O professor Alberto José Barata Gonçalves Cavaleiro construiu um protocolo de avaliação da atividade motora da pessoa idosa após AVC, que vem permitir a recolha de informação em vários domínios (físico-funcional, psicológico, espiritual e social).
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Este é o grande contributo da investigação do professor da ESEnfC, no âmbito do trabalho de doutoramento em Ciências de Enfermagem, cuja tese (“Atividade motora da pessoa idosa após AVC. Desafios e contributos de Enfermagem”) defendeu, no dia 13 de maio de 2013, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto. Denominado Protocolo de Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa após Acidente Vascular Cerebral (PAMPI-AVC), este instrumento foi submetido a um «processo de refinamento», explica o professor Alberto Barata, tendo sido analisados aspetos como a «capacidade discriminante de cada item» e a «redundância entre itens». |
Foram, ainda, realizados «estudos de análise fatorial» e avaliada a «consistência interna» do protocolo, o qual revelou boas propriedades psicométricas.
Considera o investigador da ESEnfC que, ao avaliar os vários domínios, «o PAMPI-AVC vai permitir implementar ações terapêuticas no sentido de dar respostas mais adequadas às necessidades das pessoas», justamente porque cruza informações de diferentes esferas de análise.
«Espera-se que das futuras ações de Enfermagem surjam ganhos em saúde mensuráveis» e «um contributo claro, objetivo e concreto para o bem-estar individual, das famílias e das comunidades de pessoas idosas após acidente vascular cerebral», afirma o professor Alberto Barata.
Note-se que o PAMPI-AVC vai permitir avaliar, tanto a perceção que o doente tem das dificuldades por que passa, como a que o profissional de saúde reconhece, no sentido de verificar a existência de eventuais desajustamentos entre a necessidade e as ações terapêuticas a implementar.
Dificuldades de visão e incómodo com “muita gente à volta”
Numa avaliação feita a 88 pessoas idosas após acidente vascular cerebral (através do PAMPI-AVC), o investigador da ESEnfC verificou que, para uma grande maioria delas, o estado de visão se deteriorou significativamente: a “dificuldade de ver coisas que estavam ao seu lado”, identificada, antes da doença, por 6,7% dos inquiridos, passou a ser percecionada por 68,1% da amostra do estudo.
Por outro lado, 45,4% dos indivíduos avaliados referiram perturbar-se com muita gente à sua volta, enquanto 23,9% disseram sentir-se desorientados.
Cerca de 38% destas pessoas idosas, em processos de transição de saúde para a doença e de reabilitação (em instituições da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados no distrito de Coimbra), percecionaram o respetivo estado de saúde como mau ou muito mau.
De acordo com o investigador da ESEnfC, foi, ainda, possível identificar outro tipo de alterações no domínio físico-funcional: as médias de força muscular foram reduzidas nas 88 pessoas idosas, um terço das quais disse sentir dor (valores superiores a 5 numa escala de 1 a 10).
O “domínio” do espiritual
Registe-se que a população idosa estudada valoriza, em primeiro lugar, o domínio espiritual (75,30 em 100) e só depois os domínios social (61,90 em 100), psicológico (53,74 em 100) e físico-funcional (33,15 em 100).
Apesar disso, dentro destes quatro domínios, a subcategoria da categoria “Relações de Proximidade” com pontuação mais alta é a “perceção da relação com os serviços de saúde” (84,38 em 100), acima da categoria “religiosidade” (77,43 em 100) e da “positividade do sentido de vida” (72,37 em 100).
APROVADO COM DISTINÇÃO POR UNANIMIDADE
O júri das provas de doutoramento que o professor Alberto José Barata Gonçalves Cavaleiro prestou no ICBAS foi composto pelas professoras Corália Vicente (presidente), Maria Nilza Guimarães Nogueira, Maria Manuela Ferreira Pereira da Silva Martins e Constança Paúl.
Foram orientadores do doutoramento a professora Zaida de Aguiar Sá Azeredo e o professor Paulo Joaquim Pina Queirós (coorientador).
O professor Alberto Barata foi aprovado com distinção por unanimidade.
