Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Área Científica	Tipologia da disciplina	ECTS
723 - Enfermagem	Obrigatória	4.00


Semestre Curricular	Código da disciplina
5º	10005010


Carga Horária Total	Horas de Trabalho Autónomo do Estudante	Horas de Contacto
112	38	74

Horas T	Horas TP	Horas PL	Horas S	Horas E/TC	Horas OT
32.00	32.00	10.00	0.00	0.00	0.00

Objetivos de aprendizagem

Conhecimentos e atitudes:
-Discutir as questões relacionadas com o objeto e paradigmas da investigação em enfermagem;
-Reconhecer a investigação como suporte para a prática baseada na evidência (PBE);
-Distinguir os diversos tipos / níveis de investigação;
-Diferenciar os métodos de revisão da literatura;
-Identificar as fontes e os processos de pesquisa bibliográfica em bases de dados on-line;
-Reconhecer os princípios metodológicos e os elementos fundamentais a considerar nas diversas fases e etapas dos processos de investigação empírica;
-Reconhecer as questões éticas da investigação com seres humanos;
-Dominar as bases teóricas e as aplicações fundamentais da estatística descritiva e inferencial;
-Diferenciar as estatísticas inferenciais de utilização mais frequente, tendo em conta a adequação às questões de investigação/hipóteses e à natureza dos dados;
-Formular as decisões estatísticas e as conclusões de investigação face aos resultados dos cálculos das estatísticas inferenciais;
-Identificar os princípios e os processos fundamentais da análise qualitativa de dados empíricos.
Aptidões:
-Realizar pesquisas bibliográficas em bases de dados on-line;
-Realizar análises de dados empíricos (quantitativas e qualitativas);
-Analisar criticamente relatórios de investigação;
-Identificar nos relatórios os aspetos teóricos, metodológicos e empíricos transferíveis.

Conteúdos programáticos

Parte I-EPISTEMOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO E FUNDAMENTOS DE ESTATÍSTICA (T: 14 h; TP: 8h)
A.Investigação (T: 4h; TP: 4h)
1–OBJETO(S), PARADIGMAS E PROBLEMÁTICAS DE INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA EM ENFERMAGEM
1.1-Questões onto-epistemológicas da investigação em enfermagem
1.2-Prática baseada na evidência (PBE)
2–NÍVEIS E TIPOS DE INVESTIGAÇÃO
2.1-Investigação descritiva / investigação explicativa / Investigação prescritiva
2.2-Investigação quantitativa / Investigação qualitativa
2.3-Investigação primária / Investigação secundária
B.Estatística (T: 8h; TP: 4h)
1–CONCEITOS BÁSICOS
1.1-Estatística descritiva / estatística inferencial
1.2-Objeto de estudo
2–ESTATÍSTICA DESCRITIVA (REVISÃO)
2.1-Organização e apuramento dos dados
2.2-Análise univariada de séries
2.3-Análise da associação entre duas variáveis
2.4-Apresentação dos dados estatísticos
3–PROBABILIDADES (REVISÃO)
3.1-Conceitos, axiomática e teoremas
3.2-Distribuições de probabilidades
Parte II–METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS EMPÍRICOS (T: 22h; TP: 28h; PL: 9h)
A.Investigação (T: 16h; TP: 14h; PL: 2h)
1–PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA
1.1-Vias lógico-metodológicas
1.2-Fases e etapas
2–O PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO
2.1-Da situação problemática ao enunciado do problema
2.2-Etapa exploratória: (revisão exploratória da literatura: de conceptualização e instrumental)
3–REVISAO DA LITERATURA
3.1-Métodos de revisão da literatura (da revisão narrativa da literatura à revisão sistemática da literatura (RSL))
3.2-Recursos e processos de pesquisa bibliográfica on-line
4–OBJETIVOS DE INVESTIGAÇÃO
5–QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO E HIPÓTESES
6–VARIÁVEIS
7–POPULAÇÃO / AMOSTRA
7.1-Tipos de amostras e técnicas de amostragem
8–COLHEITA DE DADOS / INFORMAÇÃO
8.1-Modos de abordagem
8.2-Instrumentos
9–QUALIDADE METODOLÓGICA E VALIDADE DOS INSTRUMENTOS
9.1-Validade interna / Validade externa da investigação
9.2-Fidelidade e validade dos instrumentos / processos / dados
10–ANÁLISE DOS DADOS EMPÍRICOS (componentes B. e C.)
11–RELATÓRIO DA INVESTIGAÇÃO
11.1-Funções, formas e elementos fundamentais
11.2-Normas do discurso científico
12–PRINCÍPIOS ÉTICOS NA INVESTIGAÇÃO EM ENFERMAGEM
12.1-Centrados nos sujeitos, no processo e na utilização dos resultados
B.Estatística Inferencial (T:6; TP: 12h: PL: 4h)
1–DISTRIBUIÇÕES AMOSTRAIS
1.1-Distribuição das médias amostrais (teorema do limite central)
1.2-Distribuição das proporções amostrais
2–INTRODUÇÃO À INFERÊNCIA ESTATÍSTICA E AOS TESTES DE HIPÓTESES
2.1-Estimação de parâmetros (estimação pontual / estimação intervalar)
2.2-Fundamentos teóricos da aplicação dos testes de hipóteses e da decisão inferencial
3–TESTES DE HIPÓTESES BIVARIADAS (PARAMÉTRICOS / NÃO PARAMÉTRICOS)
3.1-Testes paramétricos (diferença de médias - T de student e ANOVA -; Z de diferença de proporções; de significância de r; ...)
3.2-Testes não paramétricos (teste de Qui-quadrado e Fisher; teste de Mann-Witney; ...)
4–RECURSOS INFORMÁTICOS
C.Análise Qualitativa de Dados (T: 2h; TP: 2h: PL: 3h)
1–REFERÊNCIAS TEÓRICO-PROCESSUAIS FUNDAMENTAIS
1.1-Conceitos; trajetórias; modelos
2–ELEMENTOS OPERACIONAIS DE ANÁLISE
2.1-Unidades de significação; unidades de contexto
2.2-Indexação: códigos; categorias; temas
2.3-Fases de processamento operacional
3–RECURSOS INFORMÁTICOS

