«No limite, poderemos ter professores muito citados, mas que os estudantes não conhecem»
O Presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Fernando Amaral, considera «urgente» a tarefa de reformular a «grelha de avaliação» dos docentes, de modo a promover «o mérito», mas a valorizar, «de igual modo, as várias dimensões do trabalho» que realizam, sob pena de, «no limite, podermos ter professores muito citados, mas que os estudantes não conhecem».
A preocupação, demonstrada na cerimónia de abertura das aulas na ESEnfC, ocorrida no dia 10 de outubro, surge depois de também o professor de Medicina, Duarte Nuno Vieira, que Fernando Amaral citou, se ter referido ao mesmo assunto (aquando da abertura do ano letivo na Universidade de Coimbra), ao falar de uma «avaliação docente cada vez mais enfeudada ao número de publicações, de citações e fatores de impacto».
O Presidente da ESEnfC manifestou, por isso, vontade de «promover uma reflexão séria sobre as métricas que têm valorizado mais uma componente do trabalho docente do que outras e que, paulatinamente, têm contribuído para um sentimento de degradação da componente letiva e da qualidade do ensino». Salientando que tal situação «pode retirar do contacto com os estudantes os nossos melhores professores».
Ao anunciar que a ESEnfC vai entrar «num novo ciclo avaliativo», que, naturalmente, também inclui a apreciação do desempenho de corpo técnico da instituição (por via do SIADAP), Fernando Amaral notou que a Escola vai «levar a cabo uma revisão» de «critérios e indicadores».
«Legitimamente, cada um de nós quer sentir que o seu trabalho é reconhecido e que esse reconhecimento tem repercussões, nomeadamente na subida de escalões. Quanto mais orientado e balizado estiver este processo, mais claro será e menos descontentamento haverá», sublinhou o Presidente da instituição.
Outro «problema» a que urge «lançar mão», segundo referiu o dirigente máximo da ESEnfC, prende-se com «os sistemas de informação».
Para Fernando Amaral, «a informação é cada vez mais um recurso que tem de ser bem gerido e isso só se consegue com sistemas robustos, amigáveis para o utilizador, seguros e promotores da eficiência na produção».
Durante o discurso que proferiu na sessão solene de abertura das aulas, o Presidente da ESEnfC saudou docentes, não docentes e estudantes, «desejando que o ano letivo seja vivido em alegria, com espírito comunitário de união» e que a todos aproxime «na consolidação dos valores que sempre nortearam» a instituição, como a «promoção de uma atitude humanista», a «abertura e centralidade nas pessoas», ou a «inclusão e participação democrática».
Os desafios para garantir a qualidade da oferta formativa e a atratividade futura, os investimentos nas infraestruturas da Escola, ou a preocupação com um futuro «que se avizinha» que «não será fácil» – alusão ao «crescimento brutal da despesa por via da inflação e dos preços da energia» –, foram outros pontos do discurso de Fernando Amaral.
Na sessão de abertura das aulas, intervieram, ainda, a presidente do Conselho Geral da ESEnfC, Catarina Resende de Oliveira, e a vice-presidente da Associação de Estudantes, Bárbara Pereira Sousa.
Coube à professora Helena Quaresma, especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, proferir a lição de sapiência, intitulada “Tornar a saúde mental e o bem-estar para todos uma prioridade global”.
A cerimónia terminou com a entrega dos prémios de mérito académico Marta Lima Basto, dirigidos a estudantes da licenciatura em Enfermagem com as melhores médias e à aluna que, no Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior de 2022, entrou com a maior classificação.
[2022-10-13]
