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Presidente da Escola de Enfermagem afirma que a Universidade de Coimbra [também] «tem muito a ganhar» em acolhê-la


  > Fernando Amaral incentiva comunidade académica a participar no processo de integração


O Presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Fernando Amaral, afirmou, na última quinta-feira (dia 9 de outubro), que «a entrada numa grande instituição como a Universidade de Coimbra (UC) traz muitas oportunidades» que toda a comunidade educativa deve «aproveitar», mas que essa aproximação «também enriquece a Universidade» que a acolhe.

«Neste processo de integração, todos temos um papel a desempenhar, sobretudo participando, sem medo de expor as nossas ideias, a nossa forma de fazer e de estar, demonstrando que a UC tem muito a ganhar em nos acolher no seu seio», afirmou o dirigente, ao discursar na cerimónia de abertura solene das aulas da agora Escola Superior de Enfermagem da Universidade de Coimbra (ESEUC) – já estatutariamente inserida na mais antiga instituição de ensino superior portuguesa e com o processo eleitoral para a constituição dos futuros órgãos de governo em curso.

Para o Presidente da ESEnfC, trata-se de «participar aos mais diferentes níveis», como «no desporto, na cultura, na festa, nas várias celebrações e rituais, que são muito importantes numa Universidade com mais de 700 anos, na administração e na tomada de decisão».

Embora referindo que os vários «representantes nos grupos de trabalho, nas várias áreas, sobretudo administrativas», estão a desenvolver «as bases para uma integração onde ninguém ficará para trás e haverá paz social», Fernando Amaral notou que o processo «vai ser longo», que «tem algum grau de imprevisibilidade» e que todos terão de dar o «melhor contributo».

«Este é um processo de transição em que teremos, em alguns casos, que nos ajustar, noutros adaptar, mas sobretudo aproveitar a oportunidade para transformar a Escola e a Universidade, com o nosso conhecimento, a nossa prática, a nossa história, as nossas tradições».

 

As vagas que ficaram por preencher

Sobre o facto de, em 2025, a Escola de Enfermagem de Coimbra não ter esgotado as vagas na 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior – ficaram por preencher 37 das 311 vagas iniciais, que acabaram depois por ser ocupadas –, Fernando Amaral notou que «as razões que estiveram por trás deste evento, que sendo conjuntural, se pode tornar estrutural», se prenderam com a mudança das «regras para o acesso ao ensino superior, aumentando o número de exames nacionais que cada estudante teria de realizar, o que só por si fez reduzir o número de candidatos com condições de concorrer», sendo que, «paradoxalmente, houve um aumento do número de vagas com o surgimento de novos cursos».

Por outro lado, analisou o Presidente da instituição, a Escola optou por «um elenco de disciplinas para o acesso, que este ano correu muito mal», referindo-se aos exames de ingresso no curso (que valem 50% na ponderação da classificação dos candidatos): Biologia, Físico-Química, Matemática e Matemática Aplicada às Ciências Sociais.

Segundo argumentou, «este ano reprovaram no exame de Físico-Química 44% dos estudantes e na Matemática o cenário foi ainda pior».

Acresce que, em 2025, «a nota de Português foi a melhor dos últimos anos», pelo que, tendo «as escolas com quem» a de Coimbra se compara incluído o exame de Português num dos conjuntos de provas de acesso obrigatórias, isso «fez toda a diferença».

 

“Retirar o espartilho” colocado pelo Decreto-lei 480/88

O Presidente da Escola de Enfermagem de Coimbra advertiu, ainda, para a necessidade de «participar nas discussões públicas que vão ser lançadas ao sistema de ensino superior», ao especificar que, «até dezembro», se prevê «a aprovação do novo regime jurídico das instituições de ensino superior, que trará muitas novidades e que», pela leitura que faz, «tem potencial para retirar o espartilho» colocado pelo Decreto-lei 480/88, de 23 de dezembro, que veda ao ensino de Enfermagem «a possibilidade de ser universitário».

«Prevê-se que seja apresentado um estatuto de carreira que congregará os três estatutos que estão em vigor (politécnico, universitário e de investigação)» e «vai iniciar-se a discussão da lei da ciência, perspetivando-se a fusão de vários organismos que hoje têm essa função», sublinhou, ainda, Fernando Amaral.

Para o Presidente da Escola de Enfermagem de Coimbra, «o grande desafio» de toda a comunidade educativa passa por continuar a «valorizar a Enfermagem e os enfermeiros, através de um ensino de qualidade, alicerçado numa investigação disciplinar rigorosa e num serviço de apoio às comunidades locais que permitam melhorar a literacia, a saúde e a qualidade de vida das pessoas».

Tiago Saldanha, vice-presidente da Associação de Estudantes (AE) da Escola de Enfermagem, notou que o ensino da Enfermagem não termina nas salas de aula e que se prolonga «pelos corredores dos hospitais, pelas enfermarias e pelos turnos que atravessam manhãs, tardes e noites», o que resulta, por vezes, em cansaço físico e emocional acrescido para os estudantes.

 

AE pede apoios que promovam “o bem-estar de quem irá dedicar a sua vida a cuidar”

Com um discurso mobilizador, dando conselhos aos colegas de cada um dos quatro anos do curso de licenciatura, Tiago Saldanha não deixou de alertar para as exigências dos ensinos clínicos: «Vivemos intensamente o cuidar, mesmo enquanto estamos a aprender a cuidar. Enfrentamos uma carga horária exigente e uma realidade que, muitas vezes, nos afasta de amigos, famílias e até de nós próprios. Mesmo em momentos festivos, são muitos os que permanecem em ensino clínico, representando silenciosamente o compromisso e a responsabilidade desta profissão».

Referindo-se ao facto de «diversos estudantes» terem ensino clínico em instituições fora de Coimbra, «distantes das suas rotinas e dos seus círculos de proximidade, o que tende a dificultar a preservação de uma rede de apoio emocional consistente», Tiago Saldanha defendeu que é «fundamental reconhecer que a salvaguarda da saúde mental e emocional é condição indispensável ao exercício pleno da Enfermagem, pois o cuidado prestado ao outro tem sempre origem no cuidado do próprio».

Nesse contexto, disse não esperar da integração na Universidade de Coimbra «apenas o reforço do prestígio institucional, mas também a criação de mecanismos de apoio acrescido aos estudantes, oportunidades que tornem o percurso formativo mais equilibrado, mais humano e mais atento ao bem-estar de quem irá dedicar a sua vida a cuidar».

 



[2025-10-13]


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