Vivemos numa era de profundas transformações sociais, tecnológicas e culturais que impactam diretamente a forma como os serviços de saúde são concebidos, organizados e prestados. No século XXI, o setor da saúde enfrenta desafios complexos e interligados: envelhecimento populacional, doenças crónicas, desigualdades no acesso aos cuidados, crises de saúde pública, avanços tecnológicos acelerados e uma exigência crescente por maior humanização nos cuidados. Neste cenário multifacetado, torna-se evidente que o sucesso de qualquer sistema de saúde depende, cada vez mais, da eficácia das equipas multidisciplinares, da comunicação estratégica entre os seus membros e da inteligência colaborativa no processo de tomada de decisão.
As equipas de saúde do século XXI já não podem ser pensadas como grupos hierarquicamente estruturados, com fluxos de comunicação unidirecionais e relações profissionais rígidas. O modelo tradicional dá lugar a novas formas de organização que valorizam a horizontalidade, a integração de saberes e a autonomia partilhada. Médicos, enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos, assistentes sociais, terapeutas e outros profissionais de saúde são agora chamados a atuar de forma mais conectada, empática e estratégica, orientando-se por objetivos comuns e colocando o utente no centro do cuidado.
É neste contexto que a comunicação estratégica se revela não apenas como uma ferramenta, mas como uma competência essencial para o bom funcionamento das equipas. Trata-se de um tipo de comunicação intencional, orientada para objetivos claros, capaz de facilitar a coordenação de ações, prevenir conflitos, promover a transparência e fortalecer o espírito de cooperação entre os diversos atores envolvidos. Ao mesmo tempo, a inteligência colaborativa – entendida como a capacidade de um grupo de produzir conhecimento e soluções superiores àquelas que cada membro conseguiria individualmente – surge como um diferencial competitivo e ético, capaz de transformar contextos de incerteza em oportunidades de inovação e melhoria contínua.
As organizações de saúde são organizações complexas, onde a maioria dos serviços adota o trabalho em equipa (World Health Organization, 2010).
As projeções desenvolvidas pela WHO e pelo Banco Mundial apontam para a criação de aproximadamente 40 milhões de novos empregos em saúde e assistência social globalmente até 2030, e para a necessidade de mais 18 milhões de profissionais de saúde, principalmente em locais com poucos recursos, para alcançar uma ampla e efetiva cobertura de serviços de saúde, necessários para garantir uma vida saudável para todos (WHO, 2016).
As estratégias a adotar inscrevem-se num novo paradigma quer na adoção de modelos inclusivos de cuidados, quer na reorientação dos sistemas e serviços de saúde para uma abordagem mais colaborativa entre as equipas e os diferentes níveis de cuidados, quer no aproveitamento do potencial da inovação tecnológica.
Contudo, a mera disponibilidade de profissionais de saúde não é suficiente. São necessários investimentos no potencial da “força de trabalho em saúde” , entre eles a formação.
O Despacho n.º 6417/2022, do Gabinete da Ministério da Saúde, define os eixos estratégicos da política de recursos humanos do Serviço Nacional de Saúde, e cria os respetivos mecanismos de operacionalização. Por sua vez, recomenda que “as lideranças, políticas e organizacionais, terão que estar comprometidas, não só com a resposta ao presente, mas também com a preparação do futuro. E a gestão das pessoas é uma das áreas prioritárias, pois os profissionais de saúde, que são decisivos para a eficácia das organizações, (…) são sistematicamente confrontados com novos desafios, o que implica a necessidade relativamente ao desenvolvimento de um Programa de Gestão Estratégica dos Recursos Humanos do Serviço Nacional de Saúde, refere que o desenvolvimento de competências dos profissionais do SNS, são necessárias a modelos renovados de funcionamento, ... e que exigem novas competências de liderança que envolvam os trabalhadores.
Considera ainda a importância de melhorar os ambientes e o bem-estar no trabalho como fator de satisfação e compromisso dos trabalhadores, o plano de desenvolvimento de competências de liderança e a implementação de sistemas de comunicação e participação para o envolvimento dos trabalhadores do SNS, promovendo ativamente os valores e a cultura organizacional e aumentando a satisfação e compromisso.
As equipas interdisciplinares em saúde enfrentam um conjunto de desafios com que as equipas têm de lidar, uma vez que há a necessidade de integrar diferentes profissionais e conhecimentos especializados, planear e tomar decisões, e simultaneamente prestar cuidados em contextos complexos. Assim, o trabalho em equipa é determinado pela comunicação, pela coordenação, pelo equilíbrio da contribuição dos membros, pelo suporte mútuo, pelo esforço e pela coesão. Nunca como hoje, as equipas são constituidas por profissionais de diversas gerações, que não obstante term de ser vistos com a especificidade do seu estágio de vida, podem trazer resultados relevantes, e pontos de vista diferentes de trabalhar.
É, contudo, necessário que todos sejam coopernates, estejam empenhados e alinhados com o propósito da equipa e da instituição.
Investigação levada a cabo por Kjellström e colaboradores (2017), demonstrou que caracteristicas do trabalho colaborativo, como o espírito de interajuda, o apreço e apoio entre colegas parecem estar na base da motivação l. Por sua vez, esta focaliza-se nos objetivos e na melhoria contínua, na proximidade com os gestores, n o estímulo da criatividade, na responsabilidade, na exigência e autonomia nas decisões, e na formulação de objetivos bem como soluções para os alcançar.
Este Curso insere-se no Programa de Investimento RE-C06-i03 - Incentivo Adultos, do Projeto Living the Future Academy (LFA) - Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
- Data: 10 de junho a 11 de julho 2025;
- Local: Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Polo A, sala 1.1
- Número de horas totais: 54 horas (2 ECTS)
- Prazo de Candidaturas: até às 13h00 (GMT) do dia 03/06/2025
Mais informações e inscrições: AQUI
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Este Curso insere-se no Programa de Investimento RE-C06-i03 - Incentivo Adultos, do Projeto Living the Future Academy (LFA) - Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).