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Professora Rosa Moreira conclui doutoramento: inquiriu 1200 mulheres sobre violência por parceiro íntimo na gravidez

 

A professora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Rosa Maria dos Santos Moreira, prestou provas de doutoramento em Enfermagem, tendo obtido a classificação de 17 valores, ao defender, no dia 22 de outubro, na Universidade Católica Portuguesa, a tese “Violência por parceiro íntimo na gravidez e consequências perinatais”.

 

Professora Rosa Moreira

 

De acordo com o estudo desenvolvido por Rosa Moreira, que incidiu sobre a região centro de Portugal, mais de 40% das mulheres inquiridas foram vítimas de agressão psicológica no período da gestação e 14% forçadas pelos companheiros a manterem práticas sexuais.

Os dados, recolhidos entre 2012 e 2013, por meio de questionário respondido por 1219 puérperas (após o parto), foram divulgados, em outubro último, no âmbito da defesa da tese de doutoramento da docente da ESEnfC, Rosa Maria dos Santos Moreira, intitulada “Violência por parceiro íntimo na gravidez e consequências perinatais”.

Por ordem decrescente de prevalência, a agressão psicológica foi a mais assinalada pelas inquiridas (41,6%), seguida da coerção sexual (13,7%), do abuso físico sem sequelas (8,4%) e do abuso físico com sequelas (2,5%).

Quanto à repetição das formas de violência pelo parceiro íntimo (VPI), os atos de coerção sexual foram os mais frequentes (9,16%), revela este estudo feito com o contributo voluntário de puérperas internadas em hospitais de apoio perinatal e apoio perinatal diferenciado, em Coimbra, Aveiro, Covilhã, Castelo Branco, Guarda e Leiria.

Dados importantes para os profissionais de saúde

Outro dado a assinalar é que a maioria das mulheres que participou neste estudo frequentou consultas pré-natais, sendo que nos casos de agressão psicológica houve mais idas a estas consultas do que nas situações em que foram reportadas outras formas de violência.

Por outro lado, registou-se «maior probabilidade de ocorrência de agressão psicológica quando o início das consultas foi tardio, após o segundo mês de gestação, e maior probabilidade de abuso físico com e sem sequelas quando o início das consultas ocorreu antes do segundo mês de gestação».

A procura precoce ou tardia de conselhos e exames antes do nascimento da criança variou, pois, em função da natureza dos atos de VPI presentes.

«E isto é um dado importante para os profissionais de saúde dos cuidados de saúde primários ou diferenciados», sublinha a professora da ESEnfC.

Constatou-se, de igual modo, haver «ligação entre o não planeamento da gravidez por ambos os membros do casal e a maior probabilidade de ocorrência de comportamentos de agressão psicológica e de coerção sexual», assim como «possibilidade bastante superior de ocorrência de abuso físico com sequelas nos casos em que a gravidez não foi aceite pelos dois membros do casal».

Num outro nível de análise, os resultados do estudo, que denotam «uma associação significativa da VPI com a escolaridade, o desemprego e o rendimento familiar», vêm confirmar que «a violência não acontece só com pessoas de estratos sociais mais desfavorecidos ou com menor grau de escolaridade».

«Se para as mulheres com menor nível de escolaridade existia maior probabilidade de sofrerem de abuso físico com sequelas, foi verificado o contrário para a agressão psicológica, com maior probabilidade de ocorrência nas mulheres com nível superior de escolaridade», nota Rosa Moreira.

Quanto ao desemprego, os resultados do estudo mostraram que «é mais provável a ocorrência de agressão psicológica durante a gravidez quando o parceiro está numa situação de desemprego ou, de abuso físico sem sequelas e coerção sexual, quando ambos estão desempregados». Associação idêntica surge «quando há história de abuso ou violência familiar anterior, existindo maior probabilidade de ocorrência de todas as formas de VPI durante a gravidez».

 

[2018-11-05]


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