades diárias, modelo teórico que a suportam ), que será objeto de partilha, análise e reflexão pelo grupo e docente, no final da semana.
•Elaboração, por cada estudante, de um Guião para a recolha de informação de acordo com o modelo das NHF e da identificação dos dados que sugerem a satisfação das necessidades; reunião com o docente para partilha, análise e uniformização dos indicadores abordar no Guião.
•Distribuição dos estudantes por uma pessoa: capaz de comunicar,cujo nível de dependência irá de reduzido a não totalmente dependente na satisfação das N.H.F., ao longo do Ensino Clinico; a partir da sétima semana será o estudante a selecionar a pessoa , de acordo com as suas necessidades de aprendizagem.
•Elaboração de um plano de intervenção, a desenvolver ao longo do dia junto da pessoa doente. (validando com o docente)
•Identificação de diagnosticos de enfermagem e proposta de projeto de cuidados. (validando com o docente)
-Execução e avaliação das intervenções, obedecendo aos princípios técnicos, científicos , estéticos e refletindo para e sobre a ação em conjunto com o docente.
-Registo sistematizado de informação sobre a ação com a pessoa, em suporte de papel, com feedback sistemático do docente.
-Reunião semanal para analise, reflexão e partilha das aprendizagens assim como, planificação e orientação do estudo dos procedimentos a iniciar na semana seguinte.
-Elaboração de trabalhos escritos de reflexão e auto-aprendizagem, que serão apresentados por cada estudante, e alvo de discussão e partilha dentro do grupo (narrativa de aprendizagem e estudo de uma pessoa internada)
BLOCO DE ENSINO CLÍNICO DE FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM NA COMUNIDADE
Como a frequência do Ensino Clínico de Fundamentos de Enfermagem na Comunidade, poderá preceder ou ocorrer após o Ensino Clínico no Hospital, será importante que esta experiência de aprendizagem permita que os estudantes conheçam a pessoa no ambiente onde vive e identifiquem a rede de equipamentos de apoio à pessoa que possa necessitar de internamento, ou seja, que recursos dispõe antes e após, numa perspetiva de cuidados de saúde integrados.
Neste sentido, os estudantes serão distribuídos por cinco equipas, que ficarão ligadas a uma área geográfica relacionada com uma Junta de Freguesia ou União de Freguesias.
As cinco equipas organizar-se-ão por sua vez em dezassete subequipas. Cada subequipa será formada por dez estudantes e por um docente, a qual fará um trabalho individual, mas em articulação com as restantes subequipas da mesma área geográfica. Cada equipa planeará experiências de aprendizagem transversais ao desenvolvimento de competências para todos os estudantes.
-Nas duas primeiras semanas, cada equipa e respetivas subequipas desenvolverão essencialmente um trabalho de planeamento das atividades a desenvolver, até ao final do Ensino Clínico.
-Propõe-se um trabalho de identificação dos equipamentos existentes na comunidade, para o conhecimento posterior e mais próximo quando forem para o terreno, mas também uma visita de reconhecimento durante a primeira semana à área geográfica onde irão realizar o Ensino Clínico.
Nas semanas posteriores, os estudantes irão efetivar o trabalho planeado na comunidade. Pretende-se que mobilizem os seus recursos e desenvolvam competências, utilizando diferentes estratégias entre as quais destacamos:
-Preparação das visitas a realizar a diferentes instituições ou equipamentos sociais, para decorram de forma positiva e facilitem a posterior participação em eventuais projetos ou atividades dessas instituições/equipamentos;
-Observação e entrevista como os instrumentos de enfermagem fundamentais;;
-Planeamento semanal das experiências de aprendizagem, entre os elementos da subequipa, que deverá ser validado pelo docente responsável;
-Partilha semanal de experiências entre os elementos da subequipa e/ou equipa com orientação dos docentes;
-Reflexão sobre as competências desenvolvidas em cada uma das experiências;
-Apresentação por cada estudante de pelo menos uma experiência de aprendizagem, a todas as equipas ou outro público mais extenso.
-Elaboração de trabalhos escritos de reflexão e auto-aprendizagem que serão alvo de discussão e partilha dentro do grupo (estudo dos determinates de uma comunidade, e estudo de uma pessoa na co munidade e sintese reflexiva da aprendizagem).
-Participação em seminários e ateliês
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
A avaliação deve ser entendida numa perspetiva formativa e será realizada, a partir da apreciação da progressão das aprendizagens. Sempre que o docente considere adequado, propõe-se e sente-se desejável, que objetive com o estudante, o modo como este se está a desenvolver em alguns domínios. Além disso realizam-se dois momentos de avaliação de caracter mais formal, em cada bloco, uma avaliação intercalar e uma no final .
No primeiro momento é analisado com o estudante, em que situação se encontra no seu processo ensino aprendizagem e no final (dez semanas) para além da avaliação qualitativa é atribuída uma classificação correspondente á sua evolução durante todo o período de Ensino Clinico.
O processo de avaliação e reflexão feito pelo avaliado sobre o seu percurso de aprendizagem (auto-avaliação) desempenha um papel importante, já que permitem ao aluno pensar sobre o que faz, porque o fez e sobretudo sobre se poderia ter feito de outra maneira.
Os documentos escritos definidos no Guia Orientador, são de carácter obrigatório, pelo que a sua concretização é condição para o aproveitamento nesta unidade curricular, sendo que alguns deles terão ponderação na classificação final.
Cada bloco do Ensino Clínico de Fundamentos de Enfermagem é classificado numa escala de zero a vinte (0-20) valores e corresponde a 15 ECTS. A nota final da unidade curricular resultará da média aritmética da classificação, não arredondada, em cada um dos blocos.
Implica reprovação em qualquer dos blocos, a classificação inferior a nove e meio (9.5) valores, ou a pontuação igual ou inferior a dois, nas capacidades identificadas no instrumento de avaliação final. O estudante que reprove no primeiro bloco poderá frequentar o bloco seguinte.
O não aproveitamento em qualquer um dos blocos, implica reprovação na unidade curricular. O estudante só tem que frequentar, no subsequente ano letivo, o bloco em que não foi aprovado.