Demonstração da coerência dos conteúdos programáticos com os objetivos da unidade curricular

A unidade curricular é organizada no pressuposto de que a formação de 1º nível dos estudantes de enfermagem deve incluir a aquisição de conhecimentos e competências que lhes permitam compreender, aplicar e analisar as diversas fases do processo de investigação e assumirem-se como utilizadores críticos dos respetivos produtos. Adicionalmente, pretende-se que os estudantes conheçam os recursos e os princípios metodológicos da revisão da literatura na procura de evidências empíricas relativas a questões clínicas relevantes, preparando-se para as exigências da elaboração da monografia de final de curso.
Os conteúdos programáticos desenvolvem-se em duas partes: a primeira centrada sobretudo nas grandes questões onto-epistemológicas e na revisão dos fundamentos de estatística e probabilidades; a segunda, aplica-se às questões metodológicas, mais processuais e técnicas, incluindo as componentes de análise quantitativa e qualitativa de dados empíricos.
Os primeiros três objetivos, centrados nas questões onto-epistemológicas e na finalidade dos processos investigativos, estão relacionados com os conteúdos programáticos da Parte I (Investigação), enquanto os quatro seguintes, mais direcionados para as questões metodológicas e processuais da investigação, se relacionam com os conteúdos programáticos da Parte II (Investigação). Os quatro últimos objetivos são substanciados pelos conteúdos programáticos da Parte I (Fundamentos de Estatística – Revisão) e Parte II (Estatística Inferencial e Análise Qualitativa de Dados).
Os conteúdos programáticos da Parte I (Fundamentos de Estatística) são uma revisão de conteúdos já lecionados no ensino secundário e são abordados numa lógica mais aplicada a questões concretas de saúde – enfermagem, de modo a permitir uma passagem mais expedita para a aprendizagem dos conteúdos de Estatística Inferencial. Permite ainda a aprendizagem básica da utilização de máquinas de calcular gráficas para o cálculo de estatísticas uni e bivariadas e de probabilidades.

Metodologias de ensino

Demonstração da coerência das metodologias com os objetivos da unidade curricular

ESTRATÉGIAS
Os objetivos de caráter cognitivo justificam as aulas expositivas, as leituras de textos de referência e a discussão aberta e problematizante centradas nos respetivos conteúdos programáticos. Os objetivos mais centrados nas habilidades de análise critica, por seu turno, exigem também a realização de exercícios de leitura crítica e de análise e discussão de alternativas. Os objetivos que se realizam na aquisição de competências operacionais requerem o recurso às demonstrações e a estratégias mais ativas, como a resolução problemas (fichas de exercícios) e a utilização prática de ferramentas informáticas.
Para a consecução dos objetivos previstos é essencial que os estudantes desenvolvam trabalho de aprendizagem para além dos tempos
letivos de contacto (estudo em obras de referência indicadas na bibliografia, leituras orientadas e realização de exercícios propostos pelos
professores).
Prevê-se, relativamente aos conteúdos de Estatística, que os estudantes utilizem uma máquina de calcular gráfica desde o início das respetivas aulas. Embora sejam teoricamente apresentadas as bases conceptuais, as fórmulas e os processos operativos, os cálculos são sempre que possível realizados utilizando as potencialidades das máquinas de calcular. Tanto quanto à correção dos cálculos, é dada relevância à enunciação dos problemas e à interpretação dos resultados.
No final do programa, em aulas de prática laboratorial (PL), os estudantes são iniciados na utilização de programas informáticos de análise quantitativa de dados (SPSS) e de análise qualitativa de dados (QRS NVIVO).
AVALIAÇÃO
A metodologia de avaliação pretende refletir as aprendizagens realizadas no âmbito do desenvolvimento da unidade curricular e é centrada nos objetivos e competências definidas. As provas, não descurando os aspetos teórico-conceptuais, compõem-se sobretudo de exercícios práticos, tanto quanto possível próximos da realidade dos processos investigativos em saúde – enfermagem. Ao longo do programa, os estudantes são familiarizados com esses exercícios e terão a possibilidade de se confrontarem com provas modelo.
Relativamente à 1ª prova escrita de frequência, a possibilidade de os estudantes optarem por trabalhos de grupo focados na análise de artigos de investigação permite que estes se aproximem mais da realidade de investigação em enfermagem, compreendendo, assim, melhor esta atividade e relevando a UC. Para al´´em disso, poderá servir de motivação para o estudo, orientando o seu sentido e centrando mais nos estudantes o processo de aprendizagem.

Bibliografia principal

São fornecidos aos estudantes textos de apoio sobre determinados conteúdos programáticos, assim como fichas de síntese e de orientação do estudo.
Para além desses textos e fichas, é indicada a seguinte bibliografia, de suporte para este programa:
INVESTIGAÇÃO
Apóstolo, J. L & Gameiro, M. G. H. (2005). Referências Onto-Epistemológicas e Metodológicas da Investigação em Enfermagem: Uma Análise Crítica. Referência, II(1), 29-38.
Fortin, M.-F. (1999). O Processo de Investigação: Da Concepção à Realização. Loures: Lusociência.
Fortin, M.-F. (2009). Fundamentos e Etapas do Processo de Investigação. Loures: Lusodidacta.
Gameiro, M. G. H. (2003). Enfermagem Ciência e Arte… e a Investigação. Referência, (10), 5-15.
Polit, D. F. & Beck, C. T. (2014) Essentials of nursing research: Appraising evidence for nursing practice (8ª ed.). Philadelphia: Wolters Kluwer / Lippincott Williams & Wilkins.
Polit, D. F., Beck, C. T. & Hungler, B. P. (2004). Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem: Métodos, Avaliação e Utilização (5ª ed.). Porto Alegre: Artmed, 2004.
Streubert, H. J. & Carpenter, D. R. (2013). Investigação Qualitativa em Enfermagem: Avançando o Imperativo Humanista (5ª ed.). Loures: Lusociência.
ESTATÍSTICA
Callegari-Jacques, Sidia M. (2003). Bioestatística: Princípios e Aplicações. Porto Alegre: Artmede.
Loureiro, L. M. J. & Gameiro, M. G. H. (2011). Interpretação crítica dos resultados estatísticos: para lá da significância estatística. Revista
de Enfermagem Referência, III(3), 151-162.
Maroco, J. (2011) Análise Estatística com o SPSS Statistics (5ª ed.). Lisboa: ReportNumber.
Pestana, M. H.& GAGEIRO, J.N.(2014). Análise de Dados para Ciências Sociais: A Complementaridade do SPSS (6ª ed.). Lisboa: Edições Sílabo.
Triola M. F.(2005). Introdução à Estatística. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora.
ANÁLISE QUALITATIVA DE DADOS
Bardin, L. (2004). Análise de Conteúdo (3ª ed.). Lisboa: Edições 70.
Loureiro, L. M. J.(2002). Orientações Teórico-Metodológicas para Aplicação do Método Fenomenológico na Investigação em Enfermagem. Referência (8), 5-16.
Streubert, H. J. & Carpenter, D. R.(2013). Investigação Qualitativa em Enfermagem: Avançando o Imperativo Humanista (5ª ed.). Loures: Lusociência.
CyberRecursos
http://joannabriggs.org/
http://www.qualitative-research.net/
http://onlineqda.hud.ac.uk/onlineqda.hud.ac.uk